No ano em que comemora uma década de existência, o Festlip reforça a ligação entre os países lusófonos, através de uma aposta na tecnologia, que segue a “bem-sucedida” experiência de 2017, em que Angola, Moçambique, Portugal e Brasil interagiram ao vivo durante a cerimónia de abertura, segundo a organização.

Este ano, todos os eventos serão transmitidos no 'site' do festival, em tempo real, estando prevista ainda uma ‘master class’ de culinária orientada por ‘chefs’, via 'streaming', diretamente a partir dos seus países de origem.

O Teatro Meridional, de Lisboa, dirigido por Miguel Seabra e Natália Luiza, é o grande homenageado deste ano, com uma programação que será o destaque do festival e que incluirá peças, recital de poesia e 'workshops'.

De acordo com Tânia Pires, criadora e diretora artística do festival, a curadoria do Festlip tem investido na produção de espetáculos dentro da plataforma do festival, com atores de países lusófonos, pelo que, ao fim de dez anos e com a “maturidade” alcançada, é possível “investir em espetáculos de qualidade, que promovem também um intercâmbio de diretores”.

“Começamos com um brasileiro (Paulo de Moraes) e agora teremos um de Portugal (Miguel Seabra)”, acrescentou a responsável.

Assim, além do uso inédito da tecnologia, a outra grande novidade do Festlip será a apresentação do espetáculo “Sonoridade Poética”, dirigido por Miguel Seabra, do Teatro Meridional, que reunirá, pela primeira vez, atores dos nove países com língua oficial portuguesa – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Esta companhia de teatro apresentará a peça “As Centenárias”, do dramaturgo brasileiro Newton Moreno, sobre duas antigas carpideiras do sertão, no nordeste do Brasil, que reacendem a profissão de carpir os mortos, retomando uma tradição que foi extinta em Portugal nos anos 1970.

“Queríamos muito levar essa montagem ao Brasil, já que sua história parte justamente de um conto tradicional português levado ao Brasil pelos alentejanos. Acho um texto brilhante, que tem a ver com a vida e a morte. Nossa relação Brasil-Portugal passa por inúmeras fases e esse ir e vir faz, para mim, todo sentido”, explica Natália Luiza, diretora desta montagem.

A companhia portuguesa será também responsável por dois 'workshops'. Um de cenografia, ministrado por Natália Luiza e pelo cenógrafo Marco Fonseca, que se aproveitará da construção cénica da peça “As Centenárias”, com técnica criada pela cenógrafa Marta Carreiras, e outro – “E se um dia, tudo” –, voltado para atores, bailarinos profissionais e encenadores, conduzido por Miguel Seabra.

A fechar a participação do Teatro Meridional na programação, Natália Luiza junta-se à atriz brasileira Zezé Motta no recital de poesia “Elas”, nos jardins da Casa Firjan, no Rio de Janeiro.

Natália Luiza e Zezé Motta vão interpretar textos de autoras de países de língua portuguesa, criando um percurso poético pela lusofonia, nas suas diferentes linguagens, sonoridades e temáticas.

No que respeita ao Festlip_ON, uma das grandes novidades será uma 'master class' de culinária, ministrada virtualmente, em tempo real, por ‘chefs’ de Angola e Portugal, diretamente a partir dos seus países, através do canal do Festival na internet.

Durante os três dias do certame, o Festlip_ON ocupará espaços como o Teatro Firjan SESI Rio, Casa Firjan e o Zazá Bistrô, no Rio de Janeiro, com a tradicional mostra 'gourmet', criada pela ‘chef’ Flávia Campos.

Nesta mostra, figurará uma mostra intitulada “Os nove paladares da nossa língua”, que consiste numa entrada de atum defumado com salada de banana da terra, feijão fradinho e piri piri; um prato principal com Fufu de milho servido com frango orgânico em molho de amendoim, quiabo frito e saladinha de couve; uma sobremesa de Abacaxi em calda de gengibre, cubos de manga e espuma de coco.

O Festlip_ON é apresentado pela produtora brasileira Talu Produções, com o apoio institucional do Ministério da Cultura, do Instituto Camões, CPLP e Fundação Calouste Gulbenkian, tendo como parceiros o Firjan/SESI.

No âmbito do festival, decorrerá também o Festlipinho, com atividades destinadas ao público infantojuvenil, no Morro de São Carlos - “o Rolezinho da Língua Portuguesa”, que consiste num encontro dos nove atores dos países lusófonos com jovens da comunidade, entre os 10 e os 15 anos, para uma troca de histórias, tradições e culturas através da música e do teatro.

O FestlipShow também estará de volta, com uma tarde de ritmos angolanos, apresentados pela voz e o violão do músico Paulo Matomina, nos jardins da Casa Firjan.

“A conectividade é uma forma do Festlip se tornar cada vez mais um festival mundial”, considera Tânia Pires, adiantando que o festival vai ter cobertura televisiva e transmissão em Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e em toda a Europa.

“Até ao ano passado, nosso público somava mais de 280 mil pessoas. Com a transmissão das emissoras de Angola e Moçambique, no ano passado e este ano, a audiência será na casa dos milhões”, acrescentou a diretora.