“The Happy Show” abre ao público na sexta-feira, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), apresentando uma série de vídeos, infografias, esculturas e instalações interativas, que pretendem responder às questões “o que é a felicidade?”, “como a encontrar?” e “o que fazemos realmente para ser felizes?”.
A proposta do conhecido ‘designer’ de capas de discos de artistas como Rolling Stones, Talking Heads ou Lou Reed é dar a conhecer ao público, e convidá-lo a experimentar, as coisas que o fazem feliz, levando os visitantes numa viagem pela sua mente e pelas suas visões inovadoras, mas aparentemente simples, sobre como ser mais feliz.
Numa exposição, em que tudo é amarelo e preto, o visitante é recebido, logo à entrada, com a inscrição, em preto sobre parede amarela: “esta exposição não te vai fazer mais feliz”.
Stefan Sagmeister, numa apresentação aos jornalistas, explica a ideia: “se eu levar um amigo a um ginásio para uma sessão de ginástica comigo, ele não vai sair de lá mais magro”.
A ideia é essa, a de inspirar os outros, com a sua experiência, a procurar a felicidade.
Esse conceito está presente até na escolha do amarelo para o espaço da exposição, uma cor que lhe traz conforto e felicidade, porque o fazem recordar os pequenos-almoços de infância, tomados na sua cozinha amarela.
Vestindo uma camisola da mesma cor, o artista apressou-se a explicar, com humor, tratar-se de uma casualidade e não de uma performance.
O humor é, aliás, transversal a toda a exposição, na qual se podem ver braços de plásticos a saírem da parede, segurando pequenos tabuleiros com alguns dos doces favoritos do artista, no convite aos visitantes para os provarem.
Uma bicicleta que Stefan Sagmeister adaptou para se tornar estática ocupa o centro de uma sala e pode ser usada por qualquer pessoa, acionando na parede em frente frases em néon ao ritmo das pedaladas.
Isto porque uma hora de exercício intenso proporciona ao ‘designer’ “mais felicidade do que meia hora de meditação”.
Parte da mostra é composta por narrativas pessoais, escritas nas paredes, que dão a conhecer, por exemplo, que o artista escreve diários há anos, para perceber como evoluiu o seu pensamento e comportamento e, eventualmente, corrigir o que não o faz feliz.
A mistura entre a narrativa e a estatística também é recorrente, sendo visível um gráfico de distribuição dos anos de vida entre os de aprendizagem, de trabalho e de reforma, acompanhado de um texto que explica como decidiu repartir alguns dos anos da reforma pelo período de trabalho, porque essas pausas lhe trazem mais felicidade.
A par disto, Sagmeister mostra — através de texto e bonecos tridimensionais nas paredes – dados estatísticos resultantes de estudos sobre a felicidade, que demonstram, por exemplo, o índice de felicidade de homens e mulheres, em função do seu estado civil.
O apelo a uma atitude mais participativa em busca da felicidade é uma constante desta exposição, que procura ser interativa, com peças como uma escultura iluminada, feita com cubos de açúcar, que se ilumina com cores se a pessoa se ri e fica a preto e branco perante um semblante sério.
A exposição resulta de uma pesquisa de mais de dez anos do artista sobre o conceito de felicidade, em que ele próprio fez uma viagem de autoconhecimento, através de experiências que partilha agora com os visitantes.
Essa viagem de autoconhecimento, em que ao longo de três meses o artista experimentou meditação, terapia cognitiva e fármacos indutores de alteração de humor foram documentados e resultaram num filme intitulado “Having Guts”, cujos primeiros 12 minutos são apresentados em estreia na exposição.
A felicidade dos visitantes vai poder ser também medida, através de um sistema que Sagmeister criou, que consiste em dez enormes tubos numerados de 1 a 10, cada um deles cheio de grandes pastilhas elásticas amarelas, de que todos se podem servir: os tubos deverão ficar mais ou menos vazios em função do estado de espírito dos visitantes, explicou.
“The Happy Show” tem curadoria de Claudia Gould e ficará patente até 4 de junho.
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