"O desafio era produzir um vinho espumante no nosso território", contou Camusso, dono da vinícola Autin, nas ramificações dos Alpes, 50 quilómetros de Turim, à AFP.

Fiel à tradição herdada do avô vinicultor, Camusso plantou em 2010, com o apoio de um sócio, quatro hectares de uva Chardonnay e Pinot Noir, que deram a sua primeira colheita em 2013 e o primeiro vinho no ano seguinte. 

No ano passado produziu três mil garrafas e conseguiu a fermentação com açúcar e alguns gramas de levedura, de acordo com o método do champanhe. O produto foi depois depositado na parte inferior da mina de talco de Val Germanasca.

Inaugurada em 1937, a mina conta com intermináveis galerias. Deixou de  ser explorada em 1995 porque as máquinas modernas não passam pelos seus corredores. Desde então, foi transformada num "museu ecológico" para os visitantes que percorrem as belezas naturais da região.

"As condições na mina de talco são muito especiais", diz Camusso, que entra com a clássica lamparina de mineiro para depositar as suas garrafas, a mais de 300 metros da entrada.

"A temperatura é de 10 graus durante todo o ano, obviamente reina a escuridão e a humidade é de 90%. São as condições perfeitas para que as bolhas amadureçam", assegura.

As garrafas são de vidro grosso para suportarem a pressão da fermentação, permanecendo entre 10 e 12 meses em posição horizontal. Costumam ser agitadas de vez em quando para que a levedura se distribua melhor e as bolhas sejam menores. Sucessivamente, as garrafas vão sendo colocadas ao contrário, em posição vertical, por três semanas, e giradas um quarto de volta todos os dias até que a levedura se deposite no pescoço da garrafa.

De lá, é retirada com uma máquina especial que termina o processo, que inclui o congelamento da substância e a colocação da tradicional rolha de cortiça. 

"O produto corresponde ao seu prestígio", sustenta Camusso. É, no entanto, muito cedo para determinar se a mina de talco, além das condições climáticas ideais, oferece "algo extra" ao espumante.

Para a mina, e apesar das adegas ficarem ficarem fora do circuito para os turistas, a sua presença é uma mais-valia. "Se abandonarem as minas, elas vão fechar-se de forma natural", diz Andre Peyrot, funcionário do museu. "Sem manutenção, entram em colapso. A adega é uma maneira de lhes dar vida", acrescenta.

Charlene Pele/AFP