"Nu" é o terceiro álbum de originais e surge acompanhado de uma obra visual, com curtas-metragens idealizadas e filmadas pelo grupo - uma para cada tema - e com uma narrativa que se interliga com a lírica do registo.

Tudo isto surgiu de um processo criativo diferente, experimentado pelos cinco músicos num ambiente de comunidade artística, numa casa que reabilitaram em Reixida, numa localidade próxima da nascente do rio Lis e de Leiria, de onde são originários.

"O nosso estúdio pessoal faz parte de um complexo industrial de uma empresa – Movicortes – e está cedido a nós há muito tempo. Neste momento começaram a juntar-se outras bandas e há uma casa muito antiga que estava abandonada. Decidimos que seria uma boa ideia reabilitá-la para estarmos juntos e criar isto", contou um dos músicos, Telmo Soares, à agência Lusa.

No verão passado, numa altura em que aquele complexo industrial se tornou numa espécie de núcleo artístico e criativo, o quinteto decidiu mudar-se para aquela casa recuperada e trabalhar de forma mais consistente nas ideias que tinham para um novo álbum.

"Nos dois primeiros álbuns fazíamos quase tudo em conjunto, estávamos os cinco dentro da sala de ensaio a fazer barulho. Este nome, 'Nu', e o contexto que carrega; abrimos de uma maneira que nunca fizemos antes (...) O 'Nu' vem daí, vem das lutas que temos cá dentro e que passamos cá para fora. Uma batalha entre o exterior e o interior", explicou Roberto Caetano, outro dos elementos dos First Breath After Coma.

Os cinco músicos, hoje a rondar os 25 anos, tocam juntos desde a adolescência, mas editaram o primeiro álbum, "The Misadventures of Anthony Knivet", em 2013, ao qual sucedeu "Drifter", de 2016.

Batizados com o nome de uma música do grupo norte-americano Explosions in the Sky, os First Breath After Coma não querem ser rotulados com o selo do pós-rock: "Nunca foi nosso objetivo. O nosso leque é muito mais abrangente, somos bastante ecléticos naquilo que ouvimos", sublinhou Roberto Caetano.

"Nu" tem "muita mistura de música étnica, vai buscar um bocadinho ao gospel, ao hip hop, à música soul. Tem uma presença menor daqueles elementos do rock tradicional, tem elementos mais eletrónicos, a modulação da voz foi muito feito neste álbum", acrescentou Telmo Soares.

Aquela mudança do processo criativo coletivo levou a que a banda pensasse no disco como um objeto intrinsecamente ligado a uma narrativa visual, daí o filme de cerca de 40 minutos que acompanha o lançamento discográfico.

O filme, que foi feito pela Casota Collective, a produtora audiovisual criada pela banda, tanto pode ser visto como um objeto cinematográfico, como uma série de videoclips e haverá oportunidades para o exibir num filme-concerto, explicaram os músicos.

"Todas as músicas refletem angústias, medos, paixões e sonhos de cada um de nós e aquilo [o filme] começou a fazer sentido. Estamos a falar da vida, da natureza humana e encontrámos uma narrativa que podia ser explorada através daquilo", disse Telmo Soares.

Os First Breath After Coma preparam uma série de concertos de apresentação de "Nu", no começo de março em Leiria, Porto, Coimbra e Lisboa, seguindo depois para uma digressão europeia com cerca de 20 datas. E está anunciada uma passagem, no verão, pelo festival de Paredes de Coura.

O álbum será distribuído em vários países europeus, como a Alemanha, o território onde o grupo começou a ser mais conhecido fora de Portugal.

"O público alemão vai com a nossa música. Porque a nossa promotora e agência está lá, acaba por ser um maior número de concertos na Alemanha; as condições são excelentes e sentimo-nos bem lá. É um país incrível, muito interessante a nível cultural", disseram Telmo Soares e Roberto Caetano.

O grupo considera que há uma grande margem para crescer no estrangeiro, em particular com concertos na Europa, mas Telmo Soares sublinha que é preciso ter "um nível de preparação e organização incrível, mesmo muito detalhado".