Nesta quinta-feira de regresso ao festival, o Hip Hop Hurricane foi o último concerto da noite no palco Sunset, tendo reunido Baco Exu do Blues, Rael, Rincon Sapiência e Agir, que cantaram ao som da Nova Orquestra do maestro Éder Paolozzi, misturando a música clássica e de rua.

“O hip hop está a fazer história esta noite”, afirmou Agir durante o concerto, onde cantou três músicas: o ‘hit’ “Parte-me o Pescoço”, “Nada” e “Estou Bem”.

O português tentou que o público brasileiro o “levasse a sério”, pedindo sempre para que levantassem as mãos ou pulassem, mas foi notório que o público não tinha tanta ligação com o cantor como com os nomes daquele país.

Aliás, em declarações à agência Lusa antes do concerto, Agir admitiu que as suas músicas poderiam não ser tão conhecidas pelos festivaleiros, mas mostrou esperança que “passem a ser” depois do concerto.

Já os ‘rappers’ brasileiros deram cartas desde o início, começando com o “Meu Bloco” do paulista Rincon Sapiência, que alcançou o sucesso depois de lançar o ‘single’ “Elegância”.

Em declarações à Lusa, Rincon Sapiência relevou que em breve irá lançar um novo álbum, mas na quinta-feira meteu o público a dançar com “Mundo Manicongo” e “Ponta de Lança”.

O baiano Baco Exu do Blues também foi reconhecido com “Te amo Disgraça”, mas foi o paulista Rael que mais conquistou o público com o reggae “Flor de Aruanda” e o samba “Envolvidão”.

Na última música todos cantaram e Rael optou por transmitir uma mensagem em relação à situação política que se vive atualmente no Brasil: “O hip hop ensinou-nos que se tivermos cultura, saúde e educação, para que é que precisamos de uma arma na mão?”.

Em conversa com a Lusa, antes do concerto, o rapper referiu que o país está “a viver um período sombrio, um momento de Governo ditatorial”, no entanto, lembrou que “foi o povo que quis”.

“Agora todos falam, mas já era. É um momento triste, mas eu acredito que toda a mudança às vezes tem que passar por uma coisa má. É como numa evolução pessoal, às vezes passamos por um período difícil e depois passa. Tenho a esperança que seja esse período da história que estamos a viver agora”, mencionou.

Esta foi uma semana em que os quatro músicos tiveram a oportunidade de “criar laços” e tanto Agir, como Rael e Rincon Sapiência não descartaram a hipótese de um futuro trabalho juntos.

“Espero bem que sim, estamos a tratar disso e obviamente que não posso confirmar nada já, mas o facto de proporcionarem estes dias para estarmos já todos juntos, mesmo que não se torne já num som, torna-se numa amizade e isso é muito fixe”, disse Agir.

Também o Rael admitiu que “é bem provável” que surja alguma parceria, porque destas conexões “surgem sempre outras coisas”, apesar de “não se saber quando”.