O maior cartaz Disney disponível em streaming chegou hoje ao território nacional — o que significa mais de 600 filmes, mais de 100 séries e inúmeros conteúdos originais e exclusivos Disney+. Por outras palavras, é a mais alta bitola da Casa do Rato Mickey reunida num só local e à espreita de conquistar o sucesso junto dos portugueses. É uma biblioteca vasta, extensa e que mistura conteúdo clássico com o contemporâneo. E que vem para concorrer com as plataformas já existentes à boleia de muita nostalgia.
Quem quiser assistir à imensa biblioteca de filmes e séries do mundo Disney em Portugal já o pode fazer, uma vez que a plataforma de streaming da Disney+ já se encontra disponível para quem queira subscrever o serviço. Muito se tem escrito sobre ela no último ano, especialmente tendo em conta de que se estreou no mercado em novembro de 2019, nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, na Nova Zelândia. E, hoje, por 6,99€ por mês ou 69,99€ pela subscrição anual, chega ao nosso país.
Lá fora, foram necessárias apenas 24 horas para começar a quebrar recordes. Ou seja, plataforma demorou apenas um dia para atingir a marca de 10 milhões de utilizadores — basicamente um Portugal inteiro a carregar no botão de subscrição. Volvido quase um ano, a cifra está nos 60,5 milhões de assinantes pagantes, de acordo com o Tech Crunch, que cita o CEO da The Walt Disney Company, Bob Chapek. (No entanto, convém salientar que nos Estados Unidos há uma oferta em curso da Disney que junta mais duas plataformas de streaming — Hulu e ESPN+ — por 12.99 dólares/mês, 6 dólares mais barato do que assinar as três separadamente.)
No fundo, se há algo que se pode tirar destes meses, parece ser de que a nostalgia não se esgota, os super-heróis vieram para ficar e o mundo da Guerra das Estrelas continua a apaixonar desenfreadamente os fãs mais aguerridos de todo um universo intergaláctico. Se o mesmo sucesso se vai repetir na Europa ou por cá, numa altura em que este tipo de serviço se desdobra e começa a obrigar a ter que fazer escolhas, só o futuro o dirá. Mas dificilmente se pode considerar que seja um mau prelúdio para a Disney.
Um dos pontos fortes a jogar a favor da plataforma para além da dimensão que o próprio nome acarreta, é que o catálogo disponível não se cinge meramente ao mundo criado pelo senhor Walt e que empresta apelido a um dos nomes mais reconhecidos do mundo. É que além do espólio da Casa do Rato Mickey, se há conteúdo que envolve as marcas Pixar, Marvel, National Geographic e Lucasfilm, esse vai estar igualmente disponível.
O porta-estandarte do serviço tem de ser The Mandalorian, a primeira série live-action do universo Star Wars. Se a primeira temporada foi acarinhada pelos prémios Emmy, deu um (Baby) herói à Internet e já se encontra disponível na plataforma, a segunda está a caminho. E nem vai ser preciso esperar muito. A confirmação foi dada pela própria Disney no início deste mês: 30 de outubro.
Numa entrevista recente à Entertainment Weekly, o criador da série, Jon Favreau, desvendou um pouco o que vem aí. “O mundo estava realmente cativado por Guerra dos Tronos e [como a série] evoluiu à medida que as personagens seguiam diferentes histórias - isso é muito apelativo para mim como membro da audiência”, explicou, antes de rematar que “a nova temporada é sobre a introdução de uma história maior" em que cada episódio tem “o seu próprio sabor”. Mas nem só desta galáxia muito, muito distante se faz esta casa.
