A decisão de encerrar o festival foi divulgada pela associação cultural Hey, Pachuco! nas redes sociais, mas Carlos Ramos explicou à agência Lusa que em causa estava o “gradual estrangulamento financeiro que foi matando o festival – não em 2019 mas desde 2005″.
“O percurso foi sempre sinuoso no que toca aos apoios. Este era, reconhecidamente, um festival com bastante importância nacional e internacional, mas que nunca conseguiu transformar essa importância em apoio financeiro”, disse.
Na página oficial, a associação Hey, Pachuco! sublinha que o Barreiro Rocks era um “festival algo inimitável”, pela “descoberta de novas bandas, a festa constante, os happenings bizarros, bem como [pela] proximidade e interacção entre os artistas e o público”.
Por lá passaram nomes como Black Lips, Ty Segall, King Khan & The Shrines, Fast Eddie Nelson, The Parkinsons, The Legendary Tigerman e Lulu Blind.
Carlos Ramos, músico (Los Santeros, The Act-Ups, Bro-X, Nicotine’s Orchestra), produtor, dinamizador cultural, há mais de vinte anos dedicados à música, recordou que o Barreiro Rocks subsistia com apoio da autarquia e esforço pessoal de quem o organizava.
O apoio público ao festival começou por ser 25 mil euros, em 2015, e foi sendo reduzido até aos cinco mil euros, em 2012. “Desde então, o festival começou a definhar e começámos a ter que, ano após ano, arriscar pessoalmente tempo e dinheiro para o conseguir fazer”, lamentou.
Para este ano, o apoio da autarquia subiria para 15 mil euros, explicou, mas a organização do Barreiro Rocks passaria a ter mais responsabilidades e despesas, nomeadamente com segurança e licenças.
“É impossível fazer-se este festival por menos de 25 mil euros”, afirmou o músico, lamentando que o Barreiro não seja “a cidade mais apelativa para as marcas privadas investirem”.
“O Barreiro continua a ser um polo criativo muito ativo e intenso, o que não quer dizer que isso corresponda diretamente ao investimento feito pelo município. O grande impulso vem da sociedade civil: artistas, associações, público que aparece nos eventos – quase sempre a expensas privadas e com muito poucas condições. Desde sempre”, rematou Carlos Ramos.
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