A programação tem por título "Os dias do público" e ocupará os vários espaços do teatro municipal, de 15 a 17 de junho, com ensaios abertos, concertos, um baile dançante ou leituras encenadas. Quem passar por estes dias pelo São Luiz poderá ainda dormir ou mesmo tomar banho no teatro.
"A programação é da sua responsabilidade, foi pensada por eles, trabalhada com eles, diretamente com a equipa do teatro e para nós é um projeto muito importante", explicou a diretora artística do TMSL, Aida Tavares, num encontro com jornalistas, referindo que a iniciativa, que começou em 2016, poderá ter nova edição noutros moldes.
"Os dias do público" serão, então, a súmula de uma relação do teatro municipal com três grupos de cidadãos que acompanharam a vida interna da estrutura cultural ao longo de dois anos.
Segundo Alfredo Martins, um dos coordenadores do projeto, o objetivo foi aproximar um grupo alvo de pessoas que não tivessem uma "relação tão próxima com as instituições culturais e com as programções", mas que tivessem predisposição para o fazer.
O trabalho de bastidores, de aproximação do teatro ao público aconteceu com dois grupos de adultos, um dos quais de mediadores, professores e educadores, e um terceiro grupo com crianças.
"Fomos acompanhando a programação do teatro em encontros quinzenais, para falarmos sobre a relação que tinham ou não tinham com o teatro. Levámo-los a ver ensaios, a conhecer o funcionamento do teatro, a conhecer as equipas", recordou o coordenador.
Na temporada 2017/2018 do TMSL, o foco do trabalho com esses grupos foi "pensar e olhar para a programação, como se faz para um espaço cultural". "Lançámos aos dois grupos adultos o desafio de pensarem uma pequena programação de três dias que resultou aqui nestes 'Os dias do público'", dissse Alfredo Martins.
Da programação, dos espectadores para os espectadores, fazem parte ensaios abertos da peça "Cinderela", que Lígia Soares prepara para a estreia, no dia 19 de junho, leituras encenadas do texto "Um inimigo do povo", de Ibsen, projeção de fotografias de Estelle Valente, que habitualmente colabora com o teatro, e visitas a espaços raramente acessíveis ao público.
A Rádio Aurora, o programa de rádio criado no contexto do Hospital Miguel Bombarda, andará pelo teatro a falar com o público, e para o dia 17 estão marcados "Duetos improváveis" que estimulam a conversa entre duas pessoas com profissões diferentes.
Cerca de vinte espectadores (munidos de saco-cama) vão poder dormir no teatro, numa iniciativa que incluirá uma atuação da cantora Lula Pena e pequeno-almoço servido na manhã seguinte".
Destaque aonda para "Atlas Lisboa", de Ana Borralho e João Galante, uma performance sobre trabalho e que reunirá em palco cem pessoas de profissões diferentes.
Com conceção e seleção musical de Teresa Gentil, nos dias 15 e 16 acontecerá o "Opera show(er)" que convida os espectadores a cantarem no banho, num dos camarins do teatro. No duche estará instalado um microfone para que no exterior se oiça a atuação.
O público que colaborou neste projeto escreveu um manifesto, no qual se lê: "A ausência prolongada de contacto com as artes de espectáculo pode gerar reações adversas e perigosas como a abstinência da inquietação, a beleza, controvérsia e emoção".
Toda a programação "Os dias do público" está disponível na página oficial do Teatro Municipal São Luiz.
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