A cerimónia está marcada para as 18:00, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, tem prevista a presença do secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e dos Media, Nuno Artur Silva, e esteve prevista para setembro passado, mas foi cancelada devido à morte do ex-Presidente da República Jorge Sampaio (1939-2021).
O prémio, promovido pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), com o apoio da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e Bibliotecas (DGLAB), tem o valor pecuniário de 15.000 euros.
Segundo o júri, “Contra mim” foi “merecedor” do Grande Prémio de Romance e Novela, “pela qualidade de construção narrativa, na cuidada arquitetura do texto, e pela expressividade poética da linguagem, na poderosa evocação de tempos e de lugares da infância”, como a APE divulgou em junho último, quando do anúncio do vencedor.
“Esta escrita recria, sensível e ironicamente, o olhar comovido da criança, na descoberta do mundo e das palavras, e nesse gesto de resgate podemos ler a projeção de um autor a desenhar-se perante os seus leitores”, disse ainda o júri, que foi coordenado pelo poeta, ensaísta e tradutor José Manuel de Vasconcelos, e constituído pelos professores, investigadores, escritores e críticos literários António Pedro Pita, Carlos Mendes de Sousa, Manuel Frias Martins, Maria de Lurdes Sampaio e Rita Patrício.
O escritor publicou, recentemente um novo título, “As Doenças do Brasil”, uma “exuberante aventura das palavras em busca da hipótese de paz”, segundo a editora.
Trata-se de “uma delicada visão de um Brasil passado” sujeito à “‘fera branca’ quase exterminou os povos originários do Brasil”, lê-se na apresentação da obra. “Ao longo de séculos, os brancos mataram aqueles que não podiam escravizar. A dada altura, em fuga, muitos negros encontraram ao acaso os povos de peles vermelhas e tantas vezes o entendimento e a paz aconteceram”.
Em “As Doenças do Brasil”, Valter Hugo Mãe cria assim, para a literatura atual “duas figuras inesquecíveis: Honra e Meio da Noite, rapazes peculiares que, ao abrigo das aldeias gentis dos abaeté, estabelecem uma cumplicidade para certa ideia de defesa”.
Honra é fruto da violação de um branco a uma abaeté; cresce humilhado por uma pele clara, “que diz não ser cicatriz daquele golpe porque é ferida”. Mas “é sempre ferida”.
Quanto a Meio da Noite, “negro, rapaz fugido do jugo da escravidão, haverá de ser guerreiro noturno, educado para os modos abaeté por Honra”, acrescenta a sinopse. “Juntos crescem e aprendem, ‘os feios’. Juntos firmam um compromisso para uma ideia de defesa da comunidade”.
O mais recente romance do escritor, publicado no passado mês de setembro, é assim “uma delicadíssima história de resistentes”, “uma exuberante aventura das palavras e da imaginação em busca da hipótese da paz”, “escrita com a violência e fascínio de um poema que busca o fulgor da realidade”, conclui a Porto Editora.
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