A missão espacial PLATO (PLAnetary Transits and Oscillations of stars, ou trânsitos planetários e oscilações das estrelas), na qual participam cientistas do polo do Porto do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), foi aprovada hoje durante uma reunião do Comité do Programa Científico da ESA, segundo um comunicado do instituto.

Com o PLATO, os investigadores vão poder observar, durante vários anos consecutivos e com grande precisão, milhares de estrelas brilhantes relativamente próximas.

Nestas, através do método de trânsitos, que consiste na medição da diminuição da luz de uma estrela, provocada pela passagem de um exoplaneta (que orbita uma estrela que não é o Sol) à sua frente, será possível procurar por super-terras e planetas do tipo terrestre, que orbitem na zona de habitabilidade de estrelas do tipo solar.

Estas observações vão fornecer dados acerca destes planetas, além de tentar perceber a arquitetura dos sistemas planetários onde estes se encontram.

A partir das curvas de luz obtidas será também possível determinar as frequências de oscilação em algumas dessas estrelas.

Para além disso, os cientistas vão poder medir oscilações nas estrelas-mãe dos exoplanetas, com recurso a asterossismologia, uma área da astronomia que estuda o interior das estrelas através da atividade sísmica medida à superfície, fornecendo dados sobre a sua estrutura interna e a sua composição.

De acordo com o investigador do IA, Mário João Monteiro, também delegado do Comité do Programa Científico da ESA, esta é uma missão "ambiciosa", na qual se pretende fazer "um levantamento completo das estrelas na vizinhança do Sol".

Durante os próximos meses, segundo a nota informativa, a indústria europeia será convidada a apresentar propostas para a construção deste observatório espacial, a ser lançado em 2026 para o Ponto de Lagrange L2.

Os Pontos de Lagrange são, continua o comunicado, as cinco zonas entre dois quaisquer corpos, onde a força da gravidade de ambos se equilibra e, no caso da Terra e do Sol, são usados para manter sondas espaciais em órbitas estáveis, que acompanham sempre a translação da Terra.

A nova geração de missões espaciais ocupa "preferencialmente o L2, o ponto a 1,5 milhões de quilómetros atrás da Terra, no qual as sondas estão sempre viradas para o lado oposto ao Sol, garantindo assim observações ininterruptas 24 horas por dia", durante "365 dias por ano", acrescentou.

Com os dados recolhidos nesta missão, os cientistas pretendem ainda construir um catálogo com as características de exoplanetas confirmados, como o raio, a densidade, a composição, a atmosfera e em que estágio da sua evolução estão.

No total, esperam que o catálogo contenha informações sobre milhares de exoplanetas (incluindo gémeos da Terra), bem como as massas e idades precisas de mais de 85 mil estrelas e um milhão de curvas de luz de alta precisão, que ficarão à disposição da comunidade científica.

O PLATO, que até então estava na fase de projeto, vai passar agora à etapa de desenvolvimento, juntando-se a outras duas missões classe M (média) já adotadas, o Euclid (também com participação do IA), e o Solar Orbiter.

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