A ideia é contar como a designer Estella, que se lança numa carreira promissora na Londres dos anos setenta, acabará por tornar-se na raptora de cães que conhecemos como Cruella de Vil, desde que Dodie Smith publicou o livro "101 Dálmatas" em 1956.
Sonhadora, traumatizada e brilhante, a jovem Estella é interpretada por Emma Stone e suscita uma empatia na audiência que a infame Cruella nunca permitiu.
"Os vilões são sempre muito interessantes de retratar", disse o realizador Craig Gillespie, numa conferência de imprensa em Los Angeles. "Temos mais licença para fazer coisas que não são apropriadas ou ultrapassar os limites e criar estas personagens maiores que a vida".
O realizador, responsável por "Eu, Tonya" (que venceu três Óscares da Academia), explicou como era importante contar esta história de uma forma matizada, fugindo da ideia de vilã ou heroína absoluta.
"Queria que isto não fosse a preto e branco, que tivesse uma área cinzenta e pudéssemos empatizar com as escolhas que ela faz e com as situações a que estava a responder", descreveu.
Em "Cruella" não há, contrariamente àquilo por que a vilã é famosa, animosidade ou crueldade dirigida aos dálmatas.
"Quis que os cães entrassem de uma forma mais realista", explicou o realizador, dizendo que o papel dos dálmatas e a sua relação com eles estão entrelaçados com a sua história emocional.
Jenny Beavan, responsável por um guarda-roupa que é fundamental para se perceber a história, disse na conferência de imprensa que o seu objetivo foi narrar visualmente a transformação de Estella em Cruella.
"Sabemos no que ela se tornará quinze anos mais tarde, com Glenn Close", disse Beavan, referindo-se ao filme "101 Dálmatas" dos anos noventa. "Tinha de ser possível para esta personagem transformar-se naquela".
Para se inspirar, Beavan olhou para Westwood, McQueen, Galliano e outras casas de design, e virou-se para a sua própria memória, já que ela própria viveu em Londres nos anos em que a ação se passa - a ascensão do punk nos anos setenta.
"Digo sempre que não sou uma designer de moda, sou uma contadora de histórias através das roupas", gracejou a responsável, que em 2016 venceu o Óscar de Melhor Guarda-Roupa pelo seu trabalho em "Mad Max".
Beavan também foi a criativa por detrás dos visuais extravagantes da Baronesa, a rival de Estella/Cruella interpretada por Emma Thompson.
"Nela foi claramente Dior, Balenciaga e outros designers de moda dos anos cinquenta e sessenta", explicou. "Ela era uma excelente designer mas já estava a passar do prazo".
Os cenários, as perucas, as roupas e a maquilhagem constroem uma imagética sombria e ambiciosa numa história que segue a fórmula típica dos arcos narrativos da Disney.
"Cruella" tem, no entanto, uma diferença importante. John McCrea interpreta Artie, claramente inspirado em David Bowie, naquele que é o primeiro personagem abertamente gay de um filme Disney.
Artie será uma parte importante da 'entourage' de Cruella e, segundo Craig Gillespie, foi um papel que se expandiu para lá do que estava inicialmente previsto no argumento.
Com uma produção megalómana que incluiu 130 cenários diferentes e 40 dias de filmagens em Londres, "Cruella" é uma das grandes apostas do estúdio para o regresso às salas de cinema, procurando capitalizar no interesse que existe em histórias de origem depois do sucesso de "Maleficent".
O argumento é de Dana Fox ("Couples Retreat") e Tony McNamara (nomeado ao Óscar por "A Favorita"). A história é de Aline Brosh McKenna ("O Diabo Veste Prada"), Kelly Marcel ("Saving Mr. Banks") e Steve Zissis ("The Front Runner").
Entre os protagonistas, além de Emma Stone e Emma Thompson, estão Joel Fry, Paul Walter Hauser, Emily Beecham, Kirby Howell-Baptiste, Mark Strong, Kayvan Novak, John McCrea e Tipper Seifert-Cleveland como Estella em criança.
Marc Platt, Andrew Gunn e Kristin Burr produzem, com Emma Stone, Glenn Close, Michelle Wright e Jared Leboff como produtores executivos.
"Cruella" estreia-se nos cinemas a 28 de maio, e estará disponível no Disney+ Premier Access até agosto.
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