Irene O’Shea, 102 anos de idade, saltou de paraquedas de um avião a 4.300 metros de altura, no passado domingo, dia 9. E não foi a primeira vez que o fez, como relembra o Washington Post.

Apesar da idade, quando pisou o solo, em Langhorne Creek, cidade no sul da Austrália, na presença de 50 amigos e familiares, disse que "se sentia normal". Normal, no sentido de que não sentiu nada de diferente em relação aos dois saltos que efetuou quando tinha 100 e 101 anos.

"Senti-me normal, na mesma [maneira que nos outros saltos]", disse ao jornal australiano Advertiser.

No entanto, há uma razão para a bisavó centenária alinhar nesta aventura radical que nem sempre contou com o apoio dos familiares, segundo explicações de uma das suas netas ao Now to Love. É que Irene tem saltado dos aviões para chamar a atenção e angariar dinheiro para uma doença neurológica degenerativa conhecida como Doença do Neurónio Motor (a forma mais frequente de Esclerose Lateral Amiotrófica — ELA) que matou a filha, Shelagh FitzHenry, quando esta tinha 67 anos.

"Perdi a minha filha para essa doença há 10 anos, e sinto a sua falta", confidenciou ao Advertiser.

Para ajudar a encontrar uma cura, Irene saltou o ano passado e angariou 12 mil dólares australianos (7,600€). Em 2018, com este último realizado, quer chegar aos 10 mil (conta com 921€ à hora de publicação). O dinheiro reverte para a Associação da Doença do Neurónio Motor do Sul da Austrália, de acordo com a página criada para o efeito na plataforma de angariação de fundos GoFundMe — e onde quem quiser pode contribuir para a causa da centenária.

Irene está igualmente a lutar para ser considerada a mulher mais velha do mundo a ter saltado de paraquedas — mas apenas porque sabe que a sua idade pode ajudar a trazer tração à sua causa. Apresentada a candidatura ao título com o salto de domingo, Irene pode vir a ser considerada a pessoa mais velha do mundo a tê-lo feito. A candidatura está feita, agora é esperar pela avaliação.

Porém, de que acordo com uma explicação do Washington Post, que cita um porta-voz do Guinness World Records, o livro dos recordes apenas reconhece a "mulher" ou "homem" mais velho e não a "pessoa" mais velha. É que no ano passado o norte-americano Kenneth Meyer, de Nova Jérsia, fez algo semelhante com 102 anos e 172 dias — feito que também está atualmente sobre revisão do Guinness World Records.

Nascida a 30 de maio de 1916, Irene O’Shea tinha 102 anos e 193 dias no dia de salto, precisamente mais 21 dias do que Meyer. Portanto, independentemente daquilo que o livro dos recordes aprove no futuro, Irene será a pessoa mais velha do mundo — à data — a tê-lo feito.

Ainda assim, o título "oficial" da mulher mais velha a efetuar um salto de paraquedas pertence a Estrid Geertson — hoje falecida. Esse aconteceu em 2004 a 4,000 metros de altitude, quando a dinamarquesa tinha 100 anos e 60 dias.

créditos: AFP PHOTO / SA SKYDIVING / BRYCE SELLICK & MATT TEAGER | AFP

Por conseguinte, resta dizer que o salto foi dado com a ajuda do seu fiel companheiro destas andanças, Jed Smith, um paramédico de 24 anos, segundo o site da SA Skydiving, empresa que ajudou Irene nas suas aventuras.

Ora, é então que num clique fácil e rápido pelo site da SA Skydiving encontramos a informação sobre o salto que poderá valer um recorde no Guiness, ao ler-se que "Irene e Jed completaram uma bela e suave queda livre, caindo a 220 km/h através de nuvens finas, antes de uma abertura suave de paraquedas".

E que achou a protagonista sobre o dia do terceiro salto?

"O céu estava aberto e foi um bom dia, apesar de ter passado muito frio", explicou O'Shea.

A viver em Athelstone desde que chegou à Austrália em 1974, segundo o site de notícias australiano news.com.au, O’shea ainda conduz o seu carro, lê sem óculos e, tirando umas pequenas mazelas próprias da idade, está de boa saúde. E até já pensa no próximo salto.

“Voltarei a saltar, provavelmente, no próximo ano. E se viver até lá, salto aos 105”, disse.