Mbougar Sarr, de 31 anos, torna-se assim o primeiro escritor da África subsaariana a ser galardoado com o prémio, e o mais jovem vencedor desde Patrick Grainville em 1976.
Por este romance, inspirado no destino maldito do escritor maliano Yambo Oulologuem, o jovem autor recebeu seis votos na primeira volta, anunciou Philippe Claudel, secretário-geral do Goncourt, no restaurante Drouant em Paris.
“Sinto muita alegria. Sinto muita alegria”, disse o escritor à imprensa, à chegada ao Drouant, acrescentando: “Não há idade na literatura. Pode-se chegar muito jovem, ou aos 67, aos 30, aos 70 ou ser-se muito velho”.
Outros votos foram para Sorj Chalandon, por “Enfant de salaud”, e para o haitiano Louis-Philippe Dalembert, por “Milwaukee Blues”. Nenhum foi para Christine Angot pelo seu “Le Voyage dans l'Est”, que ganhou o prémio Médicis na semana passada.
“Com este jovem autor, estamos de volta às bases do Goncourt. 31 anos de idade, alguns livros à sua frente. Esperemos que o Goncourt não corte o seu desejo de continuar”, comentou Philippe Claudel.
Paule Constant, outro membro do júri, afirmou que a escolha foi feita “na primeira ronda” e salientou que o livro está escrito “de uma forma extravagante” e que “é um hino à literatura”.
Nascido em 1990, filho de um médico em Diourbel, no centro do Senegal, Mohamed Mbougar Sarr sempre foi um excelente estudante e um ávido leitor.
Quando lhe perguntaram se sentiu alguma pressão dos pais para ter sucesso como o mais velho de seis irmãos, Mbougar Sarr respondeu: “Não, não necessariamente! Só quero dar o melhor exemplo aos meus irmãos”.
A sua entrada na literatura deu-se aos 24 anos, com a obra “Terre ciente”, a que se seguiu “Silence du coeur”, em 2017.
Mohamed Mbougar Sarr sucede a Hervé Le Tellier, cujo romance “A anomalia”, editado em Portugal pela Presença, foi premiado no ano passado, durante uma cerimónia de videoconferência, devido à crise pandémica de Covid-19.
O júri Goncourt, composto por sete homens e três mulheres escritores e intelectuais, reuniu-se no restaurante central parisiense Drouant para votar e atribuir o prémio, que oferece ao vencedor um cheque simbólico de dez euros, mas assegura a venda de centenas de milhares de exemplares. Hervé Le Tellier chegou mesmo a ultrapassar a marca do milhão em menos de um ano.
O prémio Renaudot, anunciado pouco depois no mesmo local, foi atribuído à belga Amélie Nothomb por "Premier sang", dedicado ao seu pai que morreu em 2020.
Desde a sua criação, em 1903, o Goncourt distinguiu escritores como Marcel Proust, Elsa Triolet, Simone de Beauvoir, Romain Gary, Patrick Modiano, Tahar Ben Jelloun, Érik Orsenna, Amin Maalouf, Jonathan Littell, Mathias Énard e Leila Slimani.
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