“Quando subitamente 2020 é abalroado por uma pandemia que obriga ao confinamento e ao isolamento social, sentimos que espaços democráticos de discussão coletiva seriam fundamentais. O Doclisboa teria de contribuir para a reconstrução e para o fortalecimento social”, sustenta o festival.
Nesta 18.ª edição, o festival contará com 206 filmes, dos quais 31 em estreia mundial, que serão repartidos por uma programação mensal, em módulos, com sessões em sala e ‘online’.
O festival abrirá na Culturgest com o filme “Nheengatu – A Língua da Amazónia”, coprodução luso-brasileira, do realizador José Barahona, que vai ao encontro de uma população da Amazónia, e de uma “língua imposta aos índios pelos antigos colonizadores”.
Neste primeiro módulo do festival, até 01 de novembro, o destaque vai para a descoberta da cinematografia “muito rica e pouco vista” da Geórgia, numa retrospetiva em parceria com a Cinemateca Portuguesa.
“A Geórgia, desde o seu passado soviético até ao presente, foi construindo uma cinematografia muito rica e pouco vista. Muitas das cópias destes filmes estavam guardadas em arquivos ex-soviéticos de difícil acesso a que só recentemente o Centro Nacional de Cinema da Geórgia conseguiu aceder”, refere o DocLisboa.
Naquela primeira semana do festival serão ainda exibidos, entre outros, “Guerra”, uma estreia mundial de um filme correalizado por José Oliveira e Marta Ramos, e “Chelas Nha Kau”, do Bagabaga Studios, em parceria com o coletivo Bataclan 1950.
O primeiro módulo do DocLisboa encerrará com “Paris Calligrammes”, da realizadora alemã Ulrike Ottinger, estreado no festival de Berlim.
O módulos seguintes do DocLisboa mostrarão filmes suportados por vários motes: “Deslocações” (05 a 11 de novembro), “Espaços da Intimidade” (03 a 09 de dezembro), “Ficaram tantas histórias por contar” (14 a 20 de janeiro), “Aquivos do presente” (04 a 10 de fevereiro) e “De onde venho, para onde vou” (de 04 a 10 de março).
“Amor Fati”, de Cláudia Varejão, “Questo è il piano”, de Luciana Fina, “City Hall”, de Frederick Wiseman, “Visões do Império”, de Joana Pontes, e “Enterrado na loucura – Punk em Portugal 78-88 – 2.ª Vaga”, de Hugo Conim e Miguel Newton, vão estar integrados nestes módulos.
Ainda em outubro, o DocLisboa acolherá um debate sobre racismo que se alimenta de “desigualdades económicas e sociais”, com a participação das académicas ativistas Ruthie Gilmore e Djamila Ribeiro.
Destaque também para uma parceria do DocLisboa com a Agência Europeia para a Segurança no Trabalho, apresentando cinema que “reflete sobre questões fundamentais das relações laborais”, e para um debate com elementos da comunidade Krahô, no Brasil, a propósito de registos visuais de como este povo combateu a covid-19.
Uma das iniciativas do festival, o Nebulae, dedicado apenas a contactos entre profissionais de cinema, só decorrerá ‘online’, com apresentação de projetos em desenvolvimento, neste ano dedicados a filmes da Geórgia.
Já o Arché, o laboratório de projetos em desenvolvimento para realizadores e produtores de Portugal, Espanha, Itália e países ibero-americanos, vai realizar-se também ‘online’, entre 22 de outubro e 6 de novembro.
Para este ano, para o Arché foram selecionados, entre outros, “Fogo vigiado”, de Laura Marques, “Gentlewomen”, de Cláudia Alves, ou “Night tears or the end of innocence”, de Miguel Moraes Cabral.
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