Pela primeira vez, há um filme de produção portuguesa a integrar os nomeados para os Óscares, com "Ice Merchants", realizado por João Gonzalez, candidato ao prémio de melhor curta-metragem de animação.
Além de "Ice Merchants", na corrida a uma nomeação estavam também "O homem do lixo", de Laura Gonçalves, na categoria de melhor curta de animação, e "O lobo solitário", de Filipe Melo, para o Óscar de melhor curta-metragem, em imagem real, que não conseguiram uma nomeação.
Para o Óscar de melhor curta-metragem de animação estão ainda nomeados "The Boy, the Mole, the Fox and the Horse", de Charlie Mackesy e Matthew Freud, "The Flying Sailor", de Amanda Forbis e Wendy Tilby, "My Year of Dicks", de Sara Gunnarsdóttir, e "An Ostrich Told Me the World Is Fake and I Think I Believe It", de Lachlan Pendragon.
"Ice Merchants" é o terceiro filme de João Gonzalez, tem produção portuguesa de Bruno Caetano, pela Cola Animation, e coprodução com França e Reino Unido.
O filme, sem diálogos, tem como ponto de partida a imagem de uma casa numa montanha, debruçada num precipício. A partir daí, o realizador desenvolveu a história de um pai e um filho, que produzem gelo na casa inóspita onde vivem, e de onde saltam todos os dias de paraquedas para o vender na aldeia, no sopé da montanha.
João Gonzalez assina a realização e a banda sonora do filme e divide a animação, em 2D, com a polaca Ala Nunu.
Antes de chegar às nomeações dos Óscares, "Ice Merchants" teve uma estreia premiada em 2022 na Semana da Crítica no Festival de Cinema de Cannes, em França.
De acordo com a Agência da Curta-Metragem, o filme de João Gonzalez já passou por mais de uma centena de festivais de cinema, obteve 44 prémios e foi visto por 8.425 espectadores.
A cerimónia da 95.ª edição dos Óscares está marcada para 12 de março.
Casa da Animação espera que nomeação aos Óscares traga mais atenção ao setor em Portugal
A presidente da Casa da Animação, Regina Machado, realçou que se fez história hoje com a nomeação de “Ice Merchants”, de João Gonzalez, para os Óscares, e salientou que a escolha mostra a relevância da animação portuguesa.
“Fez-se história [com a primeira nomeação de um filme de produção maioritária portuguesa para os Óscares]. E começou por uma animação, isso é a prova viva de que a animação tem de ser vista como cinema e não como uma técnica de cinema”, afirmou à Lusa Regina Machado, que começou o telefonema a assumir que estava de lágrimas nos olhos.
A dirigente da Casa da Animação acrescentou que é “bom que as pessoas estejam cada vez mais atentas ao cinema de animação nacional”, enaltecendo o “talento” do realizador e dando os parabéns quer a Gonzalez quer à produtora Cola Animation.
(Notícia atualizada às 14h06)
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