“A terceira margem do rio” é o título da Anozero’19 (e “de um intrigante conto de João Guimarães Rosa”), disse Agnaldo Farias, durante uma conferência de imprensa, hoje, para revelar o nome do curador e o tema da bienal, na qual também participaram o diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Carlos Antunes, a vereadora da Cultura, Carina Gomes, e a vice-reitora Clara Almeida Santos, em representação das entidades promotoras do evento – CAPC, Câmara Municipal e Universidade de Coimbra.
“Um rio não tem a primeira e a segunda margem, tem duas”, afirmou o curador da Anozero’19, sustentando que a terceira margem é aquela que “não está”, que “vive em suspensão”.
A terceira é “a margem formada pela linha entrecortada da espécie onde uma ponte se cola à outra, como mais uma margem de beiras largas”, acrescentou o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, explicando o título da próxima Bienal de Coimbra.
No entanto, em rigor, “menos pelo corpo” e mais pela linguagem, pelas “imagens e objetos que produzimos” é que “ousamos nos fundir à eternidade, pretendemos ser esse rio”, o rio de “água que não para, de longas beiras", o rio do conto de Guimarães Rosa.
Como em 2017, Anozero de 2019 terá no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova o seu principal espaço, mas outros sítios integrarão o evento, pois será mantida a “vontade de adicionar sempre espaços e lugares patrimoniais da cidade”, disse Carlos Antunes, adiantando que o facto de o mosteiro fazer parte da lista de imóveis abrangidos pelo programa Revive (que prevê a concessão de monumentos que são propriedade do Estado português a privados, para fins turísticos) não deverá inviabilizar a sua utilização, pois a própria tutela também diligenciará para que assim aconteça.
O Jardim Botânico e alguns edifícios da universidade, na Alta da cidade, e o Edifício Chiado ou a Sala da Cidade (antigo refeitório do Convento de Santa Cruz), na Baixa, também poderão vir a ser adotados pela Anozero’19, admitiu o curador, considerando, no entanto, que ainda é cedo para fazer este tipo de opções, por diversos motivos, desde logo porque quer conhecer melhor a cidade, o seu património e espaços.
“Lá longe, de onde venho, Coimbra é uma referência” muito importante, sublinhou Agnaldo Farias, agradecendo o desafio para ser curador da Anozero’19, assegurando que o cargo é uma honra para si e que, "depois deste convite", até passou a pensar que talvez seja "um pouquinho importante".
O académico e crítico de arte Agnaldo Farias foi curador, designadamente, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de Exposições Temporárias do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, da 29.ª Bienal de São Paulo e da 11.ª edição da Bienal de Cuenca (Equador).
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