Em entrevista à Lusa sobre a inexistência de espaços para praticar naturismo no Norte de Portugal, sem prevaricar contra a lei, o presidente da Federação Portuguesa de Naturismo (FPN), Rui Elvas, explicou que apesar de haver milhares de naturistas na região, esses veraneantes têm de se deslocar para a Galiza, a zona mais próxima com areais legalizados para o nudismo.

A Praia da Barra, em Cangas de Morrazo, perto de Vigo (Espanha), é uma das mais requisitadas para naturistas portugueses do Norte que até aos fins de semana se deslocam àquele areal para poderem usufruir da natureza sem os têxteis colados ao corpo, descreve o presidente da FPN.

A comunidade nortenha “é mais conservadora” e “tradicional” e ainda “não vê com bons olhos espaços naturistas junto às zonas de comércio ou de habitação”, observa Rui Elvas, referindo que a leitura dessa realidade sociológica é fruto de conclusões retiradas dos congressos internacionais de adeptos de naturistas.

Na região Norte, o único espaço onde é tolerado o “uso e costume naturista (práticas de vida em que é utilizado o nudismo), é a Praia da Estela, no concelho da Póvoa de Varzim (Porto), próxima do ‘camping’ "têxtil" da Orbitur de Rio Alto.

A par de uma alegada sociedade mais conservadora, ou simplesmente por ser um fenómeno cultural, outra das razões para o Norte não ter uma única praia oficial para a prática de naturismo é o facto de não existir nenhuma associação naturista na região, argumenta Rui Elvas

“Infelizmente, é esta a realidade”, lamenta, avançando à Lusa que a FPN está a tentar desenvolver e viabilizar a criação de um clube de naturistas no Norte, com o objetivo de identificar as praias propícias para a prática de naturismo e, posteriormente, proceder ao pedido de legalização.

O presidente da FPN considera que o associativismo a Norte, que possa identificar as praias para a prática de naturismo, é essencial para depois aquela federação proceder aos pedidos de legalização.

Os pedidos de legalização têm de ser feitos nas juntas de freguesia e câmaras municipais e carecem, depois, de aprovação nas Assembleias Municipais.

“É essa ponte entre clubes naturistas e federação que é necessária para oficializar as praias, explica.

Há cerca de dez anos ou 15 anos houve um clube de naturistas no Norte, mas durou cerca de dois anos e depois fechou por divergências, contou o presidente da FPN.

“É uma lacuna que existe a Norte”, reforça aquele responsável, frisando que, sem organização das pessoas, nem vontade política das autarquias, nunca haverá praia, nem unidade hoteleiras oficiais, para naturistas no Norte.

Em Portugal, segundo a página da FPN, há oito praias oficiais para a prática de naturismo, sendo três no concelho de Lisboa, três no Algarve e duas no Alentejo.

Não há nenhum espaço de hotelaria dedicado ao naturismo em Portugal, há apenas dois parques nacionais – na Quinta do Maral, Marvão, que foi primeiro o espaço naturista oficial registado no país e que é gerido por portugueses, e o Monte Barão, em Ermidas do Sado, que é gerido por um casal holandês, recorda Rui Elvas.

Na lei atual indica-se que por naturismo se entende “o conjunto das práticas de vida em que é utilizado o nudismo como forma de desenvolvimento da saúde física e mental dos cidadãos, através da sua plena integração na natureza”.

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