No dia da inauguração da 88.ª Feira do Livro de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa percorreu, durante duas horas, as bancas do lado direito, em passo veloz, e adiantou que regressará já no domingo, para ver as bancas do lado esquerdo, e depois mais duas vezes em junho, para fazer compras.
Antes, na cerimónia oficial de inauguração, perante o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, o chefe de Estado afirmou que se tem empenhado em "chamar a atenção para a cultura do livro", apesar de esta matéria não estar sob a sua "intervenção executiva".
O Presidente salientou, entre outras iniciativas, a "despretensiosa" Festa do Livro nos jardins do Palácio de Belém, que lançou em 2016, e anunciou que a terceira edição acontecerá nos dias 30 e 31 de agosto e 01 e 02 de setembro deste ano, novamente em colaboração com Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que, enquanto Presidente da República, tem "responsabilidades acrescidas" na promoção da leitura e no apoio aos editores e livreiros.
"Procurarei ouvir – sempre apoiando o testemunho empenhado do senhor ministro da Cultura – nos próximos meses, mais ainda, agentes do mundo do livro para avançar, se possível, mais um modestíssimo contributo no sentido de dar a este setor a atenção devida", acrescentou.
O chefe de Estado referiu que tem feito o mesmo noutros setores culturais, "promovendo o diálogo" o que, no seu entender, "talvez não seja sempre bem compreendido", mas "é desejado e é, sobretudo, benéfico".
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que cada visita a esta feira comprova que "o livro tem futuro" e, comparando a imprensa com a internet, declarou, provocando alguns risos: "Leitores ocasionais ou leitores vorazes, somos todos, quando se trata de pensar, ainda filhos de Gutenberg, mais do que de Zuckerberg".
Segundo o Presidente, o setor livreiro "vive momentos muito difíceis", mas "nem tudo está perdido" e há "muitos sinais de esperança", mesmo na internet, que dá espaço a debates literários e alberga comunidades de leitores.
Enquanto cidadão, descreveu-se como "leitor, colecionador de livros antigos, micro e nem sempre bem-sucedido editor e divulgador duas décadas a fio, como poucos o foram".
Marcelo Rebelo de Sousa encontrou na inauguração da Feira do Livro de Lisboa o antigo presidente da Assembleia da República Jaime Gama, agora presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
No passeio de duas horas pelo lado direito da feira, esteve sempre acompanhado pelo ministro da Cultura e pelo presidente da Câmara de Lisboa e dirigente socialista Fernando Medina, a quem no final desejou um "bom congresso" do PS, que começa hoje e termina no domingo, na Batalha, no distrito de Leiria.
A meio do percurso, já tinha falado na reunião magna dos socialistas com Fernando Medina, ao folhear as páginas de um livro sobre culinária macaense: "Vou abrir uma ao acaso: frango vermelho com castanhas. No dia de abertura do congresso do PS, tinha de ser vermelho. Até nisto, gastronomia oriental, veja bem, eu abri logo no vermelho".
Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a qualidade e dimensão desta edição da Feira do Livro de Lisboa e tomou nota de vários livros a comprar, como uma entrevista ao secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, por Carlos Ferreira de Almeida, editada pela Modo de Ler.
"Não vou perder aquela entrevista, que não conhecia, do secretário-geral do PCP, já tem uns anos, quero ver", disse aos jornalistas.
O chefe de Estado ficou também de escolher livros para oferecer ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e ao primeiro-ministro, António Costa.
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