Fiona, a mais nova favorita dos internautas, nasceu prematura há sete meses e desde o mês passado é a estrela de uma série de vídeos no Facebook, onde agora tem sua própria página. Para o primeiro episódio do "Fiona show", o zoológico de Cincinnati, que partilha o seu crescimento nas redes sociais, prometeu divulgar um vídeo de seu nascimento.

Desde janeiro, os Estados Unidos apaixonaram-se por este mamífero adorável e um tanto desajeitado, cujos primeiros passos foram acompanhados como uma novela, com um ritmo regular de altos e baixos.

Num vídeo publicado pelo zoológico, o animal é visto a tomar um biberão ao colo de um tratador quando pesava apenas 13 quilos, enquanto se aninhava com um enorme 'bichinho' de pelúcia.

Com o passar dos dias e com o mundo a assistir, Fiona descobriu o gosto pela brincadeira e, finalmente, mergulhou na piscina para se reconciliar com a sua mãe, que a havia rejeitado ao nascer.

Agora Fiona tem 200 kg, um peso mais condizente com os seus sete meses de vida.

"Não planeámos transformá-la numa celebridade, simplesmente aconteceu", disse à AFP Michelle Curley, funcionária do jardim zoológico, explicando que simplesmente tentaram mostrar "transparência" e em pouco tempo o público já se tinha "apaixonado pelo pequeno hipopótamo".

Mais visitas ao zoo

A ideia de transformá-la quase numa estrela de "reality show" também não veio da instituição, afirmou.

"O Facebook procurou-nos com o propósito de fazer um programa sobre a Fiona na sua nova plataforma Watch", acrescentou Curley, que diz estar "louca" pelo hipopótamo.

Ela reconhece que o "fator Fiona" vendeu e que as visitas ao zoológico foram "ótimas" este verão, sem ter que gastar nem um dólar com publicidade.

"Os zoológicos utilizam cada vez mais os animais-estrelas para atrair o público. Este 'estrelato' graças às redes sociais (...) é uma forma de atrair diretamente os visitantes potenciais", considerou Ivy Collier, uma responsável do instituto Animals and Society.

Nos últimos anos nos Estados Unidos, os nascimentos de animais que vão dos pandas às águias-carecas vem sendo regularmente seguidos por centenas de milhares de internautas graças a câmaras no recinto ou ninho, que transmitem 24 horas por dia.

Collier diz-se "otimista porque, além da sensibilização, isto se traduzirá num interesse mais profundo pela proteção e o bem-estar animal". "É terrivelmente difícil conhecer um urso polar bebé, lindo e esponjoso, e depois vê-lo a ser maltratado", aponta.

"Para mim é como uma lavagem ecológica", indicou Lisa Moore, socióloga e professora da Universidade de Nova Iorque, ao referir-se a uma técnica de mercado que consiste em dar uma imagem a favor do meio ambiente, geralmente superficial.

Será pior? 

"É totalmente artificial e, paradoxalmente, 'desconecta-nos' dos animais, visto que já não precisamos de sair de casa" para estar em contacto com eles, afirma.

Segundo a especialista em animais, esta prática pode piorar no futuro porque não vai parar nos zoológicos. Em breve, indica, "equiparemos os animais com câmaras" no seu habitat natural para estar mais perto deles.

"É preocupante de muitas formas", diz Elizabeth Grauerholz, socióloga da Universidade da Flórida Central. Sobretudo, são "esforços para gerar rendimentos e vender produtos derivados", lamenta.

Elizabeth Hogan, gerente da organização World Animal Protection, com sede em Nova Iorque, opina, no entanto, que nem tudo segue esta tendência. Mas lamenta que estes "vídeos de animais cativos sem contexto deem uma percepção pouco realista dos comportamentos selvagens".

Este "entretenimento", disse, poderia levar ao esquecimento de que "o público nunca deve interagir diretamente com os animais selvagens".

Esta prática, no entanto, não é de hoje nem veio com a internet. Nos anos 1960 e 1970, o gorila Guy transformou-se na estrela do zoológico de Londres e da televisão inglesa.

Décadas depois do preto e branco e na era das redes sociais, Fiona tem seguidores em 70 países.