É claro que existe a eterna questão de “qualidade vs quantidade” e vão existir vozes, como este artigo da Tech Radar, que dirão que o apelo principal da Disney+ são as franquias que atuam num fenómeno global — como são os casos dos filmes da Marvel, Pixar e Guerra das Estrelas — e de que não há muito mais explorar na plataforma sem ser nestes universos porque o resto não traz novidade. Ademais, podem alegar de que fica a sensação que muito conteúdo da plataforma está camuflado por curtas-metragens e especiais que dão a sensação de abundância numa miríade de opções que afinal não é assim tão grande — ainda que nunca seja demais ver as curtas-metragens da Pixar como Piper (2016) ou Partly Cloudy (2009).
Por outro lado, em sentido inverso, pode-se esgrimir argumentos de que para muitos subscritores a primazia passa pelo conteúdo riquíssimo de toda a história Disney. Não só de clássicos como a A Pequena Sereia (1989) ou Fantasia (1940), mas também como outros filmes da chancela Disney que vão desde os mais recentes O Rei Leão (2019) a Frozen - O Reino do Gelo (2013), passando pelo original Tron (1982) e devida sequela Tron: o Legado (2010). A estes títulos somam-se os conteúdos originais e exclusivos como “High School Musical: O Musical: A Série”, “O Mundo Segundo Jeff Goldblum", "A Dama e o Vagabundo" e "A História da Imagineering”.
Não há mês grátis
Em Portugal não haverá período de experimentação. Ou seja, ao contrário do que tem aconteceu quando HBO Portugal ou Netflix entraram no mercado, não vai existir um período gratuito de quinze dias ou um mês. Nos Estados Unidos foi possível testar a ferramenta gratuitamente durante 7 dias durante uns meses, mas a prática foi descontinuada. Todavia, mais de cem destes conteúdos vão estar disponíveis em Ultra Alta Definição (4K) e há inclusivamente séries e filmes disponíveis em Alto Contraste Dinâmico (HDR).
Vai ser possível aceder à Disney+ na maioria dos dispositivos móveis e smart tvs, computadores, consolas de jogos e dispositivos de streaming e não haverá anúncios. Todavia, a não estará, para já, disponível nas boxes lá de casa de operadoras de telecomunicações como a MEO, Vodafone ou NOS.
Poderão ser utilizados até quatro ecrãs em simultâneo e será possível fazer descarregamentos ilimitados em até 10 dispositivos, assim como vai possível criar sete perfis de utilizador diferentes. A pensar nos mais novos, o serviço inclui a possibilidade de os pais definirem perfis infantis, onde os menus serão mais simples, para que as crianças naveguem de forma intuitiva e tenham acesso a conteúdo apropriado para a sua faixa etária.
O que posso ver?
Basicamente o que se lembrar que é da Disney — independentemente de que Era for. De Alice no País das Maravilhas (1951) a A Família Robinson (1960), passando pela versão live action de Cinderella (2015). No entanto, vão existir casos em que alguns filmes/séries podem estar ligados contratualmente a outros serviços e que só chegarão à Disney+ mais tarde. Assim como não se espere conteúdo mais maduro, violento ou sombrio. A Disney é uma marca de familiar e o conteúdo da plataforma reflete-se nesse molde.
Ainda assim, todos os filmes de Guerra das Estrelas estão disponíveis para visionamento (incluindo Star Wars: A Ascensão de Skywalker (2019), o último da nova trilogia) bem como será possível assistir a mais de 30 filmes da Marvel. No entanto, não espere, para já, ver Homem-Aranha: Longe de Casa (2019) ou Spider-Man: Into The Spider-Verse (2018). São filmes da chancela Marvel, mas os direitos de exibição das histórias de Peter Parker pertencem aos dos estúdios Sony.
O mesmo se passa com as séries Jessica Jones, Punisher, Luke Cage, Defenders, Iron First ou Daredevil, que numa primeira fase também não estarão presentes na plataforma. De acordo com o site Indiewire, há um contrato que impede a sua exibição e/ou personagens de aparecerem em qualquer outra série ou filme que não seja da Netflix durante pelo menos dois anos após o seu cancelamento. A título de exemplo, Daredevil foi cancelada em novembro de 2018, pelo que será presumível que possa fazer parte da grelha de títulos disponíveis lá para o final do ano.
