O realizador, ator, produtor e crítico de cinema nasceu na Figueira da Foz, em 02 de fevereiro de 1939, e morreu em Lisboa, em 2003, um dia após completar 64 anos. Na cidade que o viu nascer e onde morou até meados da adolescência, não existia, até hoje, qualquer referência toponímica a João César Monteiro, uma das razões que levou a Câmara Municipal a prestar-lhe, agora, homenagem.
"João César Monteiro era um génio, e nessa irreverência e imprevisibilidade que o caracterizavam, marcou o cinema português e fez suscitar muitas críticas, porque atuava 'fora da caixa'. E era um figueirense e merece ser referido enquanto tal", disse à agência Lusa Nuno Gonçalves, vereador com o pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
O vereador adiantou, a esse propósito, que os poderes públicos "têm a estrita obrigação de fazer com que os seus nomes sejam perpetuados".
"Cultura também é isso, é liberdade e a liberdade da crítica", enfatizou Nuno Gonçalves.
A homenagem hoje anunciada está agendada para dias 31 - com a exibição do último filme de César Monteiro, "Vai e Vem" (2003) - e 01 de fevereiro, data em que decorrerá a atribuição do nome de João César Monteiro ao Pequeno Auditório do CAE (espaço onde uma vez por semana são exibidos filmes do chamado cinema alternativo e de autor), seguida de um colóquio sobre a vida e obra do cineasta.
O programa fecha com a exibição de "As Bodas de Deus", longa-metragem de 1999, ano anterior àquele em que César Monteiro protagonizou uma das maiores polémicas do cinema português ao estrear "Branca de Neve", um filme inspirado na obra de Robert Walser, em que aos diálogos se sobrepunha um longo plano em "vários tens de cinzento", como afirmava, entrecortado por curtas sequências de luz e de céu azul, com nuvens.
Autor de 12 longas-metragens, João César Monteiro foi duas vezes premiado no festival de Veneza, a primeira em 1989 com o Leão de Prata por "Recordações da Casa Amarela" - filme inaugural da trilogia João de Deus, poeta e louco interpretado pelo próprio realizador e seu alter-ego - e, em 1995, com o Grande Prémio do Júri, por "A Comédia de Deus", que deu continuidade a este ciclo, fechado com "As Bodas de Deus", em 1999.
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