Prefácio

Há alguns anos, em conversa com a Dra. Taz sobre fazer cinquenta anos, ela disse-me que encarava essa idade como o culminar da primeira parte das nossas vidas e uma oportunidade de refletir e decidir como queremos viver a próxima metade. A Taz descreveu este capítulo das nossas vidas como a viagem para nos tornarmos quem somos – descobrir a nossa verdadeira alma, a nossa essência, o nosso objetivo ao estar aqui.

O trabalho da Taz como profissional de integração e especialista em hormonas é tão extraordinário porque a sua abordagem abraça a ideia de que, como ela diz, estamos a alcançar o nosso poder e a nossa verdade. E, ao mesmo tempo, compreende profundamente que precisamos de diferentes tipos de apoio para navegar nestas últimas fases da existência com vitalidade. Muitas de nós debatem-se com alterações hormonais que conduzem à perimenopausa e à menopausa. Não há forma de contornar esta viagem, mas, felizmente, podemos fazer muito para a tornar mais suave.

Em A Transformação Hormonal, a Dra. Taz começa por ajudá-la a compreender como as suas hormonas funcionam e como otimizá-las de modo a sentir-se no seu melhor. A sua caixa de ferramentas é grande e está cheia de nuances, mas as alavancas que ela a ensina a manipular são muitas vezes abençoadamente simples. Por vezes, como a Taz percebeu de forma reiterada, apenas alguns ajustes aqui e ali fazem realmente toda a diferença.

Pensando na conversa que tivemos há alguns anos, lembro-me de a Taz me dizer que não aceitava a presunção de que as mulheres estão acabadas a partir de uma certa idade, porque ela própria ainda tinha muito para fazer. Desde essa conversa, entrei nos meus cinquenta anos – e ainda há muito que espero fazer. Tal como Dra. Taz e as suas pacientes, as minhas amigas e muitas mulheres que conheço, todas elas querem sentir-se vitais enquanto o fazem – mesmo quando esse «o» significa aceitar um convite para aquietar e abrandar um pouco.

Tanto eu como a Taz achamos que se deve descartar a ideia de que as mulheres morrem aos cinquenta (ou aos quarenta, ou sessenta, ou em qualquer idade). E, mais ainda, acreditamos que temos de abraçar o novo e empolgante potencial que existe dentro de cada uma de nós nas nossas últimas décadas – um tipo de poder a que a maioria das mulheres não teve acesso nos anos de juventude.

Estou muito grata por a Taz nos ter oferecido este livro. Engloba o tipo de conversa que muitas de nós têm estado ansiosas e curiosas por ter sobre hormonas, envelhecimento e vitalidade. Descreveinformação sobre os nossos corpos a que todas as mulheres deveriam ter acesso, muito antes de atingirem a perimenopausa – para que possam passar pelas primeiras alterações hormonais com mais facilidade e até ansiar pelas posteriores, em vez de as temer.

Tânia Ganho junta-se ao É Desta Que Leio Isto no próximo encontro, marcado para dia 19 de setembro, uma quinta-feirapelas 21h00. Consigo traz o seu livro de memórias "O Meu Pai Voava", editado pela D. Quixote.

Para se inscrever basta preencher o formulário que se encontra neste link. No dia do encontro vai receber, através do WhatsApp — no nosso canal —, todas as instruções para se juntar à conversa. Se ainda não aderiu, pode fazê-lo aqui. Quando entrar no canal, deve carregar em "seguir", no canto superior direito, e ativar as notificações (no ícone do sino).

Este é o regresso da autora ao clube, onde esteve em 2021 para falar sobre o aclamado "Apneia", romance que foi um sucesso junto da crítica e dos seus leitores. Agora, a conversa vai centrar-se na obra que chegou às livrarias em julho, "O Meu Pai Voava", um relato pessoal que é, em simultâneo, um tributo a um pai.

Saiba mais sobre a autora e o livro aqui.

Outra mulher sábia, quinze anos à minha frente, disse-me que o último terço da vida de uma mulher é a altura em que ela se dá à luz a si própria – quando finalmente é mãe de si própria. A Mudança Hormonal é um belo guia para esse esforço meritório, um manual para nos ajudar a compreender a melhor forma de nos cuidarmos e nutrirmos e de sermos amáveis connosco próprias. É também um lembrete extraordinário do incrível impacto que podemos ter nas nossas próprias relações e no mundo em geral quando o fazemos.

