O anúncio foi feito hoje, em conferência de imprensa, pelos administradores do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, que destacaram o mote escolhido para a programação – “Chão Comum” –, numa alusão à “necessidade da existência de um chão comum nesta diversidade que caracteriza o mundo em que vivemos”.

Esta é uma programação “na linha de continuidade do que foi feito nos últimos anos” a que foi dado o nome “‘Chão Comum’ a todas as expressões artísticas”, que aqui se materializam numa variedade temática que vai da música à dança, passando pelo teatro, debates, arquitetura, performances, projetos educativos, entre outros.

Segundo o curador e administrador Delfim Sardo, a programação divide-se em três tópicos, o primeiro dos quais ético, que visa estabelecer pontos de contacto e relação, num mundo “tomado por diferenças às vezes violentas e de acantonamento”.

O segundo tópico tem a ver com o papel do CCB enquanto instituição que “cruza mais valências diferentes e promove a reflexão crítica de forma integrada”.

O terceiro é a diversidade cultural, que se espelha no repto lançado a artistas para proporem programas, alguns híbridos, como é o caso da mistura de ópera com música eletrónica, de ópera com dança, passado e futuro, emergentes e consagrados.

Nesse contexto, o responsável destacou, já 2023, o ciclo “A Voz Humana”, que inclui o concerto da cantora norte-americana Cécile McLorin Salvant (17 março), que cruza jazz, música folk e blues; o concerto do músico do Azerbaijão Alim Qasımov (22 abril); “A Última Gravação de Krapp” (maio), um monodrama em um ato de Samuel Beckett, com encenação de Nuno Carinhas, que é uma encomenda do CCB; o recital “Assobios, Gritos e Fonemas Dançantes” (junho), pela cantora Anabela Duarte, a partir da obra dadaísta “Ursonate”, de Kurt Schwitters.

Delfim Sardo destacou ainda o conjunto vocal norte-americano fundado por Brad Wells, Roomful of Teeth (junho), vencedor de um Grammy, dedicado a explorar a capacidade expressiva sem limites da voz humana, que interpretará peças de Caroline Shaw e Caleb Burhans.

Antes disso, e a abrir a temporada, em outubro, a Orquestra XXI estreia-se no domínio da ópera com “Pelléas et Mélisande”, de Claude Debussy, sob a direção de Dinis Sousa e encenação de Kristiina Helin, com um elenco que inclui André Baleiro, Susana Gaspar, Stephan Loges, Elodie Méchain e Patrick Bolleire.

Aliás, a ópera terá um especial destaque nesta temporada, e incluirá, no âmbito da celebração dos 200 anos da independência do Brasil, a apresentação da versão orquestral da ópera Domitila, do compositor brasileiro João Guilherme Ripper, pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob a direção de Tobias Volkmann, com a soprano Carla Caramujo.

Em novembro, ópera e dança unem-se na ópera cómica “A hora espanhola”, de Maurice Ravel, pelo Ensemble Mediterrain, sob a direção de Bruno Borralhino, com encenação de Jorge Balça.

Além da obra de Ravel, o Ensemble Mediterrain irá também interpretar a versão para orquestra de câmara do bailado “El sombrero de três picos”, de Manuel de Falla, com coreografia de Miguel Ramalho e a participação da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo.

A proposta para o Natal e o fim de ano é a ópera “Il Viaggio a Reims”, de Gioachino Rossini, um espetáculo da Orquestra de Câmara Portuguesa, com direção musical de Pedro Carneiro e encenação de Teresa Simas, e um coro participativo, que reunirá 16 cantores portugueses.

Relativamente a Pedro Carneiro, Delfim Sardo assinalou que o CCB desafiou o maestro a desenvolver um programa com a tónica na percussão, que se consubstanciou no ciclo a que chamou “Carta Branca”, composto por quatro concertos, entre os quais se destaca, em maio, o espetáculo “Árvore”, em parceria com o produtor de música eletrónica Moullinex.

O ciclo de dança será inaugurado em outubro com o espetáculo “C A R C A Ç A”, da autoria do bailarino e coreógrafo Marco da Silva Ferreira, referência da dança contemporânea portuguesa, no qual um elenco de 10 intérpretes usa a dança como ferramenta para pesquisar sobre comunidade, construção de identidade coletiva, memória e cristalização cultural.

Outro destaque da programação vai para um projeto iniciado com o Teatro Municipal do Porto, denominado “Pendular”, em que o CCB acolhe jovens coreógrafos do Porto que nunca se apresentaram em Lisboa e, por outro lado, o teatro do Porto recebe criadores de Lisboa.

No próximo ano o CCB celebra 30 anos e arranca em janeiro as comemorações com a estreia absoluta da ópera “Paraíso”, composta por Nuno da Rocha, a convite do CCB, uma ópera eletroacústica, com canto e encenação.

Ainda no domínio da ópera, em abril, sobe à cena “O Navio Fantasma”, de Richard Wagner, pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direção de Graeme Jenkins.

A Fábrica das Artes, projeto que junta arte e educação, inaugura uma colaboração com o Teatro Nacional São João, do Porto, com um novo espetáculo de Teresa Coutinho em estreia absoluta.

A Garagem Sul mantém o programa de exposições de arquitetura, que pretende mostrar o que é a arquitetura para um público não especializado.

Os dias 23 e 24 de setembro têm um programação “de portas abertas”, um conjunto de atividades dirigidas a escolas e público em geral, que inclui visitas guiadas, skate jam, mercadinho e feita sustentável, ensaios e concertos.

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