“La Bohème”, que o Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) apresentou pela primeira vez em 1897, é uma das mais populares óperas do italiano Puccini, porque é também uma das mais emotivas, afirmou o encenador à agência Lusa.

“Puccini consegue emocionar o público não só na ópera. A música desta ópera é usada no cinema, para muitas coisas, porque tem uma emoção imensa. Por isso é que é tão popular. É um canto à juventude, embora com uma tragédia”, disse, entre ensaios.

“La Bohème”, na versão de Emilio Sagi, assinala o regresso da ópera encenada aos palcos daquele teatro nacional, depois de dois anos de programação condicionada pela pandemia da covid-19.

As cinco récitas previstas para Lisboa, a partir de sexta-feira e até ao dia 19, são para colmatar a apresentação desta ópera que esteve agendada para 2020 e depois para 2021, acabando adiada para 2022. A direção musical é agora de Domenico Longo, substituindo a anteriormente anunciada direção musical por Andrea Sanguineti.

Na interpretação vai estar “um elenco maioritariamente português”, com Susana Gaspar (como Mimì, em duas récitas, com Natalia Tanasii nas restantes três), Christian Luján (Marcello), Bárbara Barradas (Musetta) e André Henriques (Colline).

A Orquestra Sinfónica Portuguesa será dirigida pelo maestro Antonio Pirolli, e o Coro do TNSC será conduzido pelo maestro Giampaolo Vessella, aos quais se junta o Coro dos Pequenos Cantores da Academia de Amadores de Música, sob a direção de Vítor Paiva.

A encenação de Emilio Sagi chega a Lisboa mais de duas décadas depois da estreia em Oviedo, Espanha, com uma narrativa em que o ambiente boémio de Paris de 1830 – do libreto original de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa – dá lugar a uma época efervescente e tumultuosa de Paris nos anos 1960.

“O que eu queria era aproximar a ópera das pessoas, que a emoção fosse quase cinematográfica. Queria [situar a história] um pouco antes de maio de 1968, quando a juventude não tem trabalho, [quando] estão um pouco perdidos”, explicou Emilio Sagi.

À Lusa, a soprano Susana Gaspar conta que a primeira vez que protagonizou esta ópera foi em 2010 e desde então interpretou sempre versões diferentes da personagem Mimì, numa história que “é muito real e intemporal”.

“À medida que o tempo passa, encontramos coisas novas no papel. De todas as vezes que fiz, todas as vezes foram diferentes”, disse, sublinhando a ocasião de voltar a fazer ópera no São Carlos, quase já sem pensar em pandemia da covid-19: “É o nosso teatro e é suposto fazermos as coisas desta maneira”.