Denis Villeneuve é um realizador visual. Para o cineasta canadiano, as imagens falam e dizem tanto como as palavras. Do diálogo é que não gosta tanto. "Honestamente, eu odeio diálogo. O diálogo é para o teatro e para a televisão", revelou recentemente ao The Times.
"Não me lembro de filmes por causa de uma boa fala, lembro-me de filmes por causa de uma imagem forte. O diálogo não me interessa de todo. A imagem e o som puros, esse é o poder do cinema. Mas isso é algo que não é óbvio quando se vê os filmes de hoje", concluiria depois na mesma entrevista, embora não sem antes rematar que o "cinema foi corrompido pela televisão".
Declaração com a sua pitada de polémica, embora na volta até tenha provocado um sorriso malandro ao colega de profissão Christopher Nolan, outro ávido defensor do visionamento de filmes na sala escura — e que por acaso até comparou "Duna: Parte Dois" a "Star Wars - O Império Contra-Ataca", o seu "Star Wars favorito" (pela maneira como "expande" o universo que apresentou no primeiro filme).
Mas voltando à parte da importância do diálogo no cinema. Se Villeneuve está certo ou errado, como lembra o Deadline, essa é uma conversa que começou há um século quando apareceram os primeiros filmes falados e que vai continuar no próximo. No entanto, há algo que não se pode negar. O poder da imagem e do impacto da fotografia dos filmes de Villeneuve. Vimos isso logo em 2010 em "Incendies - A Mulher que Canta", como uns anos mais tarde em "Sicario - Infiltrado". "Duna: Parte Dois" apenas reforça o trajeto de sempre.
"É uma expressão batida, mas [‘Duna: Parte Dois’] é uma verdadeira experiência cinematográfica. Foi filmado e é para ser consumido em IMAX ou numa sala cinema. O nível de detalhe que existe a cada momento é gigante, é enorme. É quase como fosse uma pintura numa tela", explica João Dinis neste episódio do podcast Acho Que Vais Gostar Disto.
Não se pense, contudo, que vive só da estética. "Isto não quer dizer que os diálogos não sejam bons ou que não haja profundidade. Não é só um filme bonito. Há é um cuidado maior na estética e em contar a história através das imagens. E apesar de longo [166 minutos], o filme não é aborrecido", remata, comparando-o nesse aspecto a "Oppenheimer", embora salientando as devidas diferenças porque um "é um filme de ficção científica e outro é uma biografia".
Miguel Magalhães completa dizendo que "o maior elogio" é não sentir que os efeitos especiais roubem protagonismo à história. "Uma das críticas que se costuma fazer quando entras nestes mundos de ficção científica é sentires demasiado CGI. Aqui não senti isso. Mesmo com a parte do sandworm, pensas que está incrivelmente bem feito".
"Duna: Parte Dois" continua a jornada mítica de Paul Atreides (Timothée Chalamet) no planeta Arrakis, que se une a Chani (Zendaya) e aos Fremen durante um golpe de vingança contra os conspiradores que destruíram a sua família. Ao enfrentar uma escolha entre o amor da sua vida e o destino do universo, ele lutará para evitar um futuro terrível que só ele pode prever.
- Nos Créditos Finais, falámos do Drive to Survive (Netflix, T6), Iron Claw (nos cinemas) e Bom Partido (nova série no YouTube do humorista Guilherme Geirinhas).
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