Mesmo morto por um caçador em 2020, o lobo marinho canadiano, Takaya, tem sido avistado no mundo inteiro.
Pinturas, poemas, esculturas e estátuas - incluindo uma mistura de 68kg de madeira flutuante, conchas do mar e algas secas - homenageiam um lobo, cujo legado reflete a complexa relação entre os humanos e a vida selvagem.
A fotógrafa Cheryl Alexander, uma defensora incansável das matilhas, ficou chocada ao ver a sua fotografia mais famosa a ser utilizada por uma empresa para publicitar equipamentos de ‘caça ao lobo’: “Fiquei chocada e um pouco aterrorizada. Irritou-me muito que a empresa estivesse a usar o Takaya como publicidade para vir ao Canadá e matar um lobo", disse ao The Guardian. "Também me doeu porque o Takaya se tornou, em muitos aspetos, um ícone internacional de coexistência positiva com os humanos”, referiu.
A história improvável dos anos de isolamento auto-imposto a este lobo cativou os residentes da Ilha de Vancouver, alguns dos quais se aventuraram pelas florestas na esperança de vislumbrar o animal. Mas, no final de março, a espingarda de um caçador levou ao fim prematuro do lobo. Mais tarde, quando Alexander descobriu que a fotografia deste estava a ser utilizada pela empresa Terminus Mountain Outfitters, sediada na Colúmbia Britânica, rapidamente a publicou na sua página do Instagram, apelando à partilha dos seus 33.000 seguidores.
Em comunicado, o proprietário da Terminus afirmou que não pretendia "ofender" ninguém com a utilização da imagem: “Uma empresa de web design escolheu algumas fotografias de animais selvagens para utilizar no site. No dia 27 de julho, fui contactado por uma pessoa descontente com uma fotografia de um lobo, que reconheceu como sendo um lobo chamado Takaya. Não fazia ideia da história deste lobo, nem sequer qual das três fotografias do meu site era do Takaya. Pedi ao meu programador para simplesmente remover as três fotografias. A 29 de julho foram retiradas. Nem eu, nem o meu programador, quisemos ofender ninguém", afirmou. "Infelizmente, devido à atenção dos meios de comunicação social, estamos agora a receber mensagens em tom de ameaça, quando não tivemos nada a ver com as fotografias escolhidas. Somos uma empresa familiar legalizada".
No entretanto, a imagem foi retirada e a página sobre a caça ao lobo foi desativada.
Na Colúmbia Britânica, centenas de lobos - que são vistos como vermes que devem ser erradicados - são mortos, por desporto, todos os anos. Normalmente, os caçadores só levam as peles, deitando fora os restos mortais. Para contrariar esta ação, Alexander e alguns conservadores locais iniciaram uma petição a pedir a suspensão da caça ao lobo na região, tendo até agora mais de 65.000 assinaturas. A fotógrafa fundou ainda uma organização sem fins lucrativos, a Takaya's Legacy, destinada a apoiar iniciativas que protejam os lobos.
Embora o legado de Takaya se tenha alinhado com os objetivos dos grupos de conservadores, a curiosidade levantou algumas questões sobre a relação que os habitantes locais tinham criado com o lobo: "Fiquei chateada com a foto, mas há um lado positivo, porque permite que se saiba o que está a acontecer no Canadá em relação à caça aos troféus - todo o tipo de animais selvagens são caçados no Canadá, é bastante repugnante", disse Alexander. "Estamos a lutar contra a perda de biodiversidade. O facto de os caçadores de troféus continuarem a caçá-los apenas por diversão e recreio é inaceitável”, salientou à publicação britânica.
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