Foi ao som de uma reinterpretação da canção “Homem do Leme” e com os modelos estáticos a cruzar os braços para fazer o ‘X’ que simboliza a banda que encerrou o segundo dia de desfiles e o terceiro da ModaLisboa, no Pavilhão Carlos Lopes.

Falando à agência Lusa, Nuno Gama explicou que optou por homenagear o fundador dos Xutos & Pontapés, Zé Pedro, que faleceu em novembro vítima de doença prolongada, porque “é uma obrigação de todos”.

“De agradecer às pessoas que fazem parte da nossa cultura, que nos marcam e que fazem a diferença”, precisou.

O desfile começou com uma invasão de caretos de Podence, de Trás-os-Montes, e durante a apresentação sobressaiu, entre os coordenados clássicos e desportivos, de tons azuis, roxo, bege com apontamentos de cor, a tradicional capa de honra mirandesa, que inspirou outros sobretudos.

Nuno Gama afirmou à Lusa que, em 2011, “já tinha mexido” nestes dois materiais típicos portugueses e que aproveitou os 25 anos da marca para os “reinterpretar”.

Ainda assim, admitiu que é necessária dedicação, já que as capas de honra não são “metidas na máquina, há alguém que está ali de tesourinha a cozer as peças horas a fio”.

O penúltimo desfile ficou a cargo de Luís Carvalho que, na coleção “Under your skin” viajou aos anos 60 através de coordenados masculinos e femininos com “linhas mais retas e mais geométricas” e compostos por vinil e “peles sintéticas de boa qualidade”, disse o criador à Lusa.

“Isso acabou por me influenciar também nas cores”, levando a uma aposta em tons mais fortes como o vermelho, roxo, dourado, azul e preto, acrescentou.

Luís Carvalho transpôs também na ‘passerelle’ a “inspiração nos prédios e nas fachadas das grandes cidades”, assentes em silhuetas estruturadas de seda e veludo.

Antes, Ricardo Preto apresentou a coleção “Self-Possession”, na qual revisitou “tudo o que definia o ADN da marca”, segundo afirmou à Lusa.

“Faz nesta edição 12 anos que faço ModaLisboa, muitos degraus subi até aqui. Comecei sem ter pontos de venda e, neste momento, produzo cerca de 14 toneladas de roupa por estação”, precisou o criador, referindo que a evolução está assente na aposta em silhuetas clássicas e modernas.

O objetivo foi evidenciar a ‘mulher Ricardo Preto': “Gosto de ver pessoas com um ar descontraído, mas, ao mesmo tempo, muito sofisticado”.

Ao final da tarde, houve também tempo para conhecer as apostas de Patrick de Pádua e de Valentim Quaresma para a coleção outono-inverno.

Enquanto Patrick de Pádua rumou aos anos 1970, destacando cores vibrantes e silhuetas ‘oversized’ [sobredimensionadas], Valentim Quaresma evocou as suas “Raízes” com joias em tons cobre e oxidados.

Mas os desfiles começaram antes, pelas 15:30, na Estufa Fria, com os manequins a percorrerem caminhos entre as árvores e plantas na apresentação da coleção do coletivo Awaytomars.

Para chegar a estes coordenados — masculinos e femininos — contribuíram, através da plataforma ‘online’ de cocriação aberta ao público, “entre 700 e 1.000 pessoas”.

Já no Pavilhão Carlos Lopes, a Imauve (de Inês de Oliveira) apresentou uma coleção de inverno “inspirada no verão e pautada pela cor”.

Para criar “Suerte”, a ‘designer’ de moda foi buscar inspiração a Cartagena das Índias, na Colômbia, “transpondo para as peças a vivacidade das fachadas e balaustradas da cidade”.

Já a coleção de Gonçalo Peixoto, o estreante desta edição da ModaLisboa, é marcada pelas “Auroras Boreais e as suas matrizes inesperadas”.

Nas peças, materiais “mais clássicos, com um pendor mais feminino e elegante, contrastam com os materiais mais técnicos, masculinos e contemporâneos”.

Antes dos desfiles de hoje, foi apresentada à comunicação social a iniciativa ‘Futures.MODAPORTUGAL’, através da qual pretende “identificar-se as áreas de inovação estratégica com maior potencial de desenvolvimento, ao antecipar as principais transformações que o setor do vestuário, confeção e moda irá sofrer nos próximos anos”.

De acordo com o diretor executivo do CENIT (Centro de Inteligência Têxtil), tal será feito através de “várias ações durante os próximos meses, entre ‘workshops’ e sessões de trabalho, abrindo o debate a mais pessoas fora do circuito profissional, para pensar fora da caixa da indústria”.

A iniciativa é promovida pelo CENIT em parceria com a ANIVEC (Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção).

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