“Eu li essa entrevista com uma profunda tristeza e uma grande consternação (…) O que eu ouvi foi 100% de falsidade e de propaganda. Foi 100% de crueldade e de cinismo”, disse Jean-Marc Ayrault, durante uma visita oficial a Pequim.
“A realidade são mais de 300.000 mortos, são 11 milhões de pessoas deslocadas ou refugiadas (…) é um país destruído. É a realidade. Não é uma fantasia”, acrescentou.
Numa entrevista à AFP, na quarta-feira, o Presidente sírio, Bashar al-Assad, acusou o Ocidente de ter “montado a história” do suposto ataque químico contra uma cidade rebelde síria para preparar o terreno para ataques dos EUA contra o seu exército.
Questionado sobre o alegado ataque químico à cidade de Khan Cheikhoun, cujas imagens das vítimas chocaram o mundo, Assad negou qualquer envolvimento, garantindo “que nenhuma ordem tinha sido dada” e que o regime de Damasco “não possui armas químicas”.
Esta posição é refutada quer pela Europa quer por Washington, que classificou o ataque contra Khan Cheikhoun como um crime de guerra.
“Para acabar com isto é preciso um cessar-fogo real, que acantone as forças aéreas e militares sírias, garantido pela comunidade internacional”, considerou hoje Jean-Marc Ayrault, após um encontro com o seu homólogo chinês Wang Yi.
O ministro francês apelou “à retomada de um processo político de negociação para uma transição no quadro da resolução da ONU 2254″.
“Não há outra maneira possível”, insistiu, antes de agradecer à China pela sua “posição prudente e independente” e pelo seu papel no Conselho de Segurança da ONU.
A Rússia vetou na quarta-feira um projeto de resolução do Conselho de Segurança, que exigia às autoridades sírias detalhes sobre as suas atividades militares no dia do ataque.
Em contrapartida, a China, que anteriormente se opôs a numerosos projetos de resoluções propondo sanções contra Damasco, desta vez absteve-se.
“Vamos trabalhar em conjunto com a França (…) para alcançar um cessar-fogo real e uma reconciliação eficaz”, disse Wang Yi, durante uma breve conferência de imprensa em que chegou de mãos dadas com o seu homólogo francês.
Quanto ao alegado ataque químico, Pequim continua a defender que seja “realizado o mais rapidamente possível um inquérito independente, justo e profissional para esclarecer este assunto”, acrescentou o ministro chinês.
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