Gwyneth Paltrow, fundadora e diretora-executiva de goop

Introdução

Uma estranha no espelho. Já alguma vez se olhou ao espelho e não reconheceu a pessoa que está a ver? A mulher que olha para si pode parecer-lhe estranha, com um corpo diferente daquele que conhece e ama. Ou então a pelepode estar mais baça, o cabelo, mais fino; pode haver gordura na barriga que nunca viu antes. Talvez esta visão lhe deixe a mente toldada e as emoções voláteis. Talvez sinta que a sua energia não se encontra num nível tão elevado como habitualmente. Ou então não se lembra da última vez que dormiu uma noite inteira. Tudo isto deixa-a a pensar...

O que se está a passar?

E depois apercebe-se… Ahhh… Devo estar a envelhecer.

Esta é a maior mentira que alguma vez foi contada às mulheres, e foram precisas centenas, talvez mesmo milhares de anos para urdir todos os seus elementos. E ainda hoje acreditamos nela.

Gostaria de poder contar o número de vezes que estas palavras (ou uma variação delas) me foram ditas pelas mulheres que encontro todos os dias no meu consultório no CentreSpringMD, pelas mulheres da minha comunidade e por outras, entre os públicos para quem falo. Ouvi estas palavras vezes sem conta durante os últimos quinze anos da minha prática clínica. Quer as mulheres tenham trinta ou cinquenta anos, usam a mesma frase, a mesma linguagem; é quase como se me estivessem a observar, à espera de ver quanto tempo vou demorar a ceder e a acenar com a cabeça em sinal de anuência. Devemos estar a ficar velhas, não é? De que outra forma podemos explicar a desconhecida que vemos no espelho – aquela imagem transformar-se lentamente numa versão irreconhecível e sem brilho do nosso antigo eu? É o envelhecimento; é normal. É a entrada na perimenopausa e na menopausa da nossa mãe, a altura em que a roupa tem de ser maior, em que se espera que os nossos músculos desapareçam. Aqueles abdominais, bem, são coisa do passado, certo?

Errado! É essa a armadilha a evitar.

Enfrentamos perto de 250 anos, se não mais, de condicionamento quando tentamos combater esta velha narrativa. Mas a perimenopausa e a menopausa da sua mãe, da sua avó e da sua bisavó não são a sua história. A bem dizer, também não deveriam ser a delas. Quando a esperança média de vida das mulheres era de sessenta anos, era compreensível aproximarem-se da marca dos cinquenta anos com algum receio. Porém, quando a maioria das mulheres vive além dos oitenta, ou mesmo dos noventa, ter cinquenta não é serem velhas.

Durante demasiado tempo, a perimenopausa e a menopausa foram relegadas para a sombra. Há algo na chegada a esta fase da vida que tem sido encarado como uma admissão de derrota ou deirrelevância. Não ajuda o facto de os sintomas hormonais estereotipados serem fáceis de ridicularizar – são alvo de constantes piadas nos meios de comunicação social e até por parte de entes queridos. Como resultado, as mulheres tentaram esconder esses sintomas porque não queriam que as pessoas soubessem que estavam a passar por eles. Penso que, nas suas cabeças, o reconhecimento destes sintomas por parte das mulheres era uma confissão de que, de facto, poderiam ser velhas.

A verdade é esta: a idade é mesmo um número. As nossas hormonas mudam ao longo da vida, como é natural, e a forma como lidamos com essas mudanças leva-nos ao alinhamento da alma. Atualmente, muitas mulheres não sabem que existem inúmeras formas de navegar pelas mudanças hormonais – e que existem maneiras de trabalhar com as suas hormonas para alcançar o equilíbrio e minimizar esses sintomas. Isso só é verdade se compreendermos que as alterações hormonais são transições – transições que vêm com uma dádiva e uma lição que nos aproximam da realização do nosso objetivo. E quem quer manter essa dádiva e essa lição presas ou escondidas?

