“É um momento de indagação, estudo e auscultação à indústria do cinema”, explicou o diretor do agora denominado Batalha Centro de Cinema, Guilherme Blanc, em conferência de imprensa.
O objetivo destes Novos Encontros, que pretendem fazer uma “revisitação histórica” à Semana de Estudos sobre o Novo Cinema Português que ocorreu em 1967, é fazer uma análise global ao “estado de espírito” do cinema, nomeadamente às oportunidades, desafios, responsabilidades e complexidades com as quais os produtores, cineastas, distribuidores, educadores e críticos do cinema se confrontam no dia-a-dia.
O setor está em crescimento, mas deseja-se “melhor e mais robustecido”, vincou Blanc.
Neste evento serão trazidos para o centro do debate quatro temas, liderados por subcomissários responsáveis pela coordenação de uma investigação e auscultação do meio: produção (Mariana Liz), distribuição e exibição (Paulo Cunha), crítica (José Bértolo) e educação (Carlos Natálio).
Guilherme Blanc adiantou que estes subcomissários vão analisar de forma independente o estado do cinema português em cada uma destas áreas, tendo nesta investigação a assessoria de investigadores e associações.
Este trabalho será realizado com recurso a entrevistas e a um questionário público dirigido aos profissionais do setor — lançado a 20 de março e disponível para preenchimento `online´ até 20 de abril — que vai contribuir para a investigação e conclusões apresentadas no evento, frisou.
Durante os Novos Encontros, cada tema será discutido num debate com três convidados selecionados pelos subcomissários, apontando propostas para o futuro do setor.
O diretor do Batalha Centro de Cinema revelou que deste fórum vai resultar um documento público que irá traduzir as reflexões e conclusões retiradas ao longo do processo de investigação, preparação e realização da iniciativa.
O programa detalhado do evento, aberto ao público e com entrada gratuita, será anunciado em maio.
Por sua vez, a presidente do Cineclube do Porto, Ana Carneiro, realçou que, de 1967 para cá, os problemas na indústria cinematográfica são “profundamente diferentes”.
O setor está muito profissionalizado, expandiu-se e, portanto, as problemáticas também são diferentes, salientou.
Ana Carneiro acrescentou: “Questões como a inclusividade, a representatividade, a ecologia, condições dignas de trabalho, a distribuição das obras e os problemas de financiamento não eram em 1967 a preocupação principal e, muitas delas, nem sequer foram afloradas”.
Já o diretor do Programa Gulbenkian Cultura da Fundação Calouste Gulbenkian, Miguel Magalhães, espera que os Novos Encontros discutam os caminhos e os desafios que se colocam a todos os atores que, neste momento, acompanham o cinema português.
Os Novos Encontros do Cinema Português vão acontecer com organização das três entidades, que criam um paralelismo com o momento de há 56 anos.
“Em 1967, decorreu no Batalha a Semana de Estudos sobre o Novo Cinema Português. Organizado pelo Cineclube do Porto com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Câmara Municipal do Porto, este evento foi fulcral para a definição do que viriam a ser as políticas de financiamento da produção cinematográfica em Portugal. A discussão reuniu intervenientes de vários pontos do país, desde jovens realizadores a realizadores consagrados, cineclubistas, escritores, jornalistas, e várias personalidades da cultura em Portugal”, recordou o Batalha, em comunicado.
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