“José de Almada Negreiros: desenho em movimento” é o título desta exposição realizada em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que estará patente até 18 de março de 2018.
Nesta mostra serão apresentadas várias obras que estiveram na exposição “José de Almada Negreiros. Uma maneira de ser moderno” realizada este ano na Fundação Gulbenkian, que recebeu 135 mil visitantes em quatro meses.
Na exposição do Porto, haverá, segundo a organização, “muitas novidades e alguns trabalhos inéditos descobertos já depois do encerramento da exposição” em Lisboa.
Com curadoria de Mariana Pinto dos Santos, a mostra reúne nove dezenas de trabalhos que dão conta da importância da linguagem cinematográfica na obra plástica deste artista, considerado uma figura ímpar do modernismo na História da arte portuguesa.
Em grande parte do trabalho de Almada Negreiros “é bem visível a sua vontade de contar histórias com imagens, muitas das quais com apontamentos de humor, tanto em séries de desenhos, como em obras integradas em edifícios e mesmo em tapeçarias”, aponta a Fundação Calouste Gulbenkian, num comunicado.
“Fascinado com a possibilidade de dar vida ao desenho e de o pôr em movimento, Almada teve a intenção por diversas vezes de experimentar a animação, mas não chegou a concretizar o seu desejo”, recorda.
A conjugação entre cinema e desenho surge em obras como a lanterna mágica “La Tragedia de Doña Ajada” (1929), e no filme desenhado “O Naufrágio da Ínsua” (1934), trabalhos especificamente concebidos para apresentações públicas em écran de cinema, real ou imaginado, e que estão incluídos nesta mostra.
A hibridez entre desenho e cinema está expressa também em alguns dos seus textos literários, poéticos e ensaísticos, onde se notam intersecções plásticas e cinematográficas, que serão expostos.
A mostra de Almada Negreiros em Lisboa – que esteve patente entre 03 de fevereiro e 05 de junho deste ano – chegou a ter horários alargados até à meia-noite no fim de semana, devido ao grande fluxo de público.
Com curadoria de Mariana Pinto dos Santos, historiadora de Arte e investigadora integrada do Instituto de História de Arte da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas, em colaboração com Ana Vasconcelos, conservadora do Museu Calouste Gulbenkian, esta exposição deu a ver as linguagens artísticas que Almada experimentou ao longo da vida.
As curadoras colocaram em relevo as suas pesquisas matemáticas e geométricas em pintura, as obras em espaço público na cidade de Lisboa, o caráter de narrativa gráfica que se encontra em vários dos seus trabalhos, o diálogo com o cinema, e a importância do autorretrato na sua obra, entre outros aspetos do seu trabalho.
A mostra na Gulbenkian reuniu perto de quatro centenas de obras, muitas delas inéditas, e aconteceu cerca de um quarto de século depois da última retrospetiva dedicada ao artista do modernismo português.
Almada Negreiros (1893-1970) deixou uma vasta obra de pintura, desenho, teatro, dança, romance, contos, conferências, ensaios, livros manuscritos ilustrados, poesia, narrativa gráfica, pintura mural e artes gráficas, cuja produção se estendeu ao longo de mais de meio século.
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