Embora me cruze todos os dias, no meu consultório, com muitas mulheres que caíram nessa armadilha da velhice, um número igual está a exigir uma forma melhor. E é isso que lhes posso oferecer. Com ajuda, reerguem-se, mais fortes, mais confiantes e mais saudáveis. Tornam-se as suas próprias defensoras e são o testemunho do simples facto de que, como a investigação está a provar, a idade é apenas um número.

A minha história

Sinto-me muito empenhada em reescrever esta narrativa secular porque também já passei por isso – passei por aquilo a que chamo Inferno Hormonal, sentindo-me uma sombra de mim própria. Sei como esse sentimento pode afetar por completo a nossa vida, incluindo todas as decisões que tomamos. Se tivesse permanecido nesse lugar, de certeza que não teria sido suficientemente vibrante para falar em público, para gerir empresas ou mesmo para ter relações construtivas.

Livro: "A Transformação Hormonal"

Autor: Dra. Tasneem Bhatia

Editora: Casa das Letras

Data de Lançamento: 27 de agosto de 2024

Preço: € 18,90

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Em 1997, eu tinha vinte e oito anos e correspondia ao estereótipo clássico do adrenalinodependente. Depois de terminar os estudos na Faculdade de Medicina da Geórgia, em Augusta, aceitei um emprego na ala das urgências de um hospital movimentado em Atlanta, a tratar de ferimentos, infeções e traumatismos terríveis, com um horário insano que não diferenciava o dia da noite. Não havia «equilíbrio entre trabalho e vida pessoal»; era só trabalho, o tempo inteiro. E isso significava uma vida pessoal ainda mais difícil. Estava a queimar a vela de ambos os lados e a tentar mantê-la de pé – ou assim pensava. E depois tudo começou a correr mal.

Do nada – era o que parecia –, o meu cabelo começou a cair. Engordara, e doíam-me os joelhos. As infindáveis chávenas de café não me ajudavam a vencer o cansaço que sentia todos os dias.

Mas que ***** se estava a passar?!

Eu era a última pessoa a reconhecer que tinha um problema (isso significaria vergonha e culpa, plenamente reveladas!). Era jovem, acabada de sair da faculdade, com um emprego bem remunerado (finalmente); nem pensar em permitir que a minha saúde me atrapalhasse.

Acabei por aprender da maneira mais difícil que nunca, mas nunca, podemos ignorar a nossa saúde. Na altura, namorava com o homem que viria a ser meu marido, e foi preciso que ele e a minha mãe, e até os doentes das urgências, me dessem um abanão na consciência. Por exemplo, apanhei os doentes a olharem para o meu couro cabeludo, que estava agora manifestamente exposto. Os mais ousados perguntavam-me à queima-roupa de que doença sofria ou se fora a um médico para me tratar. Imagina isto? Os pacientesque precisavam da minha ajuda nas urgências diziam-me para procurar ajuda!

Então, marquei algumas consultas. Iniciei a viagem, aquela que milhares dos meus doentes também fizeram. Médico após médico ouviu-me descrever detalhadamente os meus sintomas e, depois de uma avaliação, anunciaram que eu estava bem.

Não está tudo em ordem.

Está stressada.

Está tudo bem consigo.

Repetidamente, recebi a derradeira rejeição paternalista, a maior mentira que todas as mulheres escutam, apesar de eu própria ser médica! Depois das primeiras consultas, pensei: Muito bem, talvez tenha sido apenas uma má experiência. Vou tentar outra vez. Finalmente, o sexto especialista olhou para mim e disse: «minha menina, é muito provável que fique totalmente careca dentro de alguns anos. Tome, vá aviar esta receita. Se não fizer este tratamento, não sei que mais posso fazer por si.»

Nessa altura, já estava farta e furiosa. Furiosa com aquele médico com os modos de um Átila, o Huno, de trazer por casa. Furiosa com todos os outros médicos que não se davam ao trabalho de se interrogar. E furiosa comigo mesma por não ter solução para o problema. Mas não sabia que mais fazer, porque a minha formação era em pediatria e medicina de urgência – além disso, não tinha tempo (ou pelo menos assim pensava) para mergulhar profundamente na minha própria saúde.

Sabia que precisava de descobrir a causa dos meus sintomas, mas tudo o que os médicos me ofereciam eram pensos rápidos. Entretanto, o meu cabelo continuava a cair.

Assim sendo, tomei o medicamento, que era conhecido por causar uma descida na tensão arterial. Eu já tinha uma tensão arterial cronicamente baixa, mas nenhum dos seis especialistas que consultara se dera ao trabalho de me interrogar sobre o assunto. Sim, sou médica. Sim, devia ter lido as letras miúdas da receita para verificar se havia contraindicações, mas eu já me encontrava num estado emocional muito comprometido e não estava a pensar de forma clara. Depois da minha primeira dose do medicamento, de manhã, fui para o ginásio e fiz exercício, meti-me no carro e fui-me embora. A tensão arterial baixou, desmaiei e tive um acidente. Estive prestes a embater noutras pessoas e a colocá-las (e a mim própria) em perigo.

Não era tarde nem cedo. Estava farta. Bastava. Em retrospetiva, estou grata àqueles seis médicos paternalistas, porque a sua indiferença e incapacidade de me tratar, a par da minha desilusão com o sistema em que me formei, permitiu-me alterar completamente a minha atitude e transformar a minha prática.

Vou ter de ser eu a resolver isto, percebi. Comecei a procurar respostas. Desta vez, estava por minha conta, alimentada pela frustração e pela determinação de me curar. Depois de ter estudado nutrição mais a fundo, mergulhei na medicina aiurvédica e na medicina tradicional chinesa e aprendi rapidamente que os meus sintomas debilitantes eram provavelmente causados por um desequilíbrio hormonal desencadeado por stresse emocional, traumas, maus hábitos alimentares e um estilo de vida prejudicial.

Em suma, a medicina convencional e a abordagem farmacêutica de tamanho único tinham falhado comigo; era necessária uma abordagem mais holística. Comecei a utilizar os recursos oferecidos pela Associação Americana de Saúde Holística, e a minha mente abriu-se a uma forma de pensar totalmente nova. Fiquei ainda mais curiosa relativamente aos sistemas da medicina oriental e obtive certificações em acupunctura e aiurveda. Estudei nutrição e completei os requisitos para me tornar especialista certificada nessa área. Mas o que realmente me deu a confiança para praticar este estilo diferente de medicina foi a minha bolsa de estudos em Medicina Integrativa com o Dr. Andrew Weil. Esta bolsa abriu-me a mente para a perspetiva de combinar diferentes pensamentos e sistemas médicos, em vez de confiar numa só filosofia de modo a obter todas as respostas.

Por exemplo, aprendi que, quando se combina a medicina ocidental tradicional com outros sistemas médicos, obtém-se uma fórmula poderosa não só para perceber como cuidar de si próprio mas também para abordar os diferentes aspetos dos nossos múltiplos corpos – emocional, mental, espiritual, físico e energético. A fusão de vários sistemas de medicina reúne a nutrição, o estilo de vida e os fatores emocionais, tendo em consideração a forma como estes influenciam a biologia humana – hormonas, saúde intestinal e muito mais. E, continuando a trabalhar com os pacientes, percebi que o papel da disfunção hormonal na saúde em geral era profundo: tem impacto em quase todos os outros sistemas do corpo, mas não é habitualmente considerado na prática clínica. E esta rejeição, negligência – o que quer que lhe queiram chamar – deixa as mulheres a sentirem-se confusas, derrotadas e… velhas. A cada uma dessas mulheres recordo, gentilmente: O problema não é a senhora. São as suas hormonas!

A forma como nos sentimos fisicamente tem um impacto direto nas comunidades que mantemos unidas – os nossos entes queridos e aqueles que influenciamos. O que quero dizer é que, se partirmos desta sensação de menos para os nossos relacionamentos, filhos ou locais trabalho, isso tem consequências devastadoras não só para as nossas vidas mas também para as de todos aqueles que tocamos. Pense nisso: quantas relações sofrem da fricção dos sete anos ou do desinteresse dos dezoito? Muitas vezes, são alturas em que ocorrem mudanças hormonais críticas na família. Acontece às mulheres com filhos pequenos, normalmente entre os trinta e os quarenta anos (os anos da perimenopausa), ou às mulheres entre os quarenta e os cinquenta anos (na menopausa). Será uma coincidência? Não me parece.

Felizmente, as mulheres de hoje estão fartas dessa narrativa estafada da «mulher hormonal». Vejo adolescentes e mulheres grávidas falarem abertamente com as amigas sobre os seus sentimentos, a primeira menstruação, as alterações do seu corpo durante a gravidez e as suas oscilações de humor. Mas ainda não existe a mesma abertura quando as mulheres passam pela perimenopausa e pela menopausa. Em vez disso, muitas mulheres sentem que precisam de se esconder ou fazem segredo daquilo por que estão a passar durante estas fases – algo que guardam e não deixam transparecer.

Aprendi que o caminho para a cura começa sempre por si – a paciente – e pelo ponto em que se encontra no percurso da vida. Ao compreender as suas hormonas e a forma como elas mudam ao longo da sua vida, pode também entender os anos da perimenopausa e da menopausa pelo que eles são: apenas duas das muitas mudanças que ocorrem. Nunca, mas nunca deve ter medo ou vergonha disto; é apenas algo que precisa de compreender melhor sobre o seu corpo e a sua saúde.

É um momento a aproveitar para agradecer as lições, as vitórias e os sucessos – a viagem que nos trouxe a todas a um lugar de chegada plena. É um momento em que as mulheres devem ser celebradas por assumirem o seu poder, por receberem finalmente a sua coroa e por reconhecerem a sua ascensão ao trono da realeza no feminino. É a sua coroação, por assim dizer.

Por isso, imaginem-se a entrar na sua. Tudo o resto foi um ensaio geral, ou talvez tenha estado sentada nas linhas laterais. Mas, depois de fazer uma audição uma, duas e talvez até três vezes, consegue o papel de protagonista no drama que é a sua própria vida – ou pelo menos é assim que deve ser.

Esta é a sua oportunidade de reivindicar esse poder e dar o pontapé de saída. No entanto, isto só pode acontecer se compreender a sua própria história hormonal e a influência dessas hormonas em todos os aspetos da sua saúde. Este livro foi concebido para a ajudar a fazer exatamente isso: alcançar a plena expressão do seu poder, sentir-se incrível na sua própria pele, ter o melhor sexo da sua vida e irradiar confiança.

Juntas, iremos enterrar as coisas tolas que a incomodavam antes. E, se chegou a um lugar onde não está feliz, também não faz mal; este livro vai dar-lhe força para ultrapassar o que a está a impedir. Já vi muitas mulheres renascer verdadeiramente, apesar de terem assumido que as cortinas estavam fechadas e que o espetáculo acabara. Observei, com o orgulho de uma mentora e a energia de uma líder de claque, mulheres outrora derrotadas encontrarem a força para fundar empresas, escrever livros, criar podcasts, pôr fim a relações insatisfatórias ou fazer a diferença nas suas comunidades ou em áreas carenciadas. E não tem de ser difícil ou complicado, como vos mostro no meu Plano de Reequilíbrio Hormonal de Trinta Dias.

Uma abordagem holística à saúde da mulher

Estou aqui para mudar o diálogo, a perceção e a narrativa sobre a saúde da mulher e as mudanças hormonais que todas as mulheres experimentam, especialmente as que estão a caminho da perimenopausa e da menopausa. Este livro não é sobre fins; é sobre recomeços. Há uma abordagem médica em linha com esta mentalidade, e é muito melhor do que a que lhe está a ser oferecida atualmente.

Sei que existe uma forma mais adequada e mais simples. Com a minha própria experiência e através do trabalho realizado com as mais de 30 mil pacientes que atendemos nos nossos consultórios do CentreSpringMD, concebi um método e um sistema que funciona no sentido de a devolver ao equilíbrio hormonal, que irá estabilizar a sua química e que pode ajudar na transição para a próxima fase empolgante da sua vida.

A metodologia que utilizo é uma mistura de medicina oriental e ocidental, e funciona. Funde os planos de interseção do corpo – os corpos emocional, espiritual, físico, hormonal e mental; personaliza o seu mapa corporal para elevar a sua vibração e os seus níveis de energia, proporcionando uma base sólida a partir da qual pode tomar todas as decisões.

No CentreSpringMD, a minha função consiste em ouvir as histórias das minhas pacientes e depois ajudá-las a desenhar os seus próprios mapas corporais – mapas que mostram como tudo se encaixa. Neste processo, elimino a vergonha e a culpa. Depois, utilizo os vários sistemas de medicina da minha caixa de ferramentas médica alargada para lhes oferecer os resultados físicos e a cura que procuram. Mais importante, ouço. E ponho em prática um plano que reconhece os seus problemas e dá respostas. Finalmente. É assim que a medicina deveria ser.

Como sei tão facilmente que uma doente pode sofrer de fadiga adrenal, que tem um baixo nível de progesterona ou que é propensa a disfunções da tiroide? Os sistemas de medicina oriental sublinham a importância de um historial eficaz, de avaliações energéticas e de apreciações emocionais que apontam para mudanças na biologia de uma pessoa, que a ciência e o trabalho de laboratório também comprovam. Muitas das minhas pacientes podem começar esta viagem um pouco céticas – Mas que raio está ela a fazer? –, mas não faz mal. À medida que veem as peças encaixarem-se, com as análises ao sangue a confirmarem o meu diagnóstico e a apoiarem as opções de tratamento, esse ceticismo é frequentemente substituído por alívio.

O que vai aprender neste livro é que a medicina não se pode limitar aos rigores do método científico tradicional, porque essa abordagem não pode ter em conta a genética, a constituição emocional, a história geracional e a experiência de vida de cada indivíduo, bem como a forma como tudo isso se manifesta nos números e na química que os médicos observam nos seus pacientes. Em suma, há simplesmente demasiadas variáveis a considerar. No final do dia, se um médico não se der ao trabalho de juntar todas as peças do puzzle de uma mulher – perguntando não só «Como são os seus números laboratoriais?» mas também «Em que nível está a sua energia? Qual é a sua capacidade nutricional? Qual é a sua capacidade hormonal?» –, então esse médico não pode apresentar as soluções adequadas.

Considere que a medicina tradicional chinesa não encara as fases hormonais de uma mulher como tendo os limites rígidos que a medicina ocidental vê. A medicina chinesa vê esses níveis hormonais como fluidos, existindo num continuum sobre o qual a mulher exerce grande controlo – por exemplo, através da alimentação, da qualidade do sono, dos cuidados pessoais e da gestão do stresse. Um praticante de medicina chinesa acompanha essas mudanças hormonais e trabalha para que a pessoa regresse ao equilíbrio. Isto porque a mudança não é encarada como má; pelo contrário, os níveis hormonais no corpo constituem um marcador da vitalidade de uma pessoa – determinam se ela está a funcionar de forma ideal ou apresenta uma deficiência.

Isso fá-la sentir-se melhor? Deveria! A gestão das hormonas encontra-se sob o seu controlo. E dominar as suas hormonas é o segredo para se sentir no seu melhor, em qualquer idade. Lembre-se ainda do seguinte: a idade é realmente apenas um número.

O que esperar deste livro

Ao ler este livro, ficará a saber tudo sobre hormonas em geral, as fases da perimenopausa e da menopausa e as outras mudanças que ocorrem ao longo da vida. Obterá conselhos práticos sobre como passar por estas fases e juntará as peças da sua saúde hormonal usando o meu Plano de Reequilíbrio Hormonal de Trinta Dias.

Irá criar o seu próprio mapa corporal pessoal, que a ajudará a compreender em que medida hormonas, alimentação e estilo de vida influenciam as suas emoções, pensamentos e decisões, e vice-versa. Juntas, vamos reescrever a sua história e desenhar um mapa a seguir de modo a alcançar a cura e o autoconhecimento. Espero que esteja tão entusiasmada como eu! Mal posso esperar para saber como a sua vida se alterou ao abraçar a orientação oferecida nos próximos capítulos.

Dividi este livro em três secções principais, cada uma estrategicamente concebida para a ajudar a compreender a história das hormonas e da saúde da mulher, bem como para mudar o curso da história para a «história no feminino» – a sua história.

Na Primeira Parte, exploro a história do tratamento hormonal, revejo por que motivo as mulheres estão a ser ludibriadas pela medicina ocidental e explico como reorientar o seu pensamento para que possa avançar ao longo da viagem hormonal – uma viagem que é descartada logo a partir dos treze anos de idade. Também terá oportunidade de frequentar um curso de reciclagem sobre os sintomas de desequilíbrio hormonal, onde aprenderá as ramificações das mudanças hormonais ao longo das décadas. E irá perceber o que são as hormonas, bem como as ligações entre elas e as suas emoções, de modo a compreender melhor o motivo dos seus comportamentos.

Na Segunda Parte, explico as diferenças entre as modalidades ocidentais e orientais e por que razão a combinação de tratamentos de ambos os tipos de medicina conduz a um maior sucesso. Saiba que o facto de estar aberta a vários tratamentos médicos lhe fornecerá essa maravilhosa caixa de ferramentas alargada para a cura. Além disso, explico a importância vital da ligação intestino–hormonas, em que medida os desequilíbrios hormonais podem afetar o seu estado de espírito emocional, como maximizar as suas escolhas nutricionais e de que forma pode limpar as suas «hormonas sujas».

Na Terceira Parte, preparo-a para embarcar no Plano de Reequilíbrio Hormonal de Trinta Dias. É um programa único, feito por medida para corrigir os desequilíbrios hormonais mais comuns com que tenho deparado na minha prática clínica. Neste programa, obterá toda a informação de que necessita para reequilibrar e reforçar as suas hormonas de modo a alcançar um excelente estado de saúde.

Tem sido incrivelmente gratificante para mim ver as minhas pacientes melhorar. Observei-as percorrer as várias décadas das suas vidas: os loucos anos vinte, os turbulentos trinta e, depois, a perimenopausa e a menopausa. Fazem tudo isto sem nenhum dos temidos sintomas hormonais que têm deitado abaixo as mulheres ao longo de gerações. Estas pacientes não são vítimas de afrontamentos ou suores noturnos nem andam às voltas na cama, tal como não sofrem de confusão mental nem são vítimas de uma sensação geral de perda de vitalidade. Vivem e mantêm-se firmes no seu poder, sem pedirem desculpa por isso.

De facto, estas mulheres correm maratonas, viajam pelo mundo e cuidam de si próprias e das suas relações. Sabem olhar por si próprias. É a isso que tudo se resume. As minhas pacientes aprenderam a reconhecer os fatores que influenciam as suas hormonas e emoções e estão a tratar os seus corpos com o respeito que eles merecem.

Por isso, empenhe-se em curar e compreender o seu próprio corpo, não em «arranjá-lo» – afinal, não é um carro. Quanto mais mudanças nutricionais e de estilo de vida fizer, de menos medicamentos precisará, em geral, sejam naturais, sob a forma de ervas ou de outras plantas, sejam farmacêuticos, sob a forma de comprimidos prescritos. Se o tratamento que tem vindo a utilizar não está a dar os resultados que procura, mude agora. Mantenha-se aberta à mudança. Explore diferentes possibilidades. E mostre-se pronta a mudar de estratégia se algo não estiver a resultar. A Viagem Ascendente é isso mesmo. Uma viagem até aos seus maiores poderes, ao seu eu superior e às suas melhores oportunidades. E está apenas a começar.

Correndo o risco de soar exagerada, tenho visto que a obtenção de um tratamento hormonal adequado abriu os portais da intuição às minhas pacientes. Vi-as passar de serem incapazes de tomar uma decisão ou de se sentirem derrotadas para encontrarem as respostas de que precisavam por si próprias. Ouço-as dizer: «Oh, meu Deus, porque é que não pensei nisto antes? E, agora que sei, é isto que vou fazer, e eis o que tem de mudar.»

Está pronta para reescrever a sua história? O seu corpo está preparado para o fazer. E, não, nunca será demasiado velha para começar. A viagem rumo à cura não tem de ser dispendiosa ou complicada nem de fazer parte de uma rotina de bem-estar intricada. Envolve apenas a combinação da informação fidedigna com um compromisso consigo própria.