É um “desafio totalmente diferente”, disse à agência Lusa a atriz, que interpreta o papel de Kensi Blye, na série de ação da CBS, sublinhando as restrições impostas por causa da crise de saúde pública.
“Estamos limitados naquilo que podemos fazer”, afirmou. “Portanto, cabe ao realizador usar a câmara de uma forma criativa para recriar uma estética rica quando temos muito menos com que trabalhar”.
Ruah explicou que os guiões tiveram de ser adaptados à realidade da covid-19, e a quantidade de pessoas em cada cena é muito menor do que antes, já não havendo cenas em que todo o elenco esteja presente.
“Tive de voltar um pouco atrás para ver o estilo que tínhamos antes”, disse, sobre o trabalho de preparação para realizar o episódio. “Tínhamos centenas de figurantes e uma cena cheia, visualmente rica, isso é uma coisa que não podemos fazer agora”, frisou. “É uma estética que temos de fingir que existe sem mostrar”.
Sendo desafiante, Ruah também considerou que estes limites podem ser úteis para uma principiante. “Estando a realizar pela primeira vez é interessante, porque tenho muitos parâmetros com que trabalhar, o que me ajuda”.
O episódio n.º 11 da 12.ª temporada da série, gravado ao longo de sete dias, em Los Angeles, e que hoje termina a rodagem, vai estrear-se em televisão no dia 21 de fevereiro. Em Portugal, este episódio deverá ser exibido pela primeira vez a meio de março, no canal Fox, numa noite de quinta-feira.
“Sinto um grande entusiasmo e só mesmo pela preparação sei que estou a adorar”, afirmou Daniela Ruah, citando as realizadoras Yangzom Brauen e Tawnia McKiernan com mentoras neste processo.
Apesar de dizer que “não trocaria uma carreira pela outra”, a atriz indicou que esta é uma via criativa que gostaria de continuar a explorar, tanto nos Estados Unidos como possivelmente em Portugal.
“É uma paixão que já tinha há muito tempo, mas nunca dei ouvidos por receio”, disse, explicando que nunca confiara o suficiente na sua capacidade para dar esse passo. “Tenho uma autoestima bastante alta e por algum motivo essa confiança não se traduzia na ideia de realizar”.
Alguma coisa mudou nos últimos anos e Daniela Ruah sentiu-se preparada para avançar, navegando também na onda de abertura que se produziu em Hollywood.
“Tínhamos muito a imagem de um homem branco atrás das câmaras e a liderar uma equipa inteira, e hoje em dia temos uma abertura muito diferente”, afirmou. “Temos uma série de filmes – tanto mais comerciais como mais independentes – que estão a ser realizados, produzidos e escritos por mulheres ou pessoas com ‘backgrounds’ diversos, e acho que isso traz muita riqueza”.
Além disso, não sabendo qual a longevidade de “Investigação Criminal: Los Angeles”, Daniela Ruah considerou que precisava de agarrar a oportunidade de realizar um episódio na série que protagoniza, e da qual já conhece a linguagem.
“Ser realizador em televisão, nos Estados Unidos – é difícil entrar nesse mercado. Os canais de televisão gostam de trabalhar com pessoas que conhecem e em quem confiam”, disse. “Entrando por aqui, já tenho currículo como realizadora, e já confiam em mim para outras coisas”.
Daniela Ruah sublinhou também a importância da parceria com o seu marido, o duplo David Paul Olsen, que também entrará no episódio que está a realizar.
“Eu não posso realizar um episódio e trabalhar as horas que trabalho, se o meu marido não faz parte 100% desse processo”, disse. “Ele toma conta dos miúdos, ele cozinha, ele faz tudo o que precisa de fazer, cancela os planos dele para acomodar os meus planos de realização, porque me apoia a 100%”.
Apesar de estar a ser gravada em plena pandemia, a 12.ª temporada não inclui o novo coronavírus na trama.
“A decisão de não assumir a pandemia estar a acontecer agora – a série passa-se em pós-pandemia – foi porque nos apercebemos que somos a ‘comida de conforto'”, explicou Daniela Ruah.
“Se alguém quer desligar do mundo e ver uma coisa que entretém, não quer estar a desligar as notícias e depois ver personagens fictícias a usar máscaras e a lidar com a pandemia na televisão”, continuou.
Esta ideia de “comida de conforto” é, segundo a atriz, um dos segredos para a longevidade e sucesso da série, que está no ar desde 2009.
“É ‘comida de conforto’ porque os bons ganham sempre no fim. É raro nós não ganharmos no fim, e as pessoas sentem conforto nisso, especialmente vivendo numa época social, política e económica, a pandemia”, disse. “Dentro do furacão que é a vida normal, nós trazemos conforto em dizer: ‘os bons vão ganhar no fim, não se preocupem'”.
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