As redes sociais são “mais um instrumento de trabalho do que propriamente um meio de inspiração”, assume a ‘designer’ Katty Xiomara, questionada pela Lusa sobre o impacte das redes sociais nas suas criações.
Para a criadora portuguesa, que apresentou hoje no Portugal Fashion a coleção para o próximo outono/inverno 2017-2018, inspirada na floresta, as redes sociais influenciam mais na “forma de trabalhar”, sendo uma espécie de “veículo de trabalho”.
“As redes sociais estão para ser utilizadas e fazem parte da promoção do nosso trabalho e influenciam muito nesse sentido, de termos uma atenção diferente naquilo que fotografamos” e como “informamos as pessoas”, explica Katty Xiomara.
A verdadeira inspiração de Katty Xiomara não é, contudo, “procurada nas redes sociais”, mas antes na sua vida pessoal e nas experiências do quotidiano.
“É uma inspiração muito pessoal, muito minha, tem a ver com a minha infância, com a minha vida, com o que vai acontecendo, com o evoluir. Cada momento que se vai revelando novo acaba por ser um ponto de inspiração, provavelmente não direto, mas indireto”, acrescenta.
Para Anabela Baldaque a verdadeira inspiração é retirada dos 30 anos de sua carreira, e as tendências procura-as também nos tecidos e nas cores que escolhe, assim como em países longínquos, como está patente na coleção que apresentou hoje à tarde na Alfândega do Porto, e que se chama “Império dos Sentidos”, com todo o imaginário a remeter para o Nepal e Índia, com muitas lãs e pompons.
“O tecido é muitas vezes o ponto de partida e tento sempre que seja diferencial de outros criadores, portanto tem de ser um tecido muito particular e que tenha algo quase exclusivo”, explica.
A ‘designer’ verifica, todavia, que as redes sociais a ajudam a “promover o trabalho” e dar a “conhecer ao mundo mais rapidamente". "A moda também é energia que está a passar aqui e instantaneamente do outro lado do mundo”, comenta.
O jovem ‘designer’ Eduardo Amorim, 24 anos, que apresentou a sua coleção na quinta-feira transata, no espaço Bloom do Portugal Fashion, assume que as redes sociais “podem ser uma fonte de inspiração” e também são “ótimas para promover o trabalho”, todavia, no seu caso pessoal, Eduardo afirma que se inspira em “situações sociais” ou “problemas da atualidade”.
“Acho que a moda pode ser um reflexo da atual sociedade (...) e a forma como pensamos e a vivemos”, defende o jovem criador vencedor do concurso ACTE – RMI Moda Itália e um dos vencedores do concurso de novos criadores da plataforma Bloom, do Portugal Fashion em 2014.
Em janeiro deste ano, Eduardo Amorim participou pela primeira vez na edição Homem do certame White Milano, em formato ‘showroom’, e foi integrado na secção Wow que é responsável por divulgar os promissores talentos da moda europeia.
A ‘designer’ Tânia Nicole, 25 anos, que tem a marca Nycole, e também apresentou a sua coleção, de inspiração militar, nesta quinta-feira, durante a 14.ª edição do Bloom do Portugal Fashion, uma plataforma que se destina à divulgação e preparação de jovens em início de carreira, afirma que não é "grande fã das redes sociais"
"Uso para trabalho, porque hoje em dia tem de ser, porque quem não está nas redes sociais não existe”, sustenta.
Para Nicole, que ganhou o prémio de melhor coordenando feminino na 10.ª edição Acrobatic e 1.º lugar no concurso Europeu de Jovens Designers ACTE em Itália, as redes sociais servem para ir “buscar uma ou outra influência”, mas não são o seu “motor de busca”. A sua maior inspiração para as suas criações são as "imagens e fotografias dos livros".
O Portugal Fashion termina no próximo sábado, 25, dia em que estão agendados mais de dez desfiles.
O primeiro arranca pelas 12:00, com a apresentação da coleção do ‘designer’ Luís Buchinho, no edifício Silo Auto, na Baixa do Porto. O evento prossegue até às 23:30, no edifício da Alfândega do Porto, hora em que está agendada a apresentação da coleção de Miguel Vieira, denominada “Reflexos”.
O Portugal Fashion 2015-2017 é financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 - Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, com fundos provenientes da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e na lista de operações aprovadas pode ler-se que teve um “fundo total aprovado de oito milhões” para o triénio 2015/2017.
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