O "festival de pensamento" abre pelas 16:00, no Teatro Municipal Rivoli, com o artista de vídeo Ali Cherri, do Líbano, a mostrar “Water Blues”, uma “reflexão sobre o poder que a lama exerce sobre nós, como material e metáfora”, seguido de outro trabalho audiovisual, “Hidden Park”, da chinesa Guan Xiao, uma reflexão sobre o corpo e a humanidade.

Depois das duas obras, segue-se a sessão com Tolokonnikova, num olhar sobre a Grécia Antiga como casa de tradição filosófica académica, pela “escrita de Platão e Aristóteles”, mas também “da tradição de uma filosofia prática”.

O Fórum, que se estende até 10 de novembro, tem como tema de fundo “Ágora Club”, numa alusão à praça pública de debate, e uma reflexão “sobre o nosso tempo e principalmente sobre o futuro”, a partir “da Antiguidade e da sua manifestação na cultura contemporânea”, declarou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, na apresentação, em que classificou o evento como um “’statement’ [momento de afirmação] político da cidade”.

No segundo dia, os londrinos Slavs and Tatars olham para Lenine e a URSS pelas 17:00, no Rivoli, antes de uma sessão com o professor de astrofísica na Universidade de Genebra, e líder do projeto HARPS, Michel Mayor, pelas 21:30.

O astrofísico que lidera o projeto conhecido como ‘caçador de planetas’ fala sobre “a pluralidade de mundos no cosmos”, numa sessão com o catedrático da Universidade do Porto Orfeu Bertolami, num dia que inclui ainda uma palestra do filósofo italiano Maurizio Lazzarato, sobre o “Império da Dívida”.

O arqueólogo e historiador alemão Vinzenz Brinkmann desloca-se ao Porto para uma palestra ‘à mesa’, durante um almoço no espaço da companhia Mala Voadora, sobre a estética clássica do período grego-romano.

Moderada por Natacha Antão, a sessão de terça-feira, pelas 13:00, dialoga também com a performance “As Metamorfoses de Ovídio”, que a Mala Voadora apresenta no dia 09, pelas 23:30, a partir da obra do poeta romano e em diálogo com a investigação de Brinkmann.

Entre os 52 convidados de 17 países diferentes está o japonês Toyo Ito, Prémio Pritzker em 2013 e pela primeira vez em Portugal, falando na terça-feira da “nova arena pública” e de novas organizações de espaço para debate, encontro e confronto de ideias.

No dia 7, o dramaturgo britânico Martin Crimp vai antecipar a peça “The Rest Will Be Familiar To You From The Cinema” (“E o resto nós sabemos do cinema”, em tradução livre), que Nuno Carinhas e Fernando Mora Ramos encenam no Teatro Nacional São João, com estreia marcada para 27 de março de 2019.

Crimp reescreve “As Fenícias”, de Eurípides, e antecipa a estreia da nova produção numa conversa com a investigadora Maria Sequeira Mendes, num dia que conta ainda com uma conversa entre a britânica Marina Warner, presidente da Royal Society of Literature, e a espanhola Beatriz Colomina.

O indiano Pankal Mishra, a espanhola Eva Franch e o crítico de teatro alemão Hans-Thies Lehmann são outros dos nomes do cartaz, que tem como um dos maiores destaques a presença da escritora canadiana Margaret Atwood.

Atwood, cujo romance “A Odisseia de Penélope” chegou às livrarias em outubro, pela editora Elsinore, estará no grande auditório do Rivoli no dia 08, em conversa com o curador da Whitechapel Gallery Gareth Evans, para falar “sobre a importância da mitologia na sua obra”.

Outro dos temas abordados é o peso da identidade, ordem social e linguagem no trabalho da autora de obras como “O assassino cego”, vencedor do Booker Prize, “A história de uma serva” ou “Chamavam-lhe Grace”.

Em linha com o tema que define a programação do Fórum do Futuro, a obra, publicada em 2005 e com uma primeira tradução portuguesa, esgotada há anos, pela Teorema (2006), revisita a “Odisseia”, de Homero, seguindo Penélope, a mulher morta e esquecida de Ulisses que vagueia pelos inferno e tem aqui uma oportunidade de contar a sua versão.

No último dia, o palco é do compositor britânico Harrison Birtwistle, que regressa à Casa da Música depois de, em 2017, ano da Grã-Bretanha do espaço, ter sido o compositor em residência, com o Cinema Trindade a receber, um dia antes, a exibição do documentário “What Is Democracy?”, da norte-americana Astra Taylor.

Com membros de várias regiões da Colômbia e da Venezuela, o coletivo musical Candeleros encerra, pelas 23:30 de dia 10, a quinta edição do Fórum do Futuro, com “Baile de Cúmbia”, um trabalho sobre música de origem indígena.