A mostra evocativa da participação de Amália Rodrigues em filmes portugueses, da autoria da Cinemateca Portuguesa — Museu do Cinema, é inaugurada no contexto da Berlinale e acontece no ano em que se comemora o centenário do nascimento da fadista.

“Amália Rodrigues é uma figura da cultura portuguesa conhecida no mundo inteiro”, sublinhou à agência Lusa a diretora do Camões Berlim, Patrícia Severino.

“Conhecemos Amália Rodrigues pelo seu legado no mundo da música, mas ela teve também um papel fulcral na história do cinema português, com dois grandes êxitos. Um deles foi o ‘Capas Negras’ (1947) do realizador Armando Miranda, e, por exemplo, temos algumas fotografias originais deste filme, assim como o ‘Fado, História d’uma Cantadeira’ (1947), do Perdigão Queiroga, que também integra o acervo da Cinemateca”, acrescentou.

É o terceiro ano que o Camões Berlim organiza uma exposição em parceria com a Cinemateca Portuguesa por ocasião da Berlinale.

“Embora o objetivo não seja ter uma lógica narrativa, (no primeiro ano) apresentámos uma história do cinema português, com textos do investigador Tiago Baptista (…) O ano passado, procurámos uma lógica de relação com a Alemanha, e tínhamos uma exposição intitulada ‘A Canção de Lisboa’ e ‘Gado Bravo’, que apresentava dois filmes em diálogo (…)”, recordou Patrícia Severino.

Desta vez o Centro Cultural Português de Berlim exibe “uma exposição documental da participação e do percurso de Amália Rodrigues, entre 1947 e 1965 no cinema português”.

A propósito da presença portuguesa nesta 70.ª edição do Festival Internacional de Berlim, com nenhum filme na competição oficial, Patrícia Severino sublinha que “não é um motivo de um olhar de preocupação, porque o cinema português é internacionalmente muito reconhecido”.

“Não há, como tem havido nos últimos três anos consecutivos, filmes portugueses na competição oficial, mas é muito importante o facto de termos um filme, ‘A Metamorfose dos Pássaros’, da Catarina Vasconcelos, que está na nova secção competitiva ‘Encounters’ (…) Acho que também é importante mantermos a presença portuguesa na secção ‘Talents’, que põe jovens talentos das diversas áreas em diálogo com profissionais do cinema conhecidos no mundo inteiro”, realçou.

“Não temos tantos filmes no programa, mas o cinema português continua a estar com uma presença fortíssima nos festivais do mundo inteiro. É natural que haja anos, neste caso na Berlinale, que não tenha tanta expressão, mas tem expressão noutros festivais, como em Roterdão, onde houve diversos filmes portugueses”, destacou.

“Amália no Cinema” está aberta ao público até dia 19 de abril. A Berlinale termina a 1 de março.