Contudo, existem várias opções além de êxitos de franquias. Porém, iremos sublinhar apenas três para ajudar a arrancar a jornada, caso esteja a considerar aderir ao serviço. São elas:
- “O Único e Incomparável Ivan”
- “Hamilton”
- “A Dama e o Vagabundo” (a nova versão)
O primeiro, é uma adaptação do livro infantil homónimo da escritora K.A. Applegate, que debruça sobre um gorila que procura conquistar o direito à sua liberdade e trata-se de uma mistura de imagem real e animais digitais e conta no elenco com atores de alta renomeada como Bryan Cranston, Sam Rockwell, Angelina Jolie ou Helen Mirren. Chegou a ter estreia planeada no cinema, mas devido à pandemia passou diretamente para a plataforma de streaming da Disney. O SAPO Mag esteve à conversa com a realizadora e o elenco no início deste mês e pode recordá-la aqui.
O segundo é a versão filme do aclamado musical com o mesmo nome, protagonizado por Lin Manuel-Miranda (His Dark Materials), que dá vida Alexander Hamilton, um dos “Pais Fundadores” dos EUA. A peça é um ícone de popularidade na famosa Broadway, ganhou 11 Tony’s e um bilhete (normal) para assistir ao vivo a produção custa 200 dólares (mas o bilhete premium chegou a custar em tempos 1,150 dólares, segundo a Variety).
O terceiro não é mais do que a recriação em imagem real e animação fotorealista do desenhado animado (também disponível) de 1955 — em tudo semelhante ao tratamento que a Disney fez aos seus clássicos A Bela e o Monstro, Aladdin e O Rei Leão. Será, portanto, um momento para recordar as aventuras de Dama, a cadelita cocker spaniel (aristocrata) que não pretendia que tal acontecesse, mas que acaba por se apaixonar por um rafeiro viralata (Vagabundo). Tessa Thompson e Justin Theroux emprestam as vozes ao casal de quatro patas.
O que vem aí?
O que se pode esperar (em grande) nos próximos tempos? Além da já referida segunda temporada de The Mandalorian (Out. 2020) o calendário marca a estreia da série WandaVision (Dez. 2020) — em que Elizabeth Olsen e Paul Bettany retomam os seus papéis de Wanda Maximoff / Scarlet Witch e Vision, respetivamente, da série cinematográfica do universo da Marvel.
The Falcon e The Winter Soldier estava originalmente calendarizada para sair em agosto, mas foi adiada para 2021 devido à pandemia. É dos conteúdos a nível de séries mais aguardados da Marvel, sendo que a ação começa após o final de Vingadores: Endgame, em que a equipa de Sam Wilson (Anthony Mackie) e Bucky Barnes (Sebastian Stan) volta a enfrentar novas ameaças — convém recordar que Steve Rogers passou o escudo do Capitão América a Sam no final de Endgame.
Contudo, o nome mais sonante a chegar à Disney+ em Portugal é Mulan (2020). O projeto demorou cinco anos a concretizar, custou 200 milhões de dólares e era considerado um dos grandes lançamentos cinematográficos do ano até a pandemia vir atrapalhar aquilo que seria normal e expectável — um sucesso de bilheteira.
Em comunicado, a plataforma deu a conhecer que o filme estará disponível no país como parte integrante da oferta para todos os subscritores, em 4 de dezembro, e que não será cobrado qualquer valor adicional para o seu visionamento.
A novidade GroupWatch
Trata-se de uma nova funcionalidade que a Disney+ está a testar atualmente no Canadá e que dá aos subscritores a possibilidade de ver qualquer série ou filme na plataforma em simultâneo com os seus amigos ou família (co-viewing). É esperado que seja lançado noutros mercados nos próximos meses, incluído em Portugal. Também estão previstas centenas de séries, curtas-metragens e especiais vindas do Disney Channel no futuro.
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