O programa que hoje regressa à Casa da Música passou no sábado pelas Noites de Queluz e será ainda repetido na terça-feira, no âmbito do festival “À Volta do Barroco”, antes de nova récita na Konzerthaus, em Viena, no dia 09 deste mês.
Staier, artista associado em 2018 da Casa da Música, no Porto, e um dos principais nomes do cravo e pianoforte a nível global, assumiu também a direção musical da orquestra, durante a gravação do disco, que inclui obras do português Carlos Seixas (1704-1748), definido pelo cravista como “um grande compositor”, colocando-o entre os mais importantes nomes da música no século XVIII.
No programa figuram os dois Concertos para cravo, em Sol menor e Lá maior, do compositor de Coimbra, cravista e organista da corte de D. João V, além de peças de Domenico Scarlatti (1685-1757), italiano com quem se cruzou na corte portuguesa, “Alla Portugesa”, uma das “Bizzarie Universali, op.8″, do inglês William Corbett (1680-1748).
De Scarlatti, serão interpretadas três sonatas para cravo, entre os dois Concertos de Seixas, numa versão reduzida do programa que foi gravado no disco, lançado pela Harmonia Mundi e gravado em fevereiro deste ano, no Porto.
À expressão barroca antecede, na primeira parte, a música nova, com Peter Rundel a dirigir o Remix Ensemble, outro conjunto da Casa da Música, na estreia mundial da nova obra para conjunto instrumental, de Gonçalo Gato.
O lisboeta, “Jovem Compositor em Residência” para 2018, na Casa, estreia a segunda de três encomendas, num programa que inclui ainda “Auf die Stimme der weißen Kreide” (“Na voz do giz branco”, em tradução livre), do austríaco Johannes Maria Staud.
Nascido em 1979, Gonçalo Gato é o 11.º Jovem Compositor em Residência da Casa da Música, tendo já trabalhado com orquestras como a Sinfónica da BBC, a Britten Sinfonia ou a Sinfónica de Londres, além de formações como o alemão Recherche, o britânico Chroma Ensemble ou o português Sond’Ar-te Electric Ensemble.
Gonçalo Gato venceu o Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim, em 2008 e em 2011, e é doutorado pela londrina Guildhall School of Music & Drama, tendo sido orientado por Julian Anderson.
Andreas Staier é considerado um dos grandes nomes do cravo e pianoforte a nível global, com uma extensa discografia e ativa carreira de palco, tendo feito parte, nos anos de 1980, da orquestra Musica Antiqua Köln, de Reinhard Goebel, formado o ensemble Les Adieux, e trabalhado como solista em orquestras como Concerto de Colónia, Academia de Música Antiga de Berlim ou a Barroca de Friburgo, além das colaborações com músicos como o tenor Christoph Prégardien e o pianista Alexei Lubimov.
Gravado em fevereiro, “À Portuguesa” antecede uma digressão europeia e segue um ciclo de concertos do mesmo programa, em França e na Alemanha, nascendo de uma “colaboração muito boa” de seis anos entre Staier e a Barroca Casa da Música, revelou o alemão, em entrevista à Lusa, aquando da gravação do álbum.
Staier atribui a Seixas o papel de pioneiro e “grande compositor” que poderá ter criado “os dois primeiros Concertos para tecla [e orquestra] da História”, admitindo que possam anteceder os 14 concertos para cravo de Johann Sebastian Bach, identificando ainda Scarlatti como “um dos grandes génios de música para tecla”.
Gravações anteriores dos concertos para cravo de Carlos Seixas contam com o cravista e regente norueguês Ketil Haugsand e a Norwegian Baroque Orchestra, o espanhol Jose Luis Gonzales Uriol, com os Segréis de Lisboa e o Ensemble Arcomelo, e o húngaro János Sebestyén, com a Liszt Ferenc Chamber Orchestra.
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