Questionada sobre a opção de estrear primeiro em França, a realizadora, que esteve, na quarta-feira, na estreia em Argenteuil, nos arredores de Paris, respondeu: "É assim que o mercado funciona".
"Um filme tem de fazer sucesso fora para depois ter sucesso dentro do país. Acho que esta estreia em França vai permitir que isso aconteça também em Portugal", afirmou Leonor Teles em declarações à agência Lusa, explicando que o processo de distribuição e programação em França foi mais rápido que em Portugal.
O documentário tem estreia prevista nas salas portuguesas em 10 de janeiro próximo.
O filme recebeu, no sábado, o Prémio de Melhor Primeira Obra da Competição Internacional na 33.ª edição do Festival Internacional de Cinema do Mar da Prata, na Argentina, e, no passado dia 16, foi distinguido com o Prémio Cidade de Amiens, no 38.º Festival Internacional do Filme, que se realiza nesta cidade a 120 quilómetros a norte de Paris.
Ao longo das apresentações que tem feito em França - o filme foi mostrado pela primeira vez em março passado, em Paris, no Festival Cinéma du Réel, tendo recebido o Prémio SCAM International, e, mais recentemente, em Ruão, Nantes ou Amiens -, Leonor Teles tem-se encontrado com a comunidade portuguesa que se revê no documentário, que conta a vida de Albertino, um pescador de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, e da sua família.
"A ideia com que ficam é que é a de uma típica família portuguesa. Os portugueses que vivem em França sentem-se muito em Portugal e identificam-se bastante. As pessoas falam muito das saudades que o filme provoca", disse Leonor Teles.
A estreia em Argenteuil não foi por acaso. O diretor do cinema local, Guillaume Louradour, viu o filme de Leonor Teles, achou-o "fabuloso" e contactou o distribuidor para garantir a presença da realizadora portuguesa na estreia e estabelecer uma conversa com o público.
"Eu gostei muito do filme, achei-o fabuloso, mas se fosse de outra nacionalidade talvez não o tivesse trazido para aqui. Como sei que temos uma grande comunidade portuguesa em Argenteuil, haveria público interessado", afirmou Louradour, que imediatamente estabeleceu contactos com associações portuguesas naquela cidade.
A Associação Agora, que representa a comunidade portuguesa em Argenteuil, respondeu à chamada e associou-se ao evento. "Estamos muito ligados a todas as manifestações da cultura portuguesa e estas iniciativas ajudam a mostrar Portugal aos franceses. A mostrar como vivemos a família, algo muito importante para nós", afirmou Enrico de Rosa, presidente da Agora.
A estreia do filme levantou muitas questões numa plateia repleta de portugueses, lusodescendentes e franceses, que questionaram Leonor Teles sobre a escolha do tema e das personagens.
A realizadora segue para Bayonne, no sul de França, onde continuará nos próximos dias em ações de promoção do filme.
"Terra Franca", um documentário sobre a vida de um pescador e a ligação dele ao rio Tejo e à família, em Vila Franca de Xira, de onde a realizadora é natural, foi exibido em estreia no passado dia 19 de outubro, no Festival DocLisboa.
O documentário de Leonor Teles já recebeu vários prémios, designadamente a Menção Especial no FIDADOC - Agadir International Documentary Festival, em Marrocos, e a Menção Especial no Les Rencontres Cinematographiques de Cerbère-Portbou, no sul de França.
Leonor Teles conquistou o Urso de Ouro, no Festival de Berlim, em 2016, pela curta-metragem "Balada de Um Batráquio".
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