A Austrália vive tempos complicados devido ao clima. A seca, as temperaturas elevadas superiores aos 40 graus centígrados, os ventos fortes assim como os baixos níveis de humidade têm provocado um aumento dos incêndios nos últimos tempos, sobretudo na Nova Gales do Sul (sudeste) e em Queensland (nordeste).

A história que se segue aconteceu em Nova Gales do Sul, na cidade de Port Macquarie, quando uma mulher não hesitou em saltar do carro para salvar um coala aflito no meio das chamas. 

O incidente foi apanhado em vídeo e é possível dar conta que o animal atravessou a estrada para ir ao encontro de um grupo de árvores que estavam a ser consumidas pelo fogo. Toni Doherty, uma australiana que estava por perto durante o momento, não titubeou e agiu rapidamente para salvar o pequeno e aflito marsupial. 

De acordo com as imagens, Doherty saiu do carro e, de imediato, correu para a mata em chamas em direção ao coala para o cobrir com a sua camisola, ficando a própria só com um sutiã na parte superior do corpo. Depois, garantiu que o animal estava seguro e cobriu-o de água para resfriar as queimaduras. 

"Ele correu diretamente em direção às chamas e eu saltei do carro, tendo ido logo ter com ele", contou Doherty à afiliada da CNN, a cadeia local 9News. 

A mulher levou então o coala para uma unidade hospital especializada, o Port Macqaurie Koala Hospital. 

O reencontro com Lewis 

A história deste par improvável, de resgatado e salvadora, não ficaria esgotada por aí e continuou esta quinta-feira, de acordo com a CNN. Numa reportagem da 9News, a avó de sete conta que foi "aterrador vê-lo a sair das chamas e, com um ar tão indefeso, correr entre na estrada".

"Eu sabia que tinha de o cobrir com algo, assim que o vi correr para a árvore. Tirei então a minha camisola e embrulhei-o nela. Tentei apenas tirá-lo do meio do fogo; estava tanto calor e foi tão assustador", disse.

O par reuniu-se no Port Macquarie Koala Hospital, onde Lewis está a receber tratamento devido aos ferimentos graves sofridos. O coala, apesar de se encontrar tapado por cobertores e com uma máscara de oxigénio, mastigava os galhos de eucalipto que se colocaram perto da sua cama. 

Contudo, Doherty explicou que o coala, de 14 anos, está "bem" tendo em conta o trauma. "Ontem estava a comer folhas". 

Todavia, explica o canal norte-americano, ainda não é certo que a história termine com um final feliz. Segundo o hospital, Lewis tem "50-50" de hipóteses de sobreviver. E, ainda que o consiga, a recuperação será longa e difícil. Até porque as suas mãos e pés estão "completamente queimadas", assim como tem queimaduras no estômago, peito, nariz e está praticamente chamuscado em todo o corpo. 

Habitat natural em risco

Os incêndios florestais nesta zona da Austrália destruíram milhares de hectares na semana passada, incluindo um habitat densamente povoado por coalas. 

Lewis não foi o primeiro caso em que marsupiais foram salvos das chamas. De acordo com a agência France-Press (AFP), outros quatro animais terão sido resgatados após serem vistos escondidos em arbustos. 

À medida que os incêndios avançam sem controlo, cães farejadores ajudam a salvar e a rastrear coalas durante as operações de resgate.

Teme-se que mais de 350 coalas tenham morrido e, com o passar dos dias, a falta de água diminui ainda mais as suas chances de sobrevivência. O desmatamento e o desenvolvimento urbano devastaram o habitat dos coalas, que vivem nas árvores, o que resultou no aumento da consanguinidade e na diversidade genética reduzida da espécie.

Esta situação acontece numa altura em que o verão ainda não começou, pelo que existe o receio de que, caso as temperaturas aumentem, as condições só piorem. O verão começa oficialmente em 1 de dezembro, mas no sul da território a situação de alerta já se encontra no nível "catastrófico", o mais alto do sistema de classificação australiano.

Seis pessoas morreram e centenas de casas ficaram destruídas na sequência dos incêndios. Em Sidney, as autoridades têm apelado aos moradores das zonas afetadas a abandonarem as residências e a concentrarem-se em centros escolares.