“Não fazia sentido que tendo um filme sido nomeado para os Óscares - e apoiado pelo ICA [Instituto do Cinema e Audiovisual] na sua produção com 90.000 euros - não fosse igualmente apoiado nesta fase decisiva e que corresponde a um reconhecimento do mérito, em primeiro lugar, dos seus autores - em particular de João Gonzalez - mas também do cinema de animação português”, referiu o Ministério da Cultura.
Na quarta-feira, em entrevista à agência Lusa, o produtor Bruno Caetano disse que estava à procura de financiamento para divulgar o filme “Ice Merchants”, de João Gonzalez, nos Estados Unidos, nas semanas que faltam para a cerimónia dos Óscares, marcada para 12 de março.
“Estamos a tentar procurar apoio por parte de instituições portuguesas, do Estado português, ao mesmo tempo em que estamos a pedir apoios regionais que nos permitam investir mais na divulgação do filme durante o próximo mês e meio”, contou Bruno Caetano.
O produtor Bruno Caetano e o realizador João Gonzalez estarão, em breve, de partida para Los Angeles, Califórnia, para todo um trabalho de divulgação de “Ice Merchants”, que está nomeado para o Óscar de Melhor Curta-Metragem de Animação.
Questionado hoje pela agência Lusa sobre se estaria previsto algum apoio, o Ministério da Cultura explicou que o ministro Pedro Adão e Silva “foi contactado diretamente, segunda-feira última, pelos produtores do filme ‘Ice Merchants’, e desde logo começou a trabalhar numa solução”.
“Na quarta-feira, teve uma reunião com o produtor e naturalmente que despesas inerentes à representação e à promoção nesta fase final dos Óscares serão assumidas pelos Ministério da Cultura”, referiu, sem especificar o valor das mesmas.
“Ice Merchants”, que tem feito um percurso premiado por festivais desde maio de 2022, quando se estreou e foi premiado em Cannes, foi produzido pela cooperativa portuguesa Cola Animation, em coprodução com França e Reino Unido.
O filme teve um orçamento de cerca de 100.000 euros e contou com distribuição internacional pela Agência da Curta-Metragem, que o colocou em festivais que os produtores consideraram importantes para o percurso fora de portas.
Bruno Caetano explicou que a distribuição do filme na América do Norte ficou a cargo da revista The New Yorker e foi ainda contratado um gestor de campanha para, dentro das regras impostas pela academia dos Óscares, dar a conhecer “Ice Merchants”.
“Agora chegamos a esta fase final da nomeação e estamos numa posição um bocado tramada. Nós somos uma cooperativa sem fins lucrativos, não somos uma empresa com lucro, estamos a lutar contra gigantes, de David contra Golias, em que não temos tesouraria para acompanhar a situação em que estamos”, lamentou Bruno Caetano.
Nas contas do produtor, já foram gastos cerca de 11.000 euros na divulgação e são precisos, “num mínimo olímpico”, cerca de 30.000 euros, “já contando com passagens aéreas e estadias” para estar em Los Angeles a promover o filme.
Segundo o Ministério da Cultura, Pedro Adão e Silva “está muito empenhado em que este filme continue o seu percurso de sucesso e reconhecimento público, testemunhado pelo facto de ter já sido premiado em diversos festivais e agora ter tido uma inédita nomeação para os Óscares”.
Para Bruno Caetano, “a animação portuguesa está no topo do mundo”.
“São poucos os países que têm filmes de animação com tantos prémios em tantos festivais de primeira categoria. Como é que nós, sendo o parente mais pobre, conseguimos fazer isto? Às vezes com muito esforço”, disse.
A cerimónia da 95.ª edição dos Óscares está marcada para 12 de março em Los Angeles, Califórnia.
Além de “Ice Merchants”, na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação estão também nomeados "The Boy, the Mole, the Fox and the Horse", de Charlie Mackesy e Matthew Freud, "The Flying Sailor", de Amanda Forbis e Wendy Tilby, "My Year of Dicks", de Sara Gunnarsdóttir, e "An Ostrich Told Me the World Is Fake and I Think I Believe It", de Lachlan Pendragon.
Comentários