São 69 peças, sobretudo de pintura, mas também de escultura, fotografia, cinema e livros, na exposição que é inaugurada hoje e abre ao público na quinta-feira, prolongando-se até 05 de fevereiro de 2018.
A ideia partiu de uma das comissárias, Maria Rosa Figueiredo, que, aos 73 anos, e depois de 50 dedicados a museus, faz a despedida com a concretização de um antigo sonho de dedicar uma exposição ao espelho, reunindo obras antigas e contemporâneas.
Na mostra - que abre com um espelho de Lalique - há "um diálogo com obras da coleção do fundador, Calouste Gulbenkian, e obras da coleção moderna", indicou aos jornalistas a diretora do museu, Penelope Curtis.
Ao longo de cinco núcleos, a exposição apresenta variadas leituras aos visitantes, e reúne "muitas Alices do País das Maravilhas", comentou Maria Rosa Figueiredo, referindo-se ao livro imortalizado por Lewis Carroll.
O óleo "Narciso e Eco", de Vieira Portuense (1797), um vídeo de Victor Kossakovsky intitulado "Svyato" (2005), no qual uma criança descobre e explora a sua imagem no espelho, o óleo "O Espelho de Vénus" (1875), de Sir Edward Burne Jones, ou, de Paula Rego, "Preparando-se para o baile" (2001-2002), e "Menina de Bicicleta", (1942), de António Dacosta, bem como fotografias de Jorge Molder ou Ana Janeiro, assim como espelhos convexos, são algumas das obras que podem ver-se nesta mostra.
"O espelho é alegórico, serve a identidade. Muitas pessoas pensam que é coisa de mulheres, mas descobrimos muitas obras onde também surgem homens, sobretudo no retrato", indicou a comissária
Para esta exposição trabalhou também com a curadora Leonor Nazaré, que apontou as várias leituras possíveis das obras, desde a inversão da simetria, o sentido do duplo, da profundidade, da reflexão e do pensamento profundo.
"O espelho é um tema muito atual ao longo do tempo", sublinhou Penelope Curtis.
A maior parte das obras provém de empréstimos, tendo origem em coleções privadas e públicas de vários países da Europa, nomeadamente de França, Espanha e Reino Unido.
O Museo Thyssen-Bornemisza, o Centro de Arte Reina Sofia, o Centre Pompidou, o Fitzwilliam Museum, a Tate e os Musées de Beaux-Arts de Bordeaux e de Lille, entre outros, cederam peças.
De Portugal, além das obras do acervo do Museu Calouste Gulbenkian, há empréstimos institucionais do Museu Nacional de Arte Antiga, do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, do Museu Nacional Grão Vasco, da Casa das Histórias Paula Rego, do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra e de coleções como a da Caixa Geral de Depósitos ou da Coleção Berardo.
São muitos os exemplos da ideia da fragmentação presentes ao longo dos cinco núcleos temáticos que compõem a mostra: "Quem sou eu?. O Espelho Identitário"; "O Espelho Alegórico"; "A Mulher em frente ao Espelho: a projeção do desejo"; "Espelhos que revelam e espelhos que mentem"; "O Espelho masculino: autorretratos e outras experiências".
A exposição estará patente da sala de exposições temporárias da sede da Fundação Calouste Gulbenkian até dia 05 de fevereiro de 2018.
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