Seis anos depois do primeiro EP a solo, homónimo, Blaya edita o álbum de estreia, uma mistura de todas as influências da cantora e bailarina, que integrou os Buraka Som Sistema, e no qual explora o seu “lado brasileiro”, cantando várias músicas em português do Brasil.
“Já tinha feito algumas coisas de funk, mas agora também quis explorar esse lado”, afirmou Blaya em declarações à Lusa, recordando que não pode “fugir ao facto de ter nascido no Brasil” e de a sua família “ser toda brasileira”.
Apesar de viver “há imenso tempo em Portugal”, continua a ter “sempre sangue brasileiro e raiz brasileira”. Ao fazê-lo, “não foi com o intuito de querer entrar no [mercado do] Brasil”, embora reconheça que se tal acontecer tanto “melhor”.
A Blaya de hoje, em comparação com a do EP de estreia, é “a mesma Blaya, mas um bocadinho mais madura e a trabalhar em equipa”.
No álbum “Blaya com Dios”, a maioria dos 15 temas resultaram de um ‘writing camp’ (algo como campo de escrita, em português).
“Juntámos vários ‘songwriters’ [compositores], vários produtores, e durante dois dias trabalhámos em várias músicas. Desses dois dias saíram 21 músicas, das quais escolhemos umas 12”, recordou.
E, por isso, Blaya fala no álbum de estreia a solo como um “trabalho de equipa”, que contou com a participação de, entre outros, Virgul, MC Zuka, a dupla No Maka, Deejay Telio, Laysha, Laton, April Ivy ou Ella Nor.
Os temas que foram gravados depois do ‘writing camp’, como “Yoga” e “Cash”, “surgiram com o tempo”, à medida que Blaya ia “percebendo mais em que direção é que ia”.
Nas redes sociais, nomeadamente no Instagram, Blaya partilha com frequência mensagens associadas à igualdade de género e no disco está também presente o lado esse “mais agressivo” da cantora que quer “empoderar as mulheres”.
“O público não tem noção, maioritariamente as mulheres, mas maior parte delas canta músicas contra as mulheres, muito felizes, mas quando são as artistas femininas a cantar, elas não empoderam tanto essas músicas. É uma coisa que acontece sem elas se aperceberem, mas acontece muito isso. Não têm consciência disso, mas acontece muito”, defendeu.
Embora não haja um espetáculo de apresentação de “Blaya con Dios”, que é editado no dia de anos da cantora, este será mostrado nos próximos meses, nos “muitos concertos” que Blaya tem em agenda.
“Vou ter oportunidade de fazer os lançamentos nos concertos”, afirmou Blaya, destacando o espetáculo agendado para o palco principal do festival Sudoeste, em agosto na Zambujeira do Mar.
Nos concertos, o objetivo principal da cantora e bailarina é “sempre colocar o público à vontade, para dançar à vontade, para se sentir bem” e, para isso, promete “muita energia, dança e animação”.
No alinhamento estarão os temas do disco, alguns dos quais já tem apresentado há alguns meses, como “Faz Gostoso”, que fez sucesso no verão e acabou por chegar ao novo álbum da cantora norte-americana Madonna.
“Madame X”, a ser editado a 14 de junho, inclui uma versão do tema de Blaya, cantada pela ‘rainha da pop’ e pela cantora brasileira Anitta.
Blaya, quando criou o tema, “só estava a fazer música”. “Não estava a pensar ‘esta música vai ter não sei quantos milhões’. Nós pensámos ‘vamos fazer música, vamos fazer o melhor possível, trabalhar bem nas músicas’. E foi isso que aconteceu”, partilhou.
A cantora confessou que “não estava à espera que [o tema] tivesse este impacto”, até porque, “como em tudo”, não tem “expectativas para nada”.
“Como era uma coisa que não tínhamos a certeza que ia acontecer, deixámos sempre ir, foi sempre na boa, sempre de leve, até à decisão final. Até termos a certeza das coisas, não podemos meter a carroça à frente dos bois, então mantive a calma, até perceber o que é que isto ia dar”, recordou.
Agora que é real, ainda não pode adiantar muita coisa. “A equipa Mojo [produtora e editora RedMojo] já ouviu a versão, mas não posso contar nada, vão ter que ouvir quando sair, mas a essência do ‘Faz Gostoso’ está lá”, disse.
Quando ao impacto que isto poderá vir a ter na sua carreira, Blaya prefere falar na música portuguesa.
“Há sempre público que gosta de saber muito mais além da música e o seu significado, e muitas pessoas vão depois até à música original e isso é sempre bom. E o facto de estar uma música em português no álbum da Madonna é muito bom. As pessoas vão acabar por dar uma olhadela na música original, e talvez outros artistas venham para Portugal explorar como ela explorou”, afirmou.
Lembrando que a música “é uma coisa mundial”, e que, por isso, “pode chegar aos ouvidos de toda a gente por mero acaso”, reforça que “a música portuguesa, feita em Portugal, chegar aos ouvidos de estrelas internacionais é sempre muito bom”. “E significa que trabalhámos muito bem na música”, defendeu.
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