Em 06 de setembro haverá reabertura simbólica num evento para convidados. No dia 07 de setembro, data que marca os 200 anos da Independência do Brasil, o local receberá pessoas que lá trabalharam e seus familiares, além de um grupo de cerca de 200 estudantes de escolas públicas. Finalmente, no dia 08 de setembro, o museu estará aberto ao público em geral mediante agendamento prévio na internet.
Em entrevista à Lusa, o secretário de Cultura do estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, fez um breve panorama sobre a história do museu, idealizado como um monumento da independência do Brasil de Portugal em 1822, mas que no só foi finalizado em 1895.
“Naquela época era algo comum no mundo fazer-se um edifício monumento, então idealizaram um edifício que simbolizasse a independência, o facto histórico. A área escolhida, claro, tem a ver com a proximidade com o riacho do Ipiranga, que de facto é uma área pela qual D. Pedro passou e que acabou por consagrar-se historicamente [como lugar do grito de independência]” explicou o secretário.
“Demorou bastante tempo para que o edifício fosse viabilizado e construído e é interessante dizer que provavelmente foi o primeiro projeto de ‘crowdfunding’ do Brasil porque houve um grande movimento, a imprensa teve uma participação no sentido de mobilizar os cidadãos, e mais de mil cidadãos cotizaram-se [compraram cotas] para reunir os recursos para a construção do museu”, acrescentou.
A construção do edifício monumento no qual funciona o Museu do Ipiranga, também conhecido como Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP), demorou mais de 10 anos e concluiu-se em 1895, quatro anos antes de o Brasil se tornar uma República, em 1889.
Questionado sobre o significado deste espaço para as relações do Brasil com Portugal, Sá Leitão considerou que em 2022 ocorrerá uma das poucas celebrações de independência no mundo em que o país que se tornou independente e aquele que sofreu a perda de território estão em harmonia.
“Nós temos um património comum que é a nossa língua e temos também um outro património comum que é uma boa parte da história. Foi uma história de uma ligação muito próxima entre Brasil e Portugal”, destacou.
Sá Leitão contou que o restauro e ampliação do Museu do Ipiranga começou oficialmente em 07 de setembro de 2019 e depois de muitos esforços governamentais e de parceiros, incluindo empresas privadas que doaram dinheiro para a realização das obras, como a portuguesa EDP, o público voltará a entrar no monumento e terá a oportunidade de rever centenas de itens que contam parte importante da História do Brasil.
“Vai ser uma nova experiência para o público que já conhecia o edifício do monumento (…) Além disso, foi feito um trabalho realmente muito minucioso e muito rigoroso de restauro e totalmente dedicado à exibição de exposições e também à circulação e ao conforto do público”, frisou o secretário de Cultura.
O projeto do novo museu também incluiu uma ampliação de mais de 7 mil metros quadrados de área construída na parte subterrânea, que permitiu que o equipamento cultural praticamente duplicasse de tamanho.
Sá Leitão contou que a ampliação do museu criou um novo espaço administrativo, uma área de acolhimento ao público, restaurantes, lojas, espaços para projetos educativos, um novo auditório e uma área para eventos.
“Nós temos como parte integrante do projeto o restaurado do jardim francês Tuileries, de Paris, e uma fonte belíssima”, explicou o secretário de Cultura de São Paulo.
O acervo do museu também foi em grande parte restaurado, incluindo o famoso quadro de mais de sete metros de largura e quatro de comprimento criado pelo pintor Pedro Américo chamado “Independência ou morte”, que recria simbolicamente o momento em que D. Pedro proclamou a independência do Brasil, outras pinturas, esculturas e objetos que integram o acervo de mais de 450.000 itens.
A partir da reabertura serão oferecidas no local um total de 12 exposições com o acervo do museu e uma exposição especial sobre o bicentenário da independência, que deverá estar apresentada em novembro.
O custo da reforma e ampliação do Museu do Ipiranga foi estimado em 235 milhões de reais (45,1 milhões de euros) pelo governo de São Paulo, que informou que grande parte deste total foi doada por empresas parceiras.
A expetativa dos administradores é de que o local receba entre 900 mil e um milhão de visitantes anualmente.
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