Compositor, instrumentista e militante, foi em todas as facetas da sua vida defensor da liberdade e admirador da sonoridade do povo. Revelou nas suas músicas a devoção à cidade de Coimbra, pela representação das lavadeiras do mondego, dos estudantes apaixonados e da saudade dos “verdes anos” da juventude.

Também Lisboa fez parte do seu trajeto, sempre acompanhado pela guitarra. O “homem dos mil dedos” escreveu sobre o rio Tejo, os moliceiros de Aveiro, Porto Santo e outros lugares do país e do mundo que puderam testemunhar a sua genialidade. Ainda assim, a cultura popular e o folclore português continuaram na fundação das suas obras.

Filho do famoso compositor e guitarrista Artur Paredes, apaixonou-se por uma das primeiras mulheres a tornar-se uma guitarrista de referência, Luísa Amaro. No palco e na vida, partilharam convicções e defenderam sempre o respeito pelo público.

Luisa Amaro, em entrevista à TSF, lembra os momentos com Carlos Paredes, que várias vezes lhe dizia “nunca utilizes a música em teu proveito, põe-te ao serviço da música”.  Recorda também as atuações em que acompanhava o músico: “Isto é o que dá ser músico, ser um músico popular. A música liga-nos, independentemente do extracto social a que se pretende”. 

A defesa dos direitos do trabalhador e da luta do povo é intrínseca a Carlos Paredes como guitarrista e como militante do Partido do Comunista, conhecido antifascista e critico do regime do Estado Novo. 

As comemorações do centenário de Carlos Paredes estão a ser realizadas por todo o país e além fronteiras. O SAPO24 reuniu algumas das atividades programadas para homenagear o músico. 

O Povo e uma guitarra (20 de fevereiro no Auditório Alto dos Moinhos (R. João de Freitas Branco) em Lisboa, 18h)

  • Seminário dinamizado pelo Partido Comunista Português (PCP), com a participação de Luísa Amaro (Guitarrista); Rui Vieira Nery (Musicólogo); Hugo Castro (Musicólogo); Manuel Deniz Silva (Musicólogo); João Carlos Callixto (Autor e investigador em música); Jorge Pires (Membro da Comissão Política do Comité Central do PCP).

Carlos Paredes por Mário Laginha  (21 de fevereiro, Theatro Circo, Braga) 

  • Mário Laginha desafiou Julian Arguelles (saxofone), Romeu Tristão (contrabaixo) e João Pereira (bateria) para homenagear Carlos Paredes, num concerto que mistura o descompromisso do jazz com o perfeccionismo de Carlos Paredes.

O Povo e uma guitarra (28 de fevereiro no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, 21h30)

  • Concerto promovido pelos grupos culturais da cidade de Coimbra, com curadoria da organização regional de Coimbra do PCP.

Festival de Guitarra Portuguesa (7 e 8 de março, Lisboa: Teatro Capitólio | Teatro Variedades | Cinema São Jorge).

  • Uma programação de concertos, conversas e workshops reúne, durante dois dias, no Teatro Capitólio, no Teatro Variedades e no Cinema São Jorge, músicos de diferentes gerações e vertentes musicais.

Périplo em Tom de Regresso. Digressão nacional.

  • Com: Alvorada | António José Moreira (guitarra portuguesa), Ricardo Dias (guitarra portuguesa) e Pedro Lopes (viola).

Variações sobre Carlos Paredes. (27 de abril, Largo de São Carlos)

  • Programação integrada nas Festas de Abril

Canto Revisited – In memoriam Carlos Paredes e Mísia (24 Maio, 21h,  Biblioteca de Marvila)

  • Entrada livre | M/6 | Duração: 60′

O Homem dos Mil Dedos (data a definir)

  • Concerto tributo a Carlos Paredes com Daniel Almeida (piano), Fábio Meneses (clarinete), Orquestra de Sopros da Academia de Artes de Chaves, Quinteto de Cordas e Mafalda Rocha Lemos (guitarra portuguesa).

Espelho de Sons (julho a setembro, Museu do Fado)

  • Com: Pedro Caldeira Cabral (4 de julho), 100 Paredes – concerto pluridisciplinar (11 de julho); Paulo Soares (18 de julho); Luísa Amaro (25 de julho)

Viagem Entre Paredes | Concerto para Guitarra Portuguesa e Orquestra (outubro, Convento de S. Francisco, Coimbra)

  • Com Hugo Gamboias e a Orquestra Clássica do Centro. Arranjos de Artur Fernandes, Luis Figueiredo, Felipe Barão e Luís Pedro Madeira.

Asas sobre o mundo | Exposição

  • Exposição itinerante, que percorre cidades como Madrid, Barcelona, Sevilha, Xangai, Pequim, Barcelona, Cidade do México, Panamá, Bogotá, Lima, Santiago do Chile, Buenos Aires, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Montevidéu.

*Edição por Ana Maria Pimentel