A ‘longlist’ de candidatos ao prémio que distingue anualmente a melhor obra de ficção escrita por mulheres contempla obras centradas em locais e épocas tão diversas como a Itália renascentista, a Índia rural, o cerco de Sarajevo, os conflitos na Irlanda do Norte, o estado norte-americano da Virgínia infestado por opioides, um reino imaginário governado por animais, um cinema antigo alucinatório e um mundo subaquático povoado por criaturas extraordinárias.

Entre as obras escolhidas conta-se “The Marriage Portrait” (editado em Portugal pela Relógio d’Água com o título “Retrato de casamento”), de Maggie O’Farrell, autora distinguida com o Women’s Prize for Fiction em 2020 pelo romance “Hamnet”, também editado em Portugal.

Em "Retrato de casamento", a autora irlandesa visita a Itália renascentista para traçar um retrato ficcional da jovem duquesa Lucrezia de’Medici, cuja vida decorre na corte turbulenta de Florença de 1560.

"Estou Viva, Estou Viva, Estou Viva" (Elsinore) e "O Estranho Desaparecimento de Esme Lennox" (Editorial Presença) são outras das obras da irlandesa disponíveis no mercado nacional.

Outra repetente na corrida ao prémio, distinguida em 2010 por “The Lacuna” — editado em Portugal pela Clube do Autor —, é Barbara Kingsolver, com “Demon Copperhead”. Kingsolver também tem entrenós obras como "Pequeno Milagre e Outros Ensaios" (Sinais de Fogo) e "A Bíblia Envenenada" (Dom Quixote).

A lista contempla outros nomes já finalistas deste prémio em edições anteriores, como é o caso de Natalie Haynes, com “Stone Blind” — acabado de editar no mercado nacional como "O Olhar da Medusa" (Topseller) —, Laline Paul, com “Pod”, e Elizabeth McKenzie, com “The Dog of the North”.

Contam-se ainda autoras candidatas aos prémios Booker, a escritora NoViolet Bulawayo, duas vezes finalista, que concorre com “Glory”, e Sophie Mackintosh, que já entrou numa ‘longlist’, que se candidata com “Cursed Bread”. Bulawayo tem um livro editado em Portugal: "A Neve e as Goiabas" (Editorial Teorema).

Um dos aspetos em destaque nesta edição é o facto de mais de metade das semifinalistas serem estreantes, como é o caso de “Trespasses”, de Louise Kennedy, e “I’m a Fan”, de Sheena Patel.

As outras autoras em estreia são Jennifer Croft (“Homesick”), Jacqueline Crooks (“Fire Rush”), Camilla Grudova (“Children of Paradise”), Priscilla Morris (“Black Butterflies”), Cecile Pin (“Wandering Souls”), Parini Shroff (“The Bandit Queens”) e Tara M Stringfellow (“Memphis”).

A presidente do júri, a apresentadora e escritora Louise Minchin, considerou que a lista deste ano é “uma celebração gloriosa da imaginação sem limites e da ambição criativa das mulheres escritoras, ao longo do ano passado”.

“Cada um destes 16 livros é excelente e original no seu estilo individual; todos eles oferecem novas perspetivas sobre a história e a humanidade, explorando verdades duras com empatia, sensibilidade, objetividade e, por vezes, um humor contagioso”, afirmou, garantindo que há nesta seleção literatura para todos os gostos.

Do painel do júri fizeram ainda parte a romancista Rachel Joyce, a jornalista e escritora Bella Mackie, o romancista e contista Irenosen Okojie e Tulip Siddiq, membro do parlamento do Reino Unido.

Estes dezasseis livros serão reduzidos a uma lista restrita de seis romances, que será anunciada a 26 de abril, e a vencedora de 2023 será anunciada no dia 14 de junho.

No ano passado, o prémio foi atribuído ao romance “O livro da forma e do vazio”, de Ruth Ozeki, publicado em Portugal pela Cultura Editora.

Dirigido pela romancista Kate Mosse, o Women's Prize for Fiction tem por objetivo reconhecer a ficção escrita por mulheres em todo o mundo.

Criado em 1992, em Londres, capital britânica, por um grupo de homens e mulheres jornalistas, críticos, agentes, editores, bibliotecários e livreiros, o prémio foi uma resposta ao facto de, no ano anterior, a lista de finalistas do prestigiado prémio literário Booker não ter incluído uma única mulher.

Em 1992, apenas dez por cento das finalistas ao Booker Prize tinham sido mulheres.

A residência ou o país de origem não são critérios de elegibilidade para o Women's Prize for Fiction, que celebra a criatividade feminina.

A vencedora recebe um prémio monetário no valor de 30 mil libras (perto de 33 mil euros).