Miguel Ângelo fala de “Nova (pop)” como um álbum colaborativo, porque os temas que contam com a participação de Chinaskee, dos D’Alva, de Filipe Sambado e de Surma “não são duetos”, estes “nomes da nova pop portuguesa” não foram convidados apenas para cantarem ou tocarem com o cantor.
“São colaborações. Dei-lhes praticamente carta branca para que, com aquela canção que eu gravei no meu ‘home studio’ [estúdio caseiro], eles fizessem o que quisessem, levassem aquilo na direção que lhes apetecesse e que tivesse que ver com o universo musical muito próprio de cada um deles”, contou em declarações à Lusa.
O som de “Nova (pop)”, que tem “um formato entre o EP e o álbum”, já que é composto por seis faixas, vai “desde a super pop dos D’Alva até aos ambientes mais obscuros da Surma, passando pelo novo folk do Filipe Sambado e a eletricidade psicadélica do Chinaskee”.
“Acho que está lá um bocadinho [de tudo] e são pitadas de géneros de que eu gosto muito”, referiu Miguel Ângelo.
A assinalar 35 anos de carreira, o músico achou que seria “uma boa oportunidade” ir ter com “nomes da nova pop portuguesa e sem preconceitos entregar-lhes o trabalho e eles, também sem preconceitos, fazerem o seu trabalho e levarem estas canções mais longe”.
Apesar de “Nova (pop)” só ter começado a ser feito este ano, o “início disto tudo” tem de ser situado “há uns anos”, quando Miguel Ângelo começou, por vias profissionais, a estar em contacto com gente nova, músicos novos portugueses”, quer através da empresa de agenciamento de que é proprietário, A Firma, quer através do ensino, enquanto coordenador do curso de Produção e Criação Musical — BTEC HND, da ETIC, em Lisboa.
Chinaskee foi aluno de Miguel Ângelo, “já há alguns anos”, e os D’Alva são agenciados por A Firma.
Tanto Chinaskee como Alex D’Alva Teixeira e Ben Monteiro (a dupla que compõem os D’Alva) andavam “há cerca de dois anos” a desafiar Miguel Ângelo para fazerem “qualquer coisa juntos”.
“E se calhar foi esse o mote quando eu, no início deste ano, comecei a pensar ‘o que é que vou fazer para marcar os 35 anos de carreira’ e achei que se calhar o melhor era ir ter com eles”, partilhou.
Filipe Sambado surge no disco desafiado por Chinaskee. “Ele alinhou e fizemos no estúdio dele. Quis tentar trabalhar no ambiente onde eles trabalham e não no meu estúdio ou noutros estúdios diferentes”, referiu.
Surma é uma artista cuja carreira Miguel Ângelo tem “seguido” depois de a ter conhecido “há uns anos” numa gala da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), onde o cantor era júri e ela uma das nomeadas.
“Acho que é uma artista com um grande potencial e foi muito interessante trabalhar com ela”, afirmou, contando que, quando recebeu o tema já trabalhado por Surma, teve de “voltar a mergulhar na canção”.
“No fundo, adaptar-me à produção que ela tinha feito, e quando é assim o resultado fica mais interessante”, disse.
A criação de temas em colaboração com novos nomes da música portuguesa é algo que Miguel Ângelo pretende continuar.
“Foi um trabalho de que gostei muito e se calhar ficaria frustrado se não o levasse mais além”, partilhou, adiantando que “o volume dois já está a ser pensado”.
“Gostei tanto desta experiência, que acho que é algo que posso já para o ano repegar e convidar outros nomes de que também gosto, da música portuguesa, e que estejam abertos a um processo como este”, afirmou.
Entretanto, haverá concertos de apresentação de “Nova(pop)”. O primeiro está marcado para segunda-feira, no Arena Live no Casino de Lisboa, e “vai contar com todos os convidados em palco”.
Em janeiro, Miguel Ângelo inica uma digressão de teatros e auditórios e tentará “levar sempre um convidado diferente” a palco, porque “não será possível” ter sempre os quatro.
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