“Se fosse vivo, Eugénio de Andrade faria 99 anos no próximo dia 19 de janeiro. Nesta oportunidade, foi constituída uma Comissão que se encarregará de promover diversas iniciativas que celebrem dignamente o centenário do nascimento do poeta”, anunciou em comunicado a Comissão Organizadora do Centenário do Nascimento de Eugénio de Andrade.

Estes dois eventos, os mais importantes já previstos, vão ter lugar no Porto e no Fundão, em datas e lugares ainda indicar.

No entanto, a comissão prevê que se realizem ao longo de 2023 outras iniciativas em vários lugares do país, como pequenos colóquios, exposições, publicações ou recitais.

A Comissão Organizadora do Centenário do Nascimento de Eugénio de Andrade é constituída por Federico Bertolazzi (Universidade “Tor Vergata”, de Roma), Joana Matos Frias (Universidade de Lisboa), José Tolentino Mendonça (Universidade Católica Portuguesa), Arnaldo Saraiva (Universidade do Porto) e Carlos Mendes de Sousa (Universidade do Minho).

Para já, a comissão conta com os apoios da Câmara Municipal do Porto, da Câmara Municipal do Fundão e do CITCEM — Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu em 1923, no Fundão, e morreu no Porto em 2005, aos 82 anos.

Aos dez anos mudou-se para Lisboa, devido à separação dos pais, e três anos depois escreveu os seus primeiros poemas.

Em 1938, aos 15 anos, enviou alguns desses poemas a António Botto que, gostando do que leu, o quis conhecer, encorajando-lhe a veia literária.

Em 1943 mudou-se para Coimbra, cidade onde conviveu com Miguel Torga e Eduardo Lourenço.

Tornou-se funcionário público em 1947, atividade que exerceu durante 35 anos, tendo sido transferido em 1950 para o Porto, onde fixou residência durante mais de quatro décadas, até se mudar para o edifício da extinta Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.

Ao longo da vida fez diversas viagens e foi convidado a participar em vários eventos, tendo travado amizades com personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny, Ángel Crespo, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder e Óscar Lopes, entre outros.

Apesar do seu prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com “essa debilidade do coração que é a amizade”.

A sua extensa produção literária granjeou-lhe vários prémios e distinções, entre os quais o Premio Camões, em 2001, mas também o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), o Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus (1988) e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989).

Em 2017, a Assírio e Alvim publicou uma obra que reúne toda a poesia de Eugénio de Andrade, a partir da última edição revista em vida pelo autor e com prefácio de José Tolentino Mendonça.

Além de vasta obra poética, Eugénio de Andrade publicou alguns livros em prosa, designadamente “Os afluentes do silêncio”, “História de égua branca”, com ilustrações de Manuela Bacelar, “Rosto precário” e “À sombra da memória”.

Fez também traduções de Federico García Lorca, de Iannis Ritsos, das “Cartas Portuguesas (atribuídas a Mariana Alcoforado)” e de “Poemas e fragmentos de Safo”.

Eugénio de Andrade encontra-se sepultado no Cemitério do Prado do Repouso, no Porto, tendo a sua campa sido desenhada pelo arquiteto e seu amigo Siza Vieira, incluindo a inscrição dos versos do seu livro “As Mãos e os Frutos”.

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