Os dados foram revelados pelo secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, e as preocupações pela coordenadora do PNC, Elsa Mendes, no Encontro Cinema e Educação, que decorre hoje na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.
Em 2014, quando foi operacionalizado, o PNC envolveu 300 professores e dez mil alunos em atividades dentro e fora da escola, tendo este número subido para 1.800 professores – formados em literacia fílmica – e cerca de 65.000 alunos em 2019.
Elsa Mendes sublinhou que o contexto de existência do PNC “é muito bom”, pela articulação com outras entidades e parceiros, nomeadamente a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional das Artes, e pela adesão de escolas de todo o território, mas, na prática, o cinema “continua a parecer como uma área secundária”.
“O que falha é que o cinema ainda entra nas escolas de uma forma um tanto avulsa”, disse, sublinhando que é preciso “reforçar e motivar as comunidades educativas para acolherem mais projetos nesta área”, e privilegiar uma articulação com produtores, exibidores e distribuidores sobre a divulgação de cinema português.
Nuno Artur Silva sublinhou o aumento significativo de alunos e professores envolvidos no PNC e reforçou a intenção da tutela de que este projeto cresça e trabalhe com entidades locais, para que a experiência de ir ao cinema não seja “comprometida ou mesmo esquecida”.
“É fundamental reforçar o papel do cinema como uma atividade que ainda é comunitária e que ainda vive de um ritual. Isto deve ser valorizado num mundo em que podemos ver filmes de muitas maneiras e em muitos ecrãs. (…) Parece-me que o melhor caminho para levar as pessoas às salas começa nas escolas”, disse.
Segundo o secretário de Estado, o PNC está a desenvolver uma plataforma ‘online’, para expandir a sua divulgação, e a tutela quer “fazer um mapa” sobre a exibição cinematográfica, envolvendo entidades como autoridades locais, cineclubes, festivais.
A missão do PNC passa pelo visionamento de filmes diversificados e representativos da História do Cinema e do cinema português, dentro e fora da escola, pela discussão de obras fílmicas com estudantes de vários níveis de ensino e pela formação de professores em literacia fílmica.
No Encontro Cinema e Educação, o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, elogiou a existência de um programa como o PNC assim como de um projeto como Os Filhos de Lumière, nascido há quase 20 anos, de promoção e divulgação da prática cinematográfica, em todas as suas vertentes, sobretudo formativa, para os mais novos.
“Já houve no passado demasiado experiências destas que ficaram pelo caminho. Espero que desta vez isto não pare. Somos todos responsáveis por ajudar que isto não pare”, afirmou.
Defensor incansável da exibição de um filme numa sala de cinema, enquanto experiência comunitária, José Manuel Costa reforçou a importância de articular os agentes do setor do cinema com a educação e pediu “medidas concretas e planos de apoio concretos”.
“Perdeu-se demasiado essa experiência e estamos a agarrar as últimas pontas da possibilidade de erguer em Portugal uma rede que, em todo o país, as pessoas voltem a ter o prazer de ver filmes conjuntamente numa sala”, afirmou.
O Encontro Cinema e Educação é organizado pela Cinemateca em colaboração com o Plano Nacional das Artes e a associação cultural Os Filhos de Lumière.
A segunda edição do encontro é dedicada ao tema “Indisciplinar a Escola” e conta com as presenças de professores, educadores e de dois convidados: O autor e cineasta francês Alain Bergala, pioneiro na pedagogia e implementação nas escolas francesas da educação ao cinema, e o realizador italiano Leonardo di Costanzo, alvo de uma retrospetiva na Cinemateca.
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