O cenário dificilmente seria mais português. Na Embaixada de Portugal na capital francesa e ao som de Dulce Pontes, Fátima Lopes celebrou o seu 20.º aniversário na Semana da Moda em Paris com uma coleção que considera ser a sua "melhor coleção de sempre" e que serviu para "elevar o orgulho nacional".
"Eu hoje faço 20 anos em Paris, 41 desfiles consecutivos. Esta aventura começou em março de 1999, quando toda a gente dizia que era impossível e eu, teimosamente, vim para cá. (...) Achei que estava na altura de elevar o orgulho nacional e [o tema] tinha de ser Portugal. Na coleção nada é evidente, mas é tudo muito moda e subtil, são materiais nobres, sedas, rendas, casacos são de caxemira. Para mim, é a minha melhor coleção, a melhor coleção de sempre", afirmou a criadora nacional aos jornalistas.
A subtileza da coleção passou por conjugações de preto, branco e cinza que se inspiraram na calçada portuguesa, nos azuis e efeitos de volumes que lembraram o mar, e também tons terra que recordaram as serras lusas.
Já os sapatos, uma parceria da designer com a empresa Jóia da Europa, em tons dourados, lembravam o sol do país.
Segundo Fátima Lopes, esta é uma coleção para ser vestida por todas as mulheres e em todas as ocasiões.
"É uma coleção que é comercial, apesar de ser sofisticada. É para usar. Não é para ‘show off’", acrescentou.
Os 20 anos em Paris mostraram a Fátima Lopes realidades diferentes da presença de Portugal no panorama da moda e também como o país era visto em França.
"Antes ninguém acreditava que eu fosse portuguesa e agora Portugal está na moda, conheci as duas realidades muito diferentes", afirmou a criadora.
Esta é uma realidade também vivida por Miguel Frasquilho, presidente da TAP - um dos parceiros de Fátima Lopes - e antigo presidente da AICEP, que marcou presença no desfile na capital francesa.
"Pude constatar [enquanto presidente da AICEP] que a moda portuguesa tem estado progressivamente em alta, estive em vários certames em Itália e em França, onde me foi dada a conhecer essa trajetória ascendente. Também a nível da moda, Portugal se afirma como uma referência global", disse Miguel Frasquilho em declarações à agência Lusa.
Tendo consciência de como as indústrias criativas têm "um potencial económico tremendo" e a determinação de que "a moda de Portugal também tem de estar na moda", o embaixador de Portugal em França, Jorge Torres Pereira, abriu as portas da embaixada sem hesitar.
"A embaixada é um apoio de Portugal aos artistas que se esforçam e que têm no seu ativo muitos anos de trabalho. Quando a Fátima Lopes, no ano passado, me falou que ia ter o 20.º aniversário, eu disse: 'Porque não fazer na embaixada?' Não sabia que ia ser uma pequena revolução na residência, mas eu penso que as embaixadas existem justamente para estes momentos e têm de mostrar a sua caapcidade de fazer várias coisas", indicou o diplomata.
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