Criado em 1908 na fábrica da família Tobler, o chocolate triangular representa a montanha. Até agora, o chocolate tem sido produzido, exclusivamente, em Berna, a capital da nação alpina.
Mas a Toblerone tem um plano de abrir uma nova fábrica em Bratislava, Eslováquia, no terceiro trimestre (Q3) de 2023, "para responder ao aumento da demanda global" pelo chocolate, disse o dono da marca, a gigante de alimentos dos EUA, Mondelez International.
Assim o que foi revelada a abertura da nova linha de produção na Eslováquia, em junho de 2022, a Toblerone foi obrigada a retirar a designação “established in Switzerland - estabelecido na Suíça-", dos seus pacotes e, gradualmente, terá de substituir a montanha Matterhorn em forma de pirâmide. A razão prende-se com a legislação suíça que de maneira a proteger a autenticidade dos produtos produzidos no país, criou a “lei Swissness”.
"Temos de adaptar as nossas embalagens à ‘legislação Swissness’", disse à AFP uma porta-voz da Mondelez.
Entretanto, a marca optou por substituir este ícone nacional por uma montanha triangular genérica, decisão que tem gerado forte debate na Suíça.
"O pacote redesenhado introduz um logotipo de montanha modernizado e simplificado, em linha com a estética geométrica e que ‘seja mais triângulo'", justificou a porta-voz.
No entanto, o urso de Berna, símbolo da cidade, manter-se-á escondido nos contornos do novo desenho.
"Mais e mais pessoas poderão observar a nova identidade visual e o design das novas embalagens da marca, à medida que ela começar a ser introduzida nos mercados, a partir do terceiro trimestre de 2022", adiantou a porta-voz.
“Orgulho suíço”
A Toblerone produz sete mil milhões de barras de chocolate por ano, com 97% exportados para 120 países.
As embalagens triangulares estão presentes em quase todas as lojas duty-free dos aeroportos de todo o mundo, onde uma barra é vendida a cada dois segundos, de acordo com a Mondelez.
O nome Toblerone é uma mistura de palavras de Tobler e "torrone" - o nome italiano para nougat mel-amêndoa.
Recentemente, o jornal Tribune de Geneve tem medidado o debate público e questionou-se se seria um "suicídio comercial" para o famoso chocolate Toblerone.
De acordo com um especialista em comunicação a marca estava "muito bem estabelecida e ia muito além do seu logotipo", acrescentando que a sua forma, as cores e as letras eram "emblemáticas e reconhecíveis entre mil", disse Michael Kamm, dono de uma agência de comunicação suíça.
O professor de marketing da Universidade de Friburgo, Olivier Furrer, acrescentou: "O Matterhorn é especialmente importante para os consumidores suíços, porque é uma questão de orgulho”, disse. "Podemos ficar ofendidos com a mudança. Mas os estrangeiros podem nem reparar."
Na semana passada, o “orgulho suíço” sofreu outro golpe com a decisão de um tribunal de apelo dos EUA que na sexta-feira confirmou que a palavra "Gruyere" é um rótulo comum para queijo e não pode ser reservada apenas para o tipo produzido originalmente na Suíça ou na França, onde a cidade medieval de Gruyeres está localizada.
"Queijo e chocolate estão entre os principais produtos da indústria alimentícia suíça", escreveu o famoso fotógrafo Olivier Perrin num artigo de opinião publicado ontem pelo jornal "Le Temps".
"É, portanto, para muitos, um choque descobrir que Gruyere ‘agora pode ser qualquer coisa’, e Toblerone está a derrubar o Matterhorn”, acrescentou o fotógrafo que vive em Lisboa desde 2004.
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