Quatro dias de música, exposições, feiras culturais e ciclos de cinema marcam o programa do festival que, de 09 a 12 de agosto, converte toda a aldeia de Cem Soldos, em Tomar, no recinto do evento, que “nesta edição vive o ano da mudança”, como disse à Lusa Luís Ferreira, da organização do Bons Sons.

O festival apresentado hoje à comunicação social surge com novidades no recinto e na forma como os participantes que vão rumar à aldeia serão recebidos nos oito palcos por onde passarão cerca de meia centena de concertos de música portuguesa.

Salvador Sobral, Selma Uamusse, Mazgani, Sara Tavares, Sean Riley & The Slowriders, Cais Sodré Funk Connection, Dead Combo, Lena D'Água e Primeira Dama com Banda Xita são as propostas reveladas hoje para o palco Lopes Graça, no largo da aldeia.

No festival, que se assume como “um amor de verão”, este ano mudam de nome o Palco Eira e o Palco ao Sol.

A primeira passa para um “terreno mais intimista” e a denominar-se palco Zeca Afonso, para receber nomes como The Lemon Lovers, Slow J, 10.000 Russos, Mirror People, Zeca Medeiros, Paus, Peltzer e Linda Martini.

O segundo passa a chamar-se Amália, homenageando a mais emblemática fadista portuguesa e passando a receber concertos também à noite. Nesta edição atuam naquele espaço Norberto Lobo, João Afonso, Miguel Calhaz, Ela Vaz, Motion Trio, Moonshiners, Fado Violado e o espetáculo “Tia Graça – Toda a gente devia ter uma”.

No palco Giacometti, a relação de intimidade com o público celebra-se nesta edição com Lince, Jerónimo, S. Pedro, Tomara, O Gajo, Quartoquarto, Monday e Luis Severo.

Palankalama, Patrícia Costa e Meta são as propostas para o palco Música Portuguesa a Gostar dela Própria, espaço onde cabem ainda as atuações de Vozes de Manhouce, Homem em Catarse, Artesãos da Música, Orquestra de Foles e Douradas Espigas.

Noite dentro a música vive-se em Cem Soldos no palco Aguardela, com DJ como António Bastos, Conan Osiris, Colorau Som Sistema e Xinobi.

O auditório da aldeia muda também este ano de nome, adotando a denominação Agostinho da Silva, “um exemplo na forma como [se trabalha] em Cem Soldos”, afirmou Luis Ferreira, alinhado com “a visão que ele tinha do trabalho cultural nas comunidades”.

Por ali passarão performances de dança e “Curtas em flagrante”, um festival de curtas-metragens oriundas de Países de Língua Oficial Portuguesa.

Em “trajetória de crescimento”, mas sempre com a tónica de “um crescimento sustentado”, o Bons Sons renova este ano “o casamento da aldeia com o festival”, inteiramente organizado e montado pelos seus habitantes, com novidades como o pagamento sem dinheiro.

“Por sermos nós, aldeia, a receber e a servir, queremos evitar alguns processos mais burocráticos e facilitar a vida a quem nos visita, sem preocupações com dinheiro nem filas para pagamentos”, afirmou o responsável pelo festival onde, a partir deste ano, os pagamentos são feitos “através de carregamentos de dinheiro nas pulseiras, nas bilheteiras ou nos bancos do festival”.

O evento reforça também iniciativas para reduzir a pegada ecológica do festival, com “mais casas de banho secas nos campismos” ou as canecas reutilizáveis, “o ano passado muito bem recebidas por todos e que tiveram impactos visíveis no espaço onde quase não havia resíduos no chão”.

O objetivo é que “o festival pese [em termos ambientais] cada vez menos na aldeia e na região”, meta expressa também num reforço das atividades paralelas cujo programa está ainda a ser fechado.

O Bons Sons é organizado pelo Sport Club Operário de Cem Soldos desde 2006 e manteve-se bienal até 2014, passando a realizar-se anualmente e tendo recebido, em oito edições, 278 concertos e 238.500 visitantes.

Todos os anos, no segundo fim de semana de agosto, a aldeia de 600 habitantes é fechada e o seu perímetro delimita o recinto do festival onde a população recebe e serve os festivaleiros, transformando garagens em salas de espetáculos, pomares em parques de estacionamento, jardins em restaurantes a céu aberto e abrindo as casas a concertos espontâneos.

O festival tem como meta o desenvolvimento local e integra-se num conjunto de atividades culturais, cujos lucros revertem para projetos culturais e sociais.

Os ingressos para o festival podem ser adquiridos até julho ao preço de 40 euros pelo passe de quatro dias (com campismo incluído) e de 20 euros pelo bilhete diário. Em agosto os valores aumentam, para 45 e 25 euros, respetivamente.