Em 2020, uma das consequências da pandemia de Covid-19 foi "empurrar" a digitalização das nossas vidas. O turismo, um dos setores que sentiu maior impacto das medidas de distanciamento social, teve na tecnologia um aliado para, entre outras coisas, recriar a experiência de conhecer locais à distância, quer como prepararação da viagem, quer em alternativa.
A X-Plora, uma startup que utiliza tecnologias imersivas para guiar os visitantes ao longo da sua visita de uma forma mais interativa, entrou no mercado cerca de seis meses antes de Portugal declarar o primeiro estado de emergência, a 13 de março de 2020. Tudo correu bem no lançamento, a começar por terem angariado a primeira ronda de investimento ao primeiro pitch. E, na verdade, apesar de um ano a todo os títulos atípicos, 2020 c0ntinuou a correr bem, tendo a startup conseguido a distinção como uma das 20 startups mais inovadoras do ano para o Nest - Centro de Inovação do Turismo.
O que faz a X-Plora? No percurso de um visitante, seja numa cidade, num museu ou noutra infraestrutura, a startup desenvolve apps com funcionalidades como georreferenciação, realidade aumentada e virtual, som 3D, gamificação e visitas inclusivas para os diferentes perfis de visitantes (determinada pela localização exacta, perfil e interesses do utilizador) para elevar a experiência a outro nível. Por exemplo, se estiver à frente de um quadro num museu a aplicação irá enviar-lhe informação específica sobre o mesmo. Ou até mesmo fazer com que "entre" dentro do quadro e consiga analisar a pintura ao detalhe.
“Conseguimos no fundo dar oportunidade às pessoas de conhecer a história daquilo que está de uma forma estática à nossa frente através de vídeos, realidade aumentada”, relata uma das fundadoras da empresa, Mafalda Ricca.
Além disso, para manter as pessoas interessadas e "presas àquilo que lhes estão a contar", os guias virtuais enviam perguntas aos visitantes e lançam desafios relacionados com o tema ou exposição que estão a ver.
Para Mafalda Ricca, a X-Plora trouxe ao mercado algo que ainda não existia. “No mercado existiam algumas apps que serviam de guia para o turismo, mas umas tinham algumas das tecnologias que nós também tínhamos (não todas) e outras não tinham a tecnologia mas tinham conteúdo bons e narrativas interessantes”, refere a CEO. A X-Plora junta a duas dimensões num só produto.
É desta combinação entre a tecnologia e a criatividade que surge um novo valor de dinamismo, imersão e acima de tudo informação ao turismo. “Permite-nos ter experiências muito mais completas, mas também explorar outros mundos que não temos oportunidade de explorar em visitas tradicionais e que seriam completamente impossíveis sem a ajuda da tecnologia”, afirma a diretora executiva.
De entre os vários projetos que já fizeram, destacam-se dois mais emblemáticos: os guias do estádio do SL Benfica e da cidade de Almeida.
“Fizemos a aplicação que guia os visitantes ao estádio (do SL Benfica), fazendo com que a visita se torne muito mais viva. O que acontece hoje em dia é que quando visitamos um estádio de futebol, visitamos sem jogo e, portanto, que bom que é entrar no estádio e ouvir na mesma as claques e sentir na mesma à nossa volta, através de experiências imersivas, que aquela bancada se está a encher”, conta Mafalda Ricca.
Já quanto à cidade de Almeida, trouxeram de volta, através da realidade aumentada, o castelo que tinha sido destruído pelas invasões francesas no século XIX. “Faz-nos viajar um bocadinho no tempo quando se visita esta aldeia tão fantástica”, diz a diretora executiva.
Em 2021, a X-Plora quer expandir-se para Inglaterra, Alemanha, Bélgica e Irlanda, apostando mais nos museus e centros de visita destes países.
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