Com ilustrações de Danuta Wojciechowska, a narrativa acontece quando "o bater das asas era o único ponteiro do tempo" e a "chuva esqueceu-se de acontecer", provocando a seca do vale onde vivem as águias.

Numa escrita poética, Mia Couto conta o que fizeram as águias para vencer a sede e devolver a água ao vale e às montanhas, recorrendo à diversidade linguística e vocabular que caracteriza a obra do escritor.

"A mais velha das águias decidiu enfrentar aquela desgraça. Eis o que ela fez: Foi ao seu nome e devorou a letra i. De imediato, a palavra águia se converteu em água. E a ave bebeu daquela água", escreveu Mia Couto.

"A água e a águia" revela uma nova colaboração visual entre Mia Couto e a ilustradora Danuta Wojciechowska, depois de obras para a infância como "O beijo da palavrinha", que soma 12 edições, "O menino no sapatinho" e "O gato e o escuro", que já teve dez edições.

Mia Couto, nascido em Moçambique em 1955, tem publicada obra em poesia, conto, crónica e romance.

Prémio Camões em 2013, Mia Couro é autor, entre outros, de "Jesusalém", "O Último Voo do Flamingo", "Vozes Anoitecidas", "Estórias Abensonhadas", "Terra Sonâmbula", "A Varanda do Frangipani" e "A Confissão da Leoa".

Para os mais novos escreveu ainda "A Chuva Pasmada" ou "O Outro Pé da Sereia".

Danuta Wojciechowska, canadiana há muito radicada em Portugal, é autora e ilustradora de livros para a infância, quase todos com uma temática fortemente ligada à natureza, mas o trabalho visual estende-se também ao design gráfico.

Prémio Nacional de Ilustração 2003 e candidata ao Prémio Hans Christian Andersen, Danuta Wojciechowska já ilustrou obras de Ondjaki, José Eduardo Agualusa, Álvaro Magalhães, Alice Vieira, Lídia Jorge ou Luísa Ducla